sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Monarquia? Para quê?




Assegurar a eficácia a objetivos políticos comuns à democracia requer um diálogo que considero inadiável. Usufruindo nós de liberdade e democracia, falta-nos ainda o ajuste institucional, o concerto devido à experiência política das últimas décadas e perante o futuro. Pois, não é somente por dispositivos técnicos, económicos ou financeiros, mas é também por diferença institucional que nos dinamizaremos positivamente.

O comparável em outras sociedades, até em algumas sociedades com executivos tendencialmente de esquerda moderada, mas sem corrupção... e que são monárquicas também, quanto ao desenvolvimento humano (literacia, empregabilidade, boas práticas de saúde, etc) dão que pensar…

São esses os países monárquicos da Europa em que melhor se vive! Segundo organizações internacionais completamente credíveis (ONU e muitas outras), todas, elencam os países monárquicos como os que têm a melhor qualidade de vida na Europa. 
 
Já me perguntaram com algum tom irónico,...como se o que digo atrás não fosse claro para todos os que vivem neste planeta e sabem ler relatórios e gráficos (nada herméticos… tudo claro como água limpa), e que consecutivamente, ano após ano, dão sempre o mesmo resultado às monarquias europeias...já me perguntaram, dizia, ironicamente, e percebo a ironia aqui como um olhar para o dedo que aponta a árvore para não querer ver a árvore… perguntaram-me, dizia, assim: «Então e a Espanha?» E perguntam assim porque, ou não deverão conhecer suficientemente bem Espanha ou apenas para defender com a ironia salgada um republicanismo obviamente decadente, tão decadente que ainda mata a democracia, e por todo o mundo. 

A Espanha não pode servir aqui de exemplo porque a disparidade de qualidade de vida é tão grande em suas tantíssimas regiões autónomas que, no seu todo, não pode servir de comparação. Se isto não é honesto intelectualmente solicito que me digam o que é ser honesto intelectualmente, só podemos comparar o comparável. É claro que a Espanha naqueles relatórios que mencionei é uma exceção ao comparado... Mas considerem-se as Regiões espanholas mais desenvolvidas socialmente e chegamos à mesma conclusão. 

A Espanha é tão grande e tão diferente dentro de si que não podemos compará-la, naqueles moldes dos inquéritos que dão lugar aos tais relatórios, como um todo. Esta minha preocupação epistemológica, para usar um termo erudito, e sem pedir desculpas por o usar, tem a haver com o rigor de nossos argumentos monárquicos, que têm de ser completamente honestos intelectualmente, como em todas as outras dimensões, sem golpes baixos como vemos por aí! Continuo a apelar para uma maior elevação de nossos debates pela monarquia e, em geral, no País!

Mas também, e sobretudo, pela aprendizagem de nossa história recente, recente repito, desde 1820... afirmo que poderemos estabilizar a democracia com maior equilíbrio de poderes e com uma instituição económica independente e sem fação, que vive num prolongamento temporal igual ao do Povo, fora da conflitualidade e do descrédito em que o conflito permanentemente insultuoso se traduz. Enfim, poderemos renovar, ampliar e desenvolver a democracia com uma mesa (ou carlinga, termo de navegação que significa o lugar onde o mastro penetra) para a conversação permanente, para atingir e afinar os objetivos comuns à sociedade e à democracia portuguesa.

Poderíamos estabilizar a democracia com maior equilíbrio de poderes e com uma instituição e o dinheiro não pode comprar, sem medo, independente e sem historial de fação partidária.