quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Artes

A.Gonçalves


Meu fiel caderno,
Materno seio e feitura,
De razões plena escritura
Onde inscrevo, fio e pinto,
Mundo, gente, forma,
E o fervente desejo inquieto
Que dá mor força ao pensamento
Por enganos, desconcerto, adivinha,
Curso de longa aspereza
Em roda de circular cruz.
                                                PC

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Imagens de Portugal


«Não é facilmente visível. Para a encontrar, tem de se saber o que se procura. É uma extraordinária varanda construída numa fase adiantada das Capelas que virão a ficar "Imperfeitas". Os seus autores serão Miguel Arruda e João Castilho, arquitectos do mosteiro nos anos 1530 e 1540. A varanda (tribuna ou janela), recheada de imagens e símbolos de difícil interpretação, fica ofuscada pelo portal manuelino sobre o qual se encontra. A distância que nos separa dela ajuda a passar desapercebida. Mas é uma obra inesquecível. Além das personagens cimeiras, quimeras e seres híbridos, temos, na base das três colunas, o rei D João III ladeado por um africano e um índio! As esculturas, de autor desconhecido, terão sido feitas a partir de modelo, o que era raro e, no caso do rei, inédito até essa altura. Na verdade, são retratos. Aquelas duas personagens no mesmo nível e com quase a mesma dignidade do rei deixam-nos a meditar na nossa história.»                           

                                                           Texto e Fotografia de António Barreto
Que é feito dos homens livres do meu país? Estão assim tão dependentes da simpatia partidária, dos empregos públicos, das notícias administradas gota a gota, dos financiamentos, dos subsídios, das bolsas de estudo e das autorizações que preferem calar-se?” 
                                  António Barreto in Observador, Macroscópio, e DN

terça-feira, 11 de julho de 2017

Análise da Situação Política

Pieter Brueghel o Velho - The triumph of death (excerto)



É consensual que os nossos problemas decisivos têm sido políticos:

  • De organização (a mais antiga e eficaz das tecnologias humanas),
  • De consenso (porque não existe uma mesa onde a conversação possa convergir em vez de sempre divergir),

  • Insistimos em práticas que não se demonstram fecundas,

  • Não procurando propostas fundamentadas (ausentando a Academia nos processos de decisão).

Uma transformação económica exige uma profunda transformação política.


Se têm sido continuamente solicitadas à sociedade mudanças de comportamento, adaptações e sacrifícios, também a sociedade encontra necessidade de mudança na política.

Se havemos de passar a um novo patamar económico, político e cultural, são imprescindíveis a continuidade estratégica, a monitorização dos programas em realização, os consensos sobre objetivos comuns à democracia e o reforço da credibilidade do Estado.

A política decorre na livre contenda de interesses e opiniões. Os conflitos expressam-se na discussão democrática. O nosso modo de viver é plural. Mas tampouco é o atual pluralismo político e cultural do País que, por si só, espontaneamente, fabricará a eficácia política que unanimemente reconhecemos fundamental e requeremos.

Mas sem uma mudança política, assertiva, clara e definidora, por resposta vigorosa e democrática, nada mais poderemos alcançar.

(Continua)

sábado, 8 de julho de 2017

Imagens de Portugal


(...) Tão de repente,
Realidade, tu poisaste o teu pé
Nas pegadas do mar, disseste
águas, exorbitaste dos olhos,
e repetiste: lágrimas. Chamaste
a coroa das palavras, o nome
de todas as palavras, neste lugar:
a língua, no tempo de Portugal. (...)

Fiama Hasse Paes Brandão, 
«Teoria da Realidade. Tratando-a por tu» (excerto) 
in Cenas Vivas, Lisboa, Relógio D'Água, 2000 (1997)

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Análise da Situação Política



As crises ou problemas sociais, económicas e financeiros que se nos antepõem são, em primeiro lugar, problemas da organização da sociedade em que vivemos e da política que praticamos.

A abertura da nossa economia não é explicação para os problemas que hoje enfrentamos. Sabemos que o modo como foram geridas as relações do Estado com suas várias parcerias e as irresponsabilidades da Banca estão no centro do descalabro financeiro, dos problemas económicos e da retração da expetativa dos portugueses.

O nosso percurso social e económico foi constituído de alguns poucos anos de entusiasmo e por muitos de preocupação.

Porém, recuso atribuir atrasos e percalços a problemas de índole social ou nacional.

Mas falta adequação pedagógica e falta consistência nas políticas de prevenção.

Sabemos que colhemos o fruto da falta de estratégias orçamentais a longo prazo.

