sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ExCertos


«Estou de acordo que Portugal deveria, em tese, ter como Chefe de Estado um Rei. A tradição do país, que tem muito mais do que os últimos cento e cinco anos, assim o ditaria. (...) A Instituição Monárquica é a única que, longe das divisões partidárias, pode fazer a ligação entre o povo, o território e a identidade nacional (...)»

Fernando Carvalho

Imagens de Portugal

sábado, 22 de agosto de 2015

Poesia - Pequena Elegia de Setembro


Não sei como vieste,
mas deve haver um caminho
para regressar da morte.

Estás sentada no jardim,
as mãos no regaço cheias de doçura,
os olhos pousados nas últimas rosas
dos grandes e calmos dias de setembro.

Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,
Dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.

Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?

Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A república III de brandos costumes




«Muita coisa se tem escrito sobre o estado de apatia e apodrecimento do Governo. Tudo isso me parece excessivo e, de certa maneira, falso. (...) Portugal, está pura e simplesmente, desarrumado.»

Vasco Pulido Valente in Público

ExCertos



"País que segue sempre o mesmo caminho, vê sempre a mesma paisagem"


Paulo Melo Romeira, presidente do MRB                 

Apud Jorge Tavares @ DN

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Poesia

Marina de Ponta Delgada

Bosque de arvores seccas parecia
A grande Armada, a que o curso impede,
E entrado nella a velas estendidas,
Parece parco* de arvores floridas.


Brás Garcia Mascarenhas, Viriato Trágico, 1698



*parque

Estratégias portuguesas



 
@ Jeremy Black, European Warfare, 1494-1660



domingo, 16 de agosto de 2015

A imagem do estadista por Felipe González



«Memória, tenacidade, visão social para a igualdade de oportunidades, empatia, capacidade de comunicação, serenidade, habilidade na formação e boa gestão de grupos de trabalho, elevado potencial interpretativo. Escolher grupos de trabalho ultrapassando a tentação medíocre de selecionar pessoas que não lhe façam sombra, não sucumbir à vaidade de se julgar imprescindível, não encontrar desculpas na herança recibida, ter planos para os próximos dez anos - um projeto nacional -, com um compromisso decisivo e com respostas que possam ser identificadas pela generalidade das pessoas.» (adapt.)


Para os monárquicos mais novinhos




Imagens de Portugal (Estação)









quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Palavras importam e exportam ideias lindas - por um longo momento pensei que JPP iria candidatar-se à presidência, mas não, seria bom demais para que tal acontecesse nas presentes circunstâncias (tão mesquinhas para lutadores)


7.8.15

EU RADICAL ME CONFESSO




(Cartaz anónimo colocado nas ruas.)

Por entender que a liberdade é o mais precioso e frágil dos bens. 

Por entender que a liberdade quando se tem em plenitude não se dá por ela, quando se começa a perder os homens e as mulheres que a amam percebem-no de imediato: "Onde liberdade não há, abuso dela não pode haver.


A liberdade pertence a todos e exige a igualdade para se realizar: "O valor essencial da liberdade sem a igualdade torna-se aristocrático privilégio de uns quantos.


A liberdade não é uma dádiva, nem uma concessão: "Eu considero que uma liberdade dependente de poder discricionário do Governo não é uma verdadeira liberdade; fica à mercê do poder.


Entendo que a liberdade exige a possibilidade da propriedade: "Defendemos a propriedade privada, na medida em que impõe o respeito da pessoa." Mas não chega: "Em nome da mesma pessoa combatemos os abusos da propriedade, a concentração da riqueza, o domínio do poder económico.


Não há "crescimento" económico numa sociedade fora do contexto das liberdades: "Adoptando-se o modelo de desenvolvimento capitalista sem instituições democráticas, sem liberdade política, caminharemos para um despotismo violento que nem por ser dourado por melhores condições económicas deixará de ser menos insuportável.


Entendo que a independência e a soberania nacional são valores que permitem o exercício da liberdade efectiva dos portugueses. Entendo que "Portugal precisa de apoio internacional generalizado e merece-o. Esse apoio, venha de onde vier, tem de respeitar a nossa independência e uma rigorosa não ingerência nos nossos assuntos.


Entendo que o PSD não é um partido de direita, nem virado à direita, nem às claras, nem às escuras: "Nós, Partido Social Democrata, não temos qualquer afinidade com as forças de direita, nós não somos nem seremos nunca uma força de direita.


