Estamos
coletivamente conscientes que os recentes problemas devem-se à
história recente não aprendida. Refiro-me ao período ainda
anterior a 2008. Outros já haviam sofrido os efeitos do crédito
fácil e das contas de sumir, como o leste asiático no final da
década de 90. Arrumar as finanças, restringir o crédito,
transparência nas contas e nos subsídios a atribuir foi então,
como sempre será, o remédio para essas, digamos, euforias.
Obviamente, à época da dívida vem a época de contenção e, em
meio de um processo de contenção não se pode prometer um futuro
radioso, caso contrário, seria ainda mais difícil travar
adequadamente essa despesa. Todavia, se têm havido reformas, elas
não contêm ainda nem o ajuste institucional para que sejam
verdadeiramente estruturais, nem tampouco há oportunidade de
participarmos na mudança para a qualidade de vida, não apenas
porque o consumo, a quantidade, sofreu uma brusca retração, mas
devido à necessidade efetiva e acentuada de mudança cultural.
Estamos, pois, num período que apela a uma profunda inovação.
Estamos numa época de transição, para uma sociedade e uma economia
diferentes, mas ainda sem um modo político e consoante com as
aprendizagens havidas. E, sem uma mudança vigorosa na nossa
democracia, nada mais poderemos alcançar. Ficará o futuro condenado
a ser uma repetição do que tem sido.