É preciso voltar a pôr questões políticas essenciais. (Continua)

domingo, 2 de julho de 2017

Leituras



«O estudo das formas do passado ajuda, sem dúvida, a compreender o funcionamento da complexa realidade em ue estamos inseridos e a tomar consciência dos limites dentro dos quais é possível alguma mutação ou mesmo a elaborar estratégias adequadas para transformar num sentido positivo uma realidade cultural, social ou económica que já não corresponde às necessidades do mundo actual.»

in José Mattoso, Identificação de um País, Vol I, Ed.Estampa, 1985, pág 25.


terça-feira, 27 de junho de 2017

Imagens de Portugal


«Son imagination venait de se révéler avec l'instinct de la variété, du mouvement, de l'espace. Il rêve le sort agité de [Fernão Mendes] Pinto (...).»

Charles Nodier (académie française), "Notice sur Goldsmith" in Oliver Goldsmith (1728-1774),  L'Ensigne du Pot Cassé, Paris, 1947 (1ªed française), págs.10-11. 

domingo, 25 de junho de 2017

Frases



«(...) la faveur [de l'opinion publique] est naturellement du cotê des hommes [et des femmes] qui paraissent avoir fait à leur conscience le sacrifice de leurs intérêts.» in Benjamin Constant, Du Pouvoir royal dans les monarchies constitutionnelles, 1817.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Frases


A justiça é o fiel da igualdade
in FRLobo, Cortes na Aldeia, Diál.VII, 1619


quarta-feira, 14 de junho de 2017

Leituras

B.Constant

(...) tandis que les uns s'attachent obstinément à un passé qui ne peut renaître, les autres compromettent l'avenir par des aspirations et des utopies irréalisables.

Charles Louandre, Avertissement Sur Cette Édition in Ouevres Politiques de Benjamin Constant, Charpentier et Cie, Librairies-Éditeurs, 1874.

Gerar o fator grandeza (desde 2013)


Haverá que gerar o fator grandeza que não existe na maioria da mentalidade portuguesa. (Vide J.M.LopesPires e A.C.Rebelo Duarte, Cadernos Navais, 44, 2013)

Alterações Climáticas e A Nova Economia


«The United Nations predicts that the U.S. will lose jobs in the rapidly 
growing clean energy industry ― estimated to be worth $6 trillion by 2030 
― to Europe, India and China. Countries that tax emissions may put tariffs 
on American-made imports. And big companies that expect the U.S. will 
have to regulate carbon eventually are likely to see ditching the deal as 
only delaying the inevitable, while also sowing the sort of instability that 
investors don’t like.
Trump’s decision also defies the desires of many major corporate and fossil
fuel interests. Oil giants including Exxon Mobil Corp. and Royal Dutch Shell 
pleaded with the administration to stay in the deal, as did coal producers 
and corporate behemoths such as Walmart, General Mills and DuPont, 
all of which operate internationally.» @

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Eventos

 

Inscrições: Até ao dia 23 de Junho para o email da Real Associação ou através dos contactos telefónicos: 917158396 ou 965056478

Eventos

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Leituras: Energia Nuclear: Uma opção para Portugal?




O País encontra-se numa encruzilhada histórica e dramática. Ou encontra competitividade no seu sistema produtivo, ou estará condenado a prosseguir nas próximas décadas o plano inclinado para um endividamento e empobrecimento crescentes.

A energia, como factor na base de toda a actividade económica, terá que ser ela própria capaz de ser exportável, e de contribuir para a capacidade exportadora do tecido produtivo nacional. O cluster eólico, devido aos limites técnicos na injecção na rede, deveria ser reorientado para a exportação.

A energia nuclear é hoje a energia mais procurada para substituir as formas convencionais de geração eléctrica de forma competitiva, segura e sem emissões significativas de GEE’s (mesmo nos Países do Médio-Oriente). A sua introdução em Portugal é condição indispensável e incontornável, no estado actual da tecnologia de energia, para reganhar competitividade.

Pedro de Sampaio Nunes, «Energia Nuclear: Uma opção para Portugal?», Sociedade de Geografia de Lisboa, 24 de Novembro de 2009

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Carr é também fonte da atualidade política nacional (consciente ou não)




«If we speak of freedom, we do not mean a rugged individualism which excludes social organization and economic planning. If we speak of equality, we do not mean a political equality nullified by social and economic privilege. If we speak of economic reconstruction we think less of maximum production (through this too will be required) than of equitable distribution».

Carr by Jonathan Haslam @ The Vices of Integrity, pp. 84–85

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Leituras: «Serviço ao poder ou o poder ao serviço?»