Repita -se: "Nós não somos nem seremos nunca uma força de direita." E mais: "Somos um partido de esquerda não marxista e continuaremos a sê-lo.


E mais ainda: "Somos socialistas porque somos sociais-democratas, mas somos socialistas sem subordinação a dogmas marxistas, muito menos leninistas, sem subordinação a dogmas de apropriação colectiva dos meios de produção.


O que significa que no plano programático e da acção "é indispensável conciliar o liberalismo político com o intervencionismo social e económico". 


O PSD não é em primeiro lugar, nem em último, um partido de empresas e empresários que olham para a Economia como se não existissem trabalhadores a não ser como um "custo": "O PPD nunca foi um partido de patrões (...) Desde o início tivemos adesão de larga camada de trabalhadores que se têm multiplicado na sua acção de implantação do partido.


Entendo que não há paz sem justiça social e não o contrário porque: "A paz engloba a justiça social." Sem ela toda a "estabilidade" é fictícia.


Também entendo que nos dias de hoje "A igualdade de oportunidades, independentemente dos meios de fortuna e da posição social, é cada vez mais um mito, designadamente em sectores como a saúde, a habitação e o ensino, onde tudo se degrada a um ritmo alucinante.


Entendo que o poder político se deve sobrepor ao poder económico e não o contrário: "O que há é que impor uma disciplina de actuação do poder económico e dos investimentos, para que ele seja feito com proveito de todos nós e não apenas para os detentores desse poder.


Não reduzo a sociedade e a política aos critérios de "eficiência" tecnocrática: "O desenvolvimento do económico e a aplicação crescente da técnica a todos os ramos geram a obsessão da eficiência.

Entendo que uma boa política social-democrática exige ao mesmo tempo um papel activo do Estado e o combate aos seus abusos. Reconheço a necessidade do investimento público: "O Estado deverá garantir suficiente capacidade humana, técnica e financeira para poder intervir como investidor, realizando projectos de grande dimensão em sectores estratégicos da actividade económica nacional. 


Sou contra o abuso fiscal: "É indispensável que o poder de compra seja também defendido pela redução dos impostos." 


Entendo que é vital haver uma reforma do Estado que não seja degradar serviços públicos e despedir funcionários ou baixar-lhes salário. "Nós vivemos num País de inutilidade pública, inutilidade pública que custa caríssimo e que afinal, agora, querem que continue a proliferar, obrigando os particulares a suportar todo o peso da crise económica.


Entendo por isso que "o que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for"

Se isto é ser, nos dias de hoje, radical, sou radical. 

Estou bem acompanhado no meu radicalismo visto que todas as frases entre aspas são de Francisco Sá Carneiro. 

São frases com principio, meio e fim. Com ideias, contexto e substância. Não são soundbites .

Como ele, não tenho feitio para vítima, por muitas campanhas que se façam. Como ele "nunca me senti tão sozinho e nunca tive tanta certeza de estar tão certo". Certo estava, sozinho é que não.



Versão da  .


(url)





Frases

João Vaz Corte-Real

João Vaz Corte-Real (c. 1420 em Faro † 1496 em Angra do Heroísmo) foi um navegador português do século XV ligado ao descobrimento da Terra Nova
Foi enviado em 1473 do rei Afonso de Portugal a Dinamarca, para participar numa expedição, encabeçada do navegador alemão Didrik Pining, para estabelecer e renovar antigas ligações da Dinamarca com Gronelândia
Corte-Real organizou ainda outras viagens que o terão levado até à costa da América do Norte, explorando desde as margens do Rio HudsonSão Lourenço até ao Canadá e Península do Labrador.
in wikipedia

Poesia



    «(...) o sol de todo
                    Nos mares se atufou (...)»

