(…) [A] União Europeia vive
mal com a opinião dissidente e é forte a tentação de se impor aos ditames
populares, escolhendo vias obscuras para ultrapassar o que se pensam ser
dificuldades momentâneas, como aconteceu no Tratado Constitucional em
referendos e a posterior aprovação de um tratado em muitos aspetos idêntico sem
consulta popular. (…) Por mais que se procurem as diferenças, vinga a perceção,
tanto no espaço europeu como nacional, que nada de essencial distingue (…) [as]
famílias políticas, que da alternância não surge uma real alternativa. Muitos não votam nas
eleições europeias, porque consideram que o seu voto não pode mudar as
políticas, perante uma capacidade limitada, senão nula, de influenciar as
decisões europeias.
Álvaro Vaconcelos
Apud Público, quarta-feira, 28 de Maio, 2014, p.53Ex-Diretor do Institute for Security Studies (Paris)