É
o vento que me leva.
O
vento lusitano.
É
este sopro humano
Universal
Que
enfuna a inquietação de Portugal.
É
esta fúria de loucura mansa
Que
tudo alcança
Sem
alcançar.
Que
vai de céu em céu,
De
mar em mar,
Até
nunca chegar.
É
esta tentação de me encontrar
Mais
rico de amargura
Nas
pausas da ventura....
De
me procurar...
Miguel
Torga, «Viagem»
in Diário,
Alfragide,
D. Quixote, 2010-2011
(1973)