domingo, 28 de maio de 2017

Artes

pormenor G.Bolonha - Rapto das Sabinas


O desejo, ardente ânsia
Incessante não se aquieta
E se refaz como respira.
Sempre afirma e certifica
Sua fortuna como vera e bela.
Coubesse na vida breve,
Pudesse enganar a morte
Como na vida tanto desengana.
Mas sem largueza, paz e vista
Logo procura já imaginando
Outro calor que tudo lhe confirme.
O sedento sonho corre
Como nuvens no ar consentidas.
Negar desejo é vã refrega,
Esse camaleão muda de si, cor e sonho
Mas não muda nunca o querer,
Dar, mandar e receber sem sossego,
Vogando escurecido por inquieto.
Que forma, que lei, que costume,
Que engano enganado aprume?

PC