Paulo Serra Lopes |
A CPLP está na sua plena maturidade e deve apontar para objectivos estratégicos mais ambiciosos e conquistar o seu justo lugar na cena geo-política mundial. Deve ser um organismo de peso internacional e não meramente uma associação dos países da lusofonia.
O posicionamento geográfico dos países da CPLP, a sua distribuição por todos os continentes, mas ainda mais relevante a sua distribuição por todos os Oceanos permite uma influência estratégica e um domínio de uma área de Mar que é das maiores do planeta.
O espaço lusófono tem vindo a consolidar presença e relevância no mundo. A criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa representou bem esta ideia de aproximação de Estados independentes com um fim em comum.
As duas décadas de desenvolvimento desta organização e a comemoração neste ano dos seus 20 anos reforçam a ideia da sua criação e legitimam a que se dê um passo maior no protagonismo mundial da CPLP. Está chegada a hora de reclamar nas instâncias internacionais uma competência maior que agrega os países da CPLP para além da lusofonia.
E esta competência é o domínio de uma extensíssima área marítima, porventura uma das maiores do mundo, permitindo assim estender este desígnio do Mar que Portugal tem assumido a uma nova dimensão, a dimensão da lusofonia. Este posicionamento estratégico deve ser encorajado por Portugal e tornar o universo dos países da lusofonia também o universo privilegiado da Economia Azul.
Marcando presença nos vários continentes, da Europa à África, da América à Ásia, o aprofundamento desta relação com o Mar representa ganhos para todos os participantes e uma visibilidade crescente da sua actuação em todas as organizações que têm capacidade de ajudar a talhar para o futuro da Humanidade, a sua relação com os Oceanos.
Será nos Oceanos que o Homem encontrará o seu futuro desenvolvimento e a sustentabilidade que será necessária para a crescente população mundial, que por coincidência terá no Universo da lusofonia, com destaque para o Brasil, uma das maiores taxas de crescimento populacional. Também vários países como o minúsculo Luxemburgo, têm uma crescente população de origem portuguesa, o que fará prever novas potenciais adesões ao universo lusófono da CPLP.
A língua portuguesa é já uma das mais faladas do planeta – e com presença em todos os continentes, agora tenderá a crescer também nos Oceanos.
Portugal foi fundador e é a sede da CPLP. É a única organização internacional transcontinental com sede no nosso país e que agora poderá ser a melhor forma de fazer crescer o prestígio de Portugal e da comunidade lusófona no Mundo. Devemos assim, acarinhar mais a organização e demonstrar o nosso respeito pelo papel que esta pode desempenhar na nossa afirmação na Economia Azul.
As responsabilidades que temos nesta organização é factor necessário e suficiente para que a CPLP tenha condições de dar o salto para uma dimensão maior que consolide o seu estatuto, que lhe confira o reconhecimento internacional enquanto potência de reconhecida história e potencial futuro na exploração dos Oceanos.
É este o desafio do futuro que deveria ser o mote da comemoração do seu vigésimo aniversário: a conquista do seu justo papel nos Oceanos.
Oceanos estes que nos unem, que foram responsáveis pelos descobrimentos, que foram a forma de constituição desta comunidade unida pela língua e agora também pelo Mar.
A comunidade internacional tem de olhar para a CPLP como muito mais que uma mera associação dos Estados que a compõem pela sua língua mas também pelo seu potencial desígnio comum: o Mar.
É tempo da CPLP ser reconhecida por novos valores e impor-se em outros domínios para se criar uma nova era de oportunidades para os seus Estados, para os povos que os constituem e para o futuro da Humanidade. in JEM