sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Revisões

Pedro Jorge Alves
Desde que, pelo sucesso obtido na enorme provação da crise de 1383-85, Portugal saiu de uma das maiores crises europeias com a sua independência reforçada, com uma nova elite forjada nos ardentes campos de batalha, teve como consequência a transformação do País numa potência marítima que iria transformar o cristianismo numa religião universal e abriria, pioneiro, as rotas da globalização europeia, implicou uma diferenciação na estrutura do Estado. A aliança entre uma monarquia apetrechada de recursos e visão estratégica, e uma sociedade organizada em concelhos cuja lealdade tinha sido posta à prova nas Cortes e na guerra, foram as bases para que Portugal, durante mais de um século tivesse desempenhado uma função histórica universal. Com isso, o país transformou a sua localização na periferia europeia numa mola para se tornar em centralidade à escala global” (1). Hoje, neste mundo multipolar, Portugal pode ser considerado central na realização, com antecipação, de uma política solidamente democrática e participativa, pela intensificação no desenvolvimento humano, pela sustentabilidade nas suas várias dimensões, defesa, agrícola, fiscal e ambiental, pelo seu potencial crítico, pela sua capacidade tecnológica e científica efetivamente aplicada (já exporta mais tecnologia do que importa), e com uma maior mobilidade social pelo incentivo ao empreendedorismo jovem, mas a partir das freguesias, vilas e cidades, como capitais produtivas de um diverso conglomerado industrial.
(1) Adaptação de um excerto de Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, 2014.