Gonçalo Magalhães Collaço, “Do Mar. Em Exaltação de Portugal”, Edições Revista de Marinha, Dezembro 2019, 205 págs.
Preço: 16,00€ ( IVA incluído ) + 3,5 € de Portes de Correio.
Ganharão uma assinatura GRÁTIS por um ano da Revista de Marinha (sem custos de envio).
Encomenda pelo email:
redacao@revistademarinha.com
Ou telefone: 919 964 738
ENN – Editora Náutica Nacional, Lda.
Apartado 14054
1064-842 Lisboa
Apartado 14054
1064-842 Lisboa
Da
Nação Marítima que Somos para Ser
O
Mar, um dos nossos maiores activos geopolíticos e geoestratégicos,
e maior recurso económico, terá de ser assim entendido para ser a
realização mais importante para o País. Todavia, as políticas que
têm o Mar como perspectiva estão longe de haver desenvolvido o seu
potencial social, político, económico e estratégico para o País.
Acender
a «consciência de si» em Portugal enquanto Nação Marítima, está
em directa proporção com o potencial interpretativo requerido para
nos conduzir a uma maior soberania, isto é, a uma maior liberdade. A
política com pouca consciência desta Nação Marítima vogará
apenas.
A
Nação Marítima «que é, e é para ser» Portugal, requer uma
«transmutação de visão e atitude». É para uma convolação,
para uma alteração qualitativa no modo de pensar Portugal pelo Mar
que esta obra nos convoca. E não há, a partir desta exposição,
qualquer tipo de escusa para não colocar na vanguarda das políticas
as várias vertentes de intervenção necessárias e que ficam
claramente explícitas e explicadas nesta obra.
Salienta-se
a importância da cultura estratégica, especialmente oportuna para
considerar a compreensão do Mar como Desígnio
Nacional.
Uma perspectiva que começa a ser elaborada desde 2004 com o
Relatório
da Comissão Estratégica dos Oceanos,
a seguir, em
2009, com o Hypercluster
da Economia do Mar
de Ernâni Lopes, e ainda depois com a Estratégia
Nacional para o Mar
2013/2010, além desta preocupação haver continuado a ser
sublinhada pela Directiva Estratégica EMGFA 2018-2021.
Porém,
deixou-se entretanto politicamente de sermos plenamente actuantes,
quanto mais actantes, protagonistas, para o qual esta obra apresenta
variadíssimas disposições nesse sentido. A cultura estratégica,
que inclui a prospectiva, tem estado, à evidência, ausente da
cultura política, pois as atenções não se têm aplicado ao grau
de interesse manifesto pelo discurso dos Executivos. Todavia, esta é
uma situação, a ausência de cultura estratégica, que Graham
Allison (Destined
for War:
2017), do Belfer Center for Science and International Affairs,
Harvard, refere várias vezes com assombro, indicando inclusivamente
departamentos que teriam de ter essa cultura e essa preocupação
como central. Não podemos afirmar, pois, que seja este um problema
português. Mas, por isto, mais premente se torna que não nos
atrasemos, mas antes nos adiantemos no diálogo europeu e
internacional e mais contribuamos.
A
nossa tradição marítima afirma-nos como mestres de um Pensamento
Marítimo, global, olhando para o mundo como ele veio a ser, cultural
e politicamente, científica e empiristicamente, reconfiguradores da
interconectividade europeia e mundial. Não tenhamos, pois, quaisquer
reservas em pensar o Mar no interesse estratégico do País que,
nunca poderá ser alheio aos interesses de uma estratégia global. Já
assim fomos, e somos, e temos de ser, enquanto sempre tivemos e temos
o Mar como nosso limite mais longo e profundo.
A
profundidade temporal desta obra, pelas referências que expõe,
exibindo conexões que persistem, numa Europa de poderes, senão
conflituantes sempre com objectivos específicos diferenciados, são
bastantes para proporcionar homogeneidade a uma Estratégia
Portuguesa para o Mar; especialmente indicando o que não pode ser
continuado em apatia ou disfunção política e salientando a
relevante função de todos os sectores em criar valor neste sentido.
Os constrangimentos financeiros impostos foram ultrapassados de
formas criativas em várias intervenções, com as PPP’s ou com
unidades de gestão semi-privadas, como é o caso mais recente da
Florestugal, e o mesmo pode acontecer para superar o constrangimento
dos 2% do PIB atribuídos às Forças Armadas, ideias há muito
expostas pelo saudoso General Loureiro dos Santos. Algo de facto se
realizou neste sentido, mas a continuidade dessa acção quase
estacionou, e, como ficará a relação com a Tyssen relativamente à
activação de nosso potencial para a manutenção de várias classes
de submarinos em Portugal ainda está para se ver... Não podemos por
falta de imaginação, não quero pensar em inacção, ficarmos por
enunciados optimistas sem abranger de fundo a projecção que o Mar
nos propicia, interna e externamente.
Sem
que se assuma e se evidencie, esta obra produz os bons resultados que
a metodologia da História
Aplicada
tem proporcionado (...) (a recenção continua na Revista de Marinha)