Sendo hoje em dia o chefe da casa real, quais são as suas
actividades?
O que nós pretendemos é servir Portugal, como diria o meu
pai. Trabalho na direcção da Fundação D. Manuel II e, actualmente, as
actividades em Portugal já não são muitas, com excepção de algumas obras de
solidariedade. O nosso grande empenho é com os países da comunidade de língua
portuguesa (CPLP). Os povos sentem-se esquecidos por Portugal. E quando sabem
que há portugueses que vão lá, nem que seja como turistas, ficam muito
satisfeitos.
Nasceu a 15 de Maio de 1945 na Suíça, no exílio. Veio novo
para Portugal?
Vim mais cedo que os meus pais. Vim para Serpins, na Lousã,
onde fiquei em casa da tia Filipa, que já tinha podido regressar antes. Aprendi
a nadar no rio Ceira, com os filhos da moleira, e aprendi a caçar.
Ficou com ligações à sua terra natal? Regressa com alguma
frequência?
Infelizmente, muito pouco, mas tenho uma grande admiração.
Considero que é o único regime republicano verdadeiramente democrático e que
assume essa grande preocupação democrática. Em certa medida, a Suíça podia
servir de modelo para a União Europeia. É um modelo de um país bem governado.
Não tem nacionalidade suíça?
Podia ter tido, mas os meus pais nunca quiseram. Mas agora
já tenho tripla nacionalidade. Também a brasileira.
Portuguesa, timorense e brasileira?
Sim. Tenho passaporte diplomático timorense que me foi dado
o ano passado; votaram por unanimidade a atribuição da nacionalidade timorense.
A minha mãe era brasileira e perguntei a uns amigos do governo se achavam que
eu podia obter a nacionalidade, apesar de não residir lá. Dilma Rousseff
concordou. O motivo, segundo me foi dito, foi que o primeiro brasileiro foi D.
Pedro I do Brasil, quarto avô da minha mãe. Antes havia os portugueses que
viviam no Brasil, as nações índias, guaranis, tamoios, etc. Concederam-me
nacionalidade a mim, aos meus filhos, à minha mulher e aos meus irmãos.
Regressa a Portugal com seis anos. Como foram os primeiros
anos?
Primeiro em Serpins, perto da Lousã. Depois, quando os meus
pais voltaram, fomos viver para Coimbrões, uma casa muito simpática que foi
emprestada pela D. Maria Borges, da família dos vinhos Borges, e passámos lá
anos muito agradáveis. Os meus irmãos e eu fomos à escola primária local.
Depois fomos para o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e posteriormente os
meus pais acharam que o ensino era melhor no Colégio Nuno Álvares em Santo Tirso,
colégio dos jesuítas. Curiosamente, o meu sogro também estudou lá.
Cruzou-se com o presidente do FC Porto, Pinto da Costa? Ou
com o social-democrata Eurico de Melo?
Cruzaram-se com o meu sogro.
O que recorda com mais intensidade desses anos?
Era um pouco maçador ser um colégio interno, mas tinha
muitas compensações. O ensino era muito bom, o ambiente simpático. Não era
muito bom do ponto de vista desportivo. Havia ginástica, claro, e futebol. E
nunca gostei de futebol. Começámos a introduzir outros desportos, o râguebi, e
achei mais divertido.
Qual era o seu desporto favorito?
Gostava muito de patinagem em patins de rodas. Ainda hoje
acho que é um desporto interessantíssimo e acho uma pena estar um pouco
desprezado.
Sabia andar?
Sabia e ainda hoje ando. Nunca mais se esquece, é como andar
de bicicleta. Também sempre fui bom em corridas de longa distância, porque
tenho umas pernas muito compridas. Aprendi a montar antes de ir para o colégio,
com o mestre Nuno de Oliveira, um dos grandes professores de equitação
clássica.
Ainda hoje monta?
Gosto de montar. Mas não como desporto, como passeio. Gosto
de montar no Brasil porque os cavalos brasileiros são muito mais confortáveis.
Não fazem o trote. Passam do passo para o galope. Em Portugal não tenho tido
muito tempo.
O curso de Agronomia em Lisboa veio depois?
Estudei no Instituto Superior de Agronomia, mas entrei para
a Força Aérea no último ano e não cheguei a acabar o curso. Queria ser piloto
da Força Aérea e havia um limite de idade, e pensei em acabar o curso depois.
Quando saí das Forças Armadas, depois de Angola, achei mais interessante fazer
um curso na Universidade de Genebra, no Instituto de Estudos do Desenvolvimento,
que na altura se chamava Instituto de Estudos Africanos. Tive professores muito
bons, como Jean Zigler, e fiquei conhecedor da história e dos problemas
económicos em África. Conheci lá dirigentes responsáveis do MPLA, FRELIMO. Na
primeira aula perguntavam aos alunos porque tinham querido vir para este curso
e eu respondi que admirava muito os países africanos. Quando me perguntaram o
que estive a fazer em África, disse que estive na Força Aérea: o horror geral.
Lá fui dizendo que fiz o meu papel tal como eles tinham feito o deles.
Acreditava no futuro desses países com democracia e liberdade mas, tanto quanto
possível, ligados a Portugal.
O que fazia exactamente na Força Aérea?
Pilotava sobretudo helicópteros, mas também aviões mais
pequenos, de observação. Mas a minha formação foi de piloto de helicóptero.
Sobretudo transportava feridos, fazia evacuações e outros transportes.