Alexandre Herculano, in «Semana Santa», VI, 4-5 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Unam-se pela Pátria


«Portugueses unam-se pela Pátria: sejamos fortes e mostremos ao mundo e àqueles que nos seguem atentamente com cobiça, que Portugal há-de renascer ainda, numa era de grandeza e prosperidade. Pensemos no País, sem outras ideias do que o que devemos ter sempre presente: Nascemos Portugueses, queremos reviver as glórias passadas, queremos levantar bem alto o nome de Portugal, queremos viver e morrer PORTUGUESES!»
                                                        SMR Dom Manuel II
por Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica

domingo, 9 de agosto de 2015

Falta à Democracia uma Instituição Fundamental


«(...) a única forma de garantir a isenção de uma instituição, fundamental para o funcionamento de qualquer Estado, é não ser eleita: A partir do momento em que é eleita, é por alguém: os partidos representam parte da população. Essa autofagia que temos na Constituição republicana é ainda pior porque o nosso chefe de Estado é eleito pelas mesmas pessoas que elegem o governo e, supostamente, devia ser um contraponto ao governo. Temos o caso de Cavaco Silva que é supostamente o Presidente de todos os portugueses, mas foi eleito por 23% do eleitorado. Ou seja, há 77% do eleitorado que não concorda.»
                                                                    Luís Lavradio

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O Mar na Poesia


Sibila o vento: os torreões de nuvens
Pesam nos densos ares:
Ruge ao largo a procela, e encurva as ondas
Pela extensão dos mares:
A imensa vaga ao longe vem correndo
Em seu terror envolta;
E, dentre as sombras, rápidas centelhas
A tempestade solta.
Do sol no ocaso um raio derradeiro,
Que, apenas fulge, morre,
Escapa à nuvem, que, apressada e espessa,
Para apagá-lo corre.
Tal nos afaga em sonhos a esperança,
Ao despontar do dia,
Mas, no acordar, lá vem a consciência
Dizer que ela mentia!

As ondas negro-azuis se conglobaram;
Serras tornadas são,
Contra as quais outras serras, que se arqueiam,
Bater, partir-se vão. (...)

Alexandre Herculano, «Tempestade» (excerto), 
escrito aquando da viagem à ilha Terceira, 1832

Frases


«A ignorância é inevitável, o que é evitável é o modo como se dizem as coisas.» MC


Frases (Mudança de Paradigma)


Judie Garland (Dorothy) in O Feiticeiro de Oz, MGM, 1939, 20m50-55s

Que regime queremos?


“Queremos um [regime] dramaticamente diferente: mais representativo, mais democrata e, que no cume desse regime, dessa estrutura política, esteja uma instituição que defende de uma forma independente e isenta, legitimada de uma forma diferente do próprio governo. Com estas características só mesmo a instituição monárquica. É o símbolo unitário da nação e que a representa de uma forma completamente diferente da posição de um chefe de Estado eleito: A nossa posição monárquica nada tem a ver com Cortes.” 

Luís Lavradio (da entrevista ao Jornal I)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Frases


«The moral maths of my character would it to prevent me of commit a murder even in the most illiterate states»

S.Holmes, Elementary, Episódio16, 3ª Série, 07m00s-07m06s

Arte afro-lusa em marfim

«This saltcellar is both an extraordinary example of skilled workmanship and an artifact that epitomizes a singularly important convergence of cultures. In the second half of the fifteenth century, Portuguese explorers and traders were impressed by the considerable talent of ivory carvers they encountered along the coast of West Africa.» in Net Museum

sábado, 1 de agosto de 2015

Mar na poesia portuguesa



(...) Eis manso e manso as nuvens se entumecem,
           Eis o líquido pêso
Rompe os enormes carregados bôjos,
Em torrentes sussurra e cai na terra.
Rebentam furacões, flamejam raios,
O estrondoso trovão no céu rebraa,
O Helesponto nas rochas ferve e ronca.
(...) Debalde o mar bramindo, o céu troando
           Teu ímpeto ameaçam: 
Ardem-te na alma os sôfregos desejos.
Fulgurante ilusão, dourando as trevas (...)
Nisto a procela horríssona recresce,
Tingem sombras do inferno os véus da noite
            Que o relâmpago retalha:
Braveja o mar, aos astros se remontam
Serras e serras da fervente espua;
Carrancudos tufões arrebatados
Dobrando a força, a raiva, lutam, berram
E revolvem do pélago as entranhas;
Rochedo imóvel, aferrado à terra
Rebate apenas o horroroso assalto. 
(...)


Manuel Maria Barbosa Bocage, Cantata de Hero a Leandro

Artigo Publicado no DN digital (Jornalismo do Cidadão)

Os mesmos atos não trarão resultado diferente


 Antes de ser esta uma crise financeira e económica, estamos ainda mais profundamente inseridos numa crise da sociedade em que vivemos e da política que praticamos. Importa explicitar com clareza que se encontram, perante as gerações presentes, opções políticas fundamentais. Todos convergimos que o problema fundamental, que nos tem preocupado a todos, é político.

