quarta-feira, 18 de junho de 2014

Controvérsia, 10 anos depois


I
 
«(…) the modern era can also be seen as the Western era [começada há pouco mais de quinhentos anos com a renascença italiana e as navegações oceânicas portuguesas]. All the great movements which defined the modern era originated in Europe (…). Similarly, the post-modern era (…) originated in Europe (particulary in France) [Maio de 68]. (…) The West great enemy today is the contemporary version of Enlightenment (…). Because of is universalist pretensions and illusions, its adherents have made the peoples of the West undiscriminating about other cultures and unconfident about their own. (…) The protagonists of the contemporary version of Enlightenment may think that they will create a global and universal civilization, both abroad and at home, but the evidence is accumulating that they have insted opened the doors to the barbarians (…).

 
 James Kurth, Western Civilization, Our Tradition, 2004

 II
 

O plano nacional das sociedades contemporâneas, na sua correção dos horizontes de possibilidade e de limite, requer uma mesa de conversação das partes representativas, numa perspetiva de participação, necessariamente sem domínio absoluto por parte de uma tendência, seja ela de cariz conservadora ou progressista. Se utilizarmos a imagem do caminho diríamos que é sinuoso, ou como um tronco retorcido de árvore, ou como uma figura a compôr que não pode ser esclarecida de uma vez por todas, nem é um processo que englobe histórica e paulatinamente todas as partes numa massa homogénea, numa síntese ulterior às partes prévias à composição. Esta configuração social pós-moderna traduz permanentemente a exigência da conversação, participação e clarificação dos valores partilhados e dos objetivos comuns.

As formas políticas democráticas contribuiram para esta possibilidade e se resiste à tentação de reduzir a complexidade numa equação simples, o que, sendo cientificamente correto, socialmente é improdutivo e sempre produziu mais males que benefícios. Depois da luta contra o totalitarismo de direita e de esquerda ainda a democracia portuguesa não possui o dispositivo institucional para dar perspetiva, corpo e voz a esse plano de coesão necessário à complexidade cultural contemporânea.
PFC, 18-20 de Junho 2014