(...)
Espumoso como um vinho singular,
Salgado e azul,
Só bebido por náufragos
E nascituros
Da terra, a olhar-te,
Embebedam-se os olhos
Dos poetas.
Mas excedes, também, os versos do seu canto.
Oceano, oceano, oceano,
Grita do céu uma gaivota inquieta.
Desamparada, a asa do finito
Mede, aterrada, as léguas de infinito...
Miguel Torga, «Mar» in Diário IX, 1963