É necessária uma democracia aprofundada, eficaz e credível, no que se refere à representação da nossa unidade histórica, no que se refere à construção de mais alternativas e de mais consensos e no que se refere ao pensamento estratégico (proporcionando a constante abertura de oportunidades de realização social, ambiental e económica).

Quando a economia tem um crescimento insuficiente e não gera perspetivas de desenvolvimento económico, social e humano ou, dito de outro modo, quando as pessoas não têm oportunidade de trabalhar de modo a constituir família, quando dificilmente estão garantidos recursos necessários às políticas sociais, quando já não há motivação que mobilize vontades, quando a evidência dos factos contradiz as expetativas, quando em vez de emergirem alternativas renovadoras o fatalismo é imposto pela inevitabilidade, então instala-se uma séria crise política, mais profunda e mais grave do que todas as outras.



Requer-se, pois, uma acentuada descontinuidade. Se continuarmos a elaborar pelos mesmos modos não poderemos esperar um resultado diferente. A regressão da qualidade de vida e a depressão social, motivadas pela diferença entre as expetativas de há algum tempo e a situação presente, devem-se sobretudo a condições institucionais que asseguram tais resultados. Para exemplificar o dito leiam-se as recomendações apresentadas ao Banco de Portugal pela Comissão de Avaliação às Decisões e à Atuação do Banco de Portugal na Supervisão do BES SA difundidas no passado dia 4 de Junho.

Estamos coletivamente conscientes de que os recentes problemas se deveram à história recente não aprendida. Refiro-me ao período ainda anterior a 2008. Outros já haviam sofrido os efeitos do crédito fácil e das contas de sumir, como o leste asiático no final da década de 90. Arrumar as finanças, restringir o crédito, transparência nas contas e nos subsídios a atribuir foi então, como sempre será, o remédio para essas, digamos, euforias.

Obviamente, depois da época da dívida vem a época de contenção e, em meio de um processo de contenção não se pode prometer um futuro radioso. Caso contrário, seria ainda mais difícil travar adequadamente a despesa. Todavia, se tem havido reformas, elas não contêm ainda nem o ajuste institucional para que sejam verdadeiramente estruturais, nem tão pouco há oportunidade de participarmos na mudança para a qualidade de vida, não apenas porque o consumo - em quantidade - sofreu uma brusca retração, mas devido à necessidade efetiva e acentuada de mudança cultural.

Estamos, pois, num período que apela a uma profunda inovação. Estamos numa época de transição, para uma sociedade e uma economia diferentes, mas ainda sem um modo político e consoante com as aprendizagens feitas. E sem uma mudança vigorosa na nossa democracia, nada mais poderemos alcançar. Ficará o futuro condenado a ser uma repetição do que tem sido.

Vivemos em sociedades abertas, interdependentes, pluralistas e complexas, onde a previsibilidade é menor. Mas, além disto, se esta variada confluência cultural contribui para diminuir a pertença comunitária, então à democracia interessa a reestruturação necessária para coincidir nesta nova realidade.


Se as instituições entram em conflitos irreparáveis, então apresenta-se-nos um vazio de onde tem emergido descontentamento, descrédito e abstenção. Assim sendo, a forma democrática requer uma alteração de modo a que a representatividade nacional, e especialmente a representação do todo nacional, se reveja numa cultura democrática pluralista e numa instituição suficientemente abrangente, independente economicamente e independente das oscilações partidárias.
 
 

Não existindo, felizmente, lugar nesta complexa sociedade contemporânea para uma hegemonia de algum grupo social, a Instituição Real é, para a maior multiplicidade social e cultural, a melhor coesão. Entendo que as grandes transformações são aquelas que operam por incorporação e não por exclusão. A estas gerações presentes no início do século XXI caber-lhes-á a importante decisão sobre o modo político que representa Portugal como um todo, que mais garantias tem dado de desenvolvimento humano e de equilíbrio de poderes, pois é uma mesa permanente de conversação, a voz do consenso democrático e dos objetivos comuns à democracia. Grandes transformações procedem por incorporação e não por exclusão.

Pedro Furtado Correia

pmmsfc@gmail.com
 
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx


Selos que o tempo não devora

Selo constante na doação de Tomar aos Templários por D. Afonso Henriques