Pedro Jorge Alves |
Desde
que, pelo sucesso obtido na enorme provação da crise de 1383-85, Portugal saiu de
uma das maiores crises europeias com a sua independência reforçada, com uma
nova elite forjada nos ardentes campos de batalha, teve como consequência a
transformação do País numa potência marítima que iria transformar o
cristianismo numa religião universal e abriria, pioneiro, as rotas da
globalização europeia, implicou uma diferenciação na estrutura do Estado. A
aliança entre uma monarquia apetrechada de recursos e visão estratégica, e uma
sociedade organizada em concelhos cuja lealdade tinha sido posta à prova nas
Cortes e na guerra, foram as bases para que Portugal, durante mais de um século
tivesse desempenhado uma função histórica universal. Com isso, o país
transformou a sua localização na periferia europeia numa mola para se tornar em
centralidade à escala global” (1). Hoje, neste mundo multipolar, Portugal pode
ser considerado central na realização, com antecipação, de uma política
solidamente democrática e participativa, pela intensificação no desenvolvimento
humano, pela sustentabilidade nas suas várias dimensões, defesa, agrícola,
fiscal e ambiental, pelo seu potencial crítico, pela sua capacidade tecnológica
e científica efetivamente aplicada (já exporta mais tecnologia do que importa), e com uma maior mobilidade social pelo
incentivo ao empreendedorismo jovem, mas a partir das freguesias, vilas e cidades,
como capitais produtivas de um diverso conglomerado industrial.
(1)
Adaptação de um excerto de Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, 2014.