Serviço ao poder ou o poder ao serviço? Patrocinato e governos partidários em Portugal. 

O patrocinato tem sido consderado uma importante dimensão do modelo de governos partidários. Contudo, a conceção convencional da utilização do patrocinato remete para a distribuição de cargos na administração pública a ocorrer para efeitos de recompensa por serviços prestados ao partido no governo. Esta perspetiva não é inteiramente satisfatória. A crescente complexificação e fragmentação dos processos de governação, juntamente com o poder das estruturas administrativas no processo de políticas públicas pode impelir os governos partidários a procurarem novas formas de controlar a máquina administrativa do Estado. Este trabalho procura, através da análise de entrevistas de elites, demonstrar a emergência de um valor instrumental das nomeações, com estas a serem utilizadas (também) para reforçar o controlo político e reduzir os riscos associados ao processo de delegação.

Patrícia Silva & Carlos Jalali, «Serviço ao poder ou o poder ao serviço? Patrocinato e governos partidários em Portugal», Análise Social, 220, li (3.º), 2016, 630-656.

domingo, 28 de maio de 2017

Falta uma «teoria da mudança» suficientemente consensualizada para que as mudanças económicas e financeiras possam ser estáveis e fundamentadas

Necessária uma instituição para o longo prazo


Casa Real Portuguesa


«The study of long-term patterns of technological change economic cycles begin with the emergence of new technologies and infrastructures that promise great wealth; these then fuel frenzies of speculative investment, with dramatic rises in stock and other prices. During these phases finance is in the ascendant and laissez faire policies become the norm. The booms are then followed by dramatic crashes, whether in 1797, 1847, 1893, 1929 or 2008. After these crashes, and periods of turmoil, the potential of the new technologies and infrastructures is eventually realised, but only once new institutions come into being which are better aligned with the characteristics of the new economy.» @


Precisamos de uma instuição que permita uma mesa para estabelecer objetivos comuns à democracia em projetos de médio e longo prazo.

Consideremos o passado e algumas das políticas que obtiveram sucesso. Todas elas usufruíram de continuidade, guindando-nos aos melhores lugares na comparação internacional. É o caso dos cuidados materno-infantis, é o caso das infra-estruturas de comunicação, viária e digital, é o caso da investigação científica e tecnológica, é o caso do tratamento da toxicodependência.

É necessário intensificar, investir mais, em pensamento estratégico, mas sem uma instituição apropriada, longe dos conflitos partidários e eleitorais, não poderemos conseguir a coesão, determinação e força política para democraticamente decidirmos em conjunto sobre os consensos de longo prazo que são urgentes.



Artes

pormenor G.Bolonha - Rapto das Sabinas


O desejo, ardente ânsia
Incessante não se aquieta
E se refaz como respira.
Sempre afirma e certifica
Sua fortuna como vera e bela.
Coubesse na vida breve,
Pudesse enganar a morte
Como na vida tanto desengana.
Mas sem largueza, paz e vista
Logo procura já imaginando
Outro calor que tudo lhe confirme.
O sedento sonho corre
Como nuvens no ar consentidas.
Negar desejo é vã refrega,
Esse camaleão muda de si, cor e sonho
Mas não muda nunca o querer,
Dar, mandar e receber sem sossego,
Vogando escurecido por inquieto.
Que forma, que lei, que costume,
Que engano enganado aprume?

PC

sábado, 20 de maio de 2017

Frases


«A Justiça é o fiel da igualdade»
apud Francisco R. Lobo in Corte na Aldeia, diál.VII

Imagens de Portugal



“Para festas Milão, para amores Lusitânia” 
                                 M. Cervantes

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Imagens de Portugal


Ce fait historique n'était pas entièrement inconnu, mais j'ose affirmer que de nos jours personne se s'en était clairement rendu compte. J'en ai fait d'ailleurs l'essai et j'ai posé la question àdes collègues et à des amis, en la précisant et en léxplicant à peu prés ainsi: "Selon vous, a-t-il existé une langue mondiale avant le français? Cést-a-dire une langue par laquelle on pouvait se faire comprendre un peu partout en Afrique, en Asie et en Amérique, et pas seulement dans quelques colonies?" Eh bien, personne nést arrivé au portugais; quelques-uns ontmentioné l'éspagnol; peut-être ma définition de "langue employée dans la plus grande parie du monde" a-t-elle confondu mes interlocuteurs. Et quand même, comme je vous le montrerai, vous avons des preuves que le portugais - et non l'espagnol - a été la langue de communication par excelence aussi bien aux Antilles que sur les côtes de la Chine par exemple - la "língua franca portugaise", comme l'appelait dans la 1re moitié du XVIIIe siècle le voyageur allemand Otto Mentzel, pour l'opposer à la língua franca méditerranéenne. Mentzel avait passé une huitaine d'anées au Cap, probablement de 1733 à 1741; c´etait le grand adversaire de Peter Kolbe, son compatriote et un autre témoin important. Mais il sont d'accord sur l'ubiquité du portugais dans la colonie du Cap et aux Indes Orientales.
[Na continuação deste estudo, os exemplos citados  provam a presença do português nos lugares mais remotos e distantes do globo, língua de comunicação mesmo entre os vários estrangeiros e em locais de tão dispersas regiões.]

M. F. Valkhoff in «L'importance du portugais comme langue mondiale avant le français», Miscelânea Luso-Africana, Colectânea de Estudos Coligidos, JICU, Lisboa, 1975, p.74-75 e sgs.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Frases


«[Além de] (...) Macedónia e Roma, poucas vezes um povo partindo de tão pouco alcançou (...) um tão claro direito a ser tido por "grande".» 
Edurado Lourenço, O Labirínto da Saudade, Círculo de Leitores, Lisboa, 1988, pág. 17. 

domingo, 14 de maio de 2017

Artes


Allfons


Sucedem as vagas arfando arredondadas
Aparecidas, entornadas e dadas,
Nunca cessando de revolver
Misteriosa levedura no forno

Terrível estremece a tormenta
Geme e rompe a existência,
Que visão comprometedora
O espesso céu em que o mundo ferve.
               
                            PC


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Haja Memória



«In this century of storm and tragedy, I contemplate with high satisfaction the constant factor of the interwoven and upward progress of our peoples. Our comradeship and our brotherhood in war were unexampled. 
We stood together, and because of that fact the free world now stands. Nor has our partnership any exclusive nature; the Atlantic community is a dream that can well be fulfilled to the detriment of none and to the enduring benefit and honour of the great democracies
                                                  W.Churchill

Pensando a estratégia portuária do País

António José Monteiro

É necessário despertar «(...) para as vantagens de implementar uma estratégia portuária adequada no quadro de uma economia (...) global. Orientado inicialmente pelo desígnio de “continentalização”, decorrente da necessidade de convergência e relacionamento com o espaço europeu, [o País] acabou aí por se descobrir periférico e, desse modo, frágil e sem escala. Oxalá ainda haja tempo de atenuar a nossa condição periférica, perspectivando-a no espaço atlântico onde recupera centralidade.»  
                                                                  in Jornal da Economia do Mar

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Evento


A Real Associação de Lisboa celebrará o seu XXVIII Aniversário no próximo dia 20 de Maio de 2017. Haverá uma visita ao renovado Palácio de Queluz, guiada pelo Senhor Professor Helder Carita. Segue-se um almoço em Sintra presidido por S.A.R. o Senhor Dom Duarte e um passeio no tradicional elétrico até à Praia das Maçãs.

As inscrições estão abertas até dia 15 de Maio directamente na nossa sede: Praça Luís de Camões, 46 2º Dto | 1200-243 Lisboa (de segunda-feira a quinta-feira, das 15:00 às 18:00), pelo endereço electrónico secretariado@reallisboa.pt ou pelo telefone: 213428115 no horário de atendimento. 

domingo, 30 de abril de 2017

Em Memória



Faleceu o Pe Joaquim Carreira das Neves, franciscano, um dos mais importantes estudiosos bíblicos em Portugal e no mundo. Apesar do seu conhecimento científico e erudição também conseguia comunicar com o grande público pela clareza com que abordou os assuntos. Tive o privilégio de assistir (sem ser oficialmente seu aluno) a algumas de suas aulas. A sua energia e profundidade, o seu espírito de detetive cientista, de exigência e elevação científica aplicada ao campo teológico, abriu entusiasmo aos que tinham interesse pelo espírito científico sem desmerecer a fé cristã.

Foi autor de diversas obras científicas e literárias. Entre os seus livros destaco “Jesus de Nazaré, Quem és tu?”, uma obra na qual a abordagem científica propicia a revelação teológica central ao cristianismo. Espero que esteja a ser traduzido em muitas línguas. É uma obra em que a  ciência Hermenêutica linguísta e cultural e a ciência Histórica entram em par para iluminar a teologia cristã, conferindo assim uma mensagem de universalidade - mesmo além do contexto cristão. Uma obra bem portuguesa com certeza! 

Bem haja Pe Carreira das Neves. Obrigado pelo seu contributo pessoal, cultural e humano!

quarta-feira, 19 de abril de 2017