Muitas horas de voo? Muitas missões?
Bastantes. Entretanto, o ministro da Defesa na altura, já no
tempo do governo de Marcelo Caetano, mandou uma ordem confidencial que me
proibia de voar. Foi um dos poucos que no parlamento votou contra o fim da lei
que nos impunha o exílio, quando era deputado da União Nacional. E por
preocupação republicana de que a Força Aérea me desse algum prestígio,
proibiu-me de voar. O comandante da base onde estava, Negage, disse que não
sabia o que se passava. O meu pai protestou junto do governo e combinei que
iria fazer uma acção com a população civil. Tinha uma moto checa, uma Jawa, que
comprei em Angola, e um Volkswagen. Conforme as estradas, num ou noutro ia
visitar as aldeias africanas, conversar com o chefe da aldeia, com o professor,
onde ficava às vezes durante a noite. Durante quase um ano dei a volta toda ao
norte e sul de Angola. Fiquei a conhecer o país profundamente. De repente, em
Lisboa, ficaram muito preocupados e deram ordens para regressar.
Estamos a falar de que ano?
Creio que 1970. Saí da Força Aérea e voltei a Angola, e
continuei o trabalho que estava a fazer com um projecto político na altura das
eleições para a Assembleia Nacional. Criámos um movimento eleitoral com
angolanos negros e brancos, de todas as origens, protestantes, católicos e até
pessoas próximas da UNITA. Tínhamos muitas possibilidades de ganhar os lugares
de deputados por Angola. O prof. Marcelo Caetano tomou conhecimento e
expulsou-me de Angola em 1972.
Assinou uma ordem?
Não sei se assinou uma ordem. O director-geral da DGS
(ex-PIDE) falou comigo e disse que tinha de sair de Angola naquele próprio dia.
Perguntei os motivos e disse que não sabia. Que eram ordens de Lisboa.
Perguntei se tinha a ver com o que estava a fazer e respondeu que até era
positivo, que iam mostrar ao mundo que, afinal, havia liberdade política em
Angola e que os angolanos não queriam a independência. Isto porque a nossa
lista defendia a democracia, liberdade, justiça social, direitos iguais para os
territórios ultramarinos em relação ao território português, mas defendíamos
que Angola não estava preparada para a independência. No fundo, criar uma
espécie de Commonwealth lusófona, com progressivamente mais autonomia, era o
projecto desta lista.
O que lhe disse Marcelo Caetano?
Marcelo Caetano convidou-me e começou por explicar que tinha
havido um equívoco e que não era uma expulsão, mas que tive de sair de Angola
por razões de segurança pessoal... ficou muito aborrecido, zangado, falou em
forças vivas, que achava inadmissível o que estava a fazer. Depois das
independências, depois de 1974, encontrei pessoas próximas que me disseram que
Caetano estava a organizar a independência em Angola e Moçambique em
colaboração com os Estados Unidos e África do Sul. E, portanto, o meu projecto
estava a estragar este plano.
Na altura do 25 de Abril creio que fez um comunicado a
apoiar o Movimento das Forças Armadas.
Estava em Timor um pouco antes e no dia 25 estava no
Vietname a convite do presidente do parlamento. Foi ele mesmo que me disse “a
sua revolução ganhou”. Falou-me no general Spínola, Galvão de Melo, Santos e
Castro, pessoas conhecidas, amigas. Referiu que estavam todos na nova junta,
por isso “a minha revolução” tinha ganho. Fiquei satisfeito com os generais,
gente séria, honesta e patriota, e mandei logo um telegrama de parabéns. E
achei que era finalmente a revolução democrática.
Depois foi um pouco diferente? Como viveu esses tempos
conturbados até Novembro de 1975?
Nunca dormia em casa. Dormia sempre em casas de amigos.
Porque o COPCON (Comando Operacional do Continente) ia buscar as pessoas a casa
à noite.
O meu escritório foi assaltado pelo COPCON. Foi complicado.
Por outro lado, os meus amigos da Força Aérea iam-me dando notícias.
Nunca pensou num novo exílio?
De todo. Tinha esperança que mudasse e até comprei a casa de
Sintra. Não estava a ver um país na Europa, apoiado pelos Estados Unidos, com a
população a favor das liberdades, dos direitos, da propriedade, com uma
percentagem de católicos elevadíssima.
Alguns anos mais tarde, em 1995, casou com Isabel Herédia.
Como a conheceu?
Sou amigo da Isabel desde que ela tinha seis anos.
Encontrei-a em Angola, os pais estavam lá a trabalhar, o pai como engenheiro na
Força Aérea. Nessa altura ensinei-a a nadar. Ficámos sempre muito amigos. A
família teve de ir para o Brasil e foram muito acolhidos por primos e amigos
meus no Brasil. Na altura, ia praticamente todos os anos ao Brasil e acabava
quase sempre em casa deles, em São Paulo. Fomos mantendo esta relação de
amizade até que, a dada altura, chegámos à conclusão de que havia coisas mais
interessantes a fazer do que sermos só amigos. Perguntei se ela tinha pensado
na possibilidade de casar comigo e pediu-me para pensar. Nunca mais dizia nada
e convenci-me de que não queria, mas não queria dizer para não ser
desagradável. Apanhei um susto.
Quanto tempo passou?
Seis ou sete meses. Fui ao Brasil e ela tinha de dar uma
resposta, não podia continuar assim. Ela disse que eu nunca mais lhe
perguntava. Estava à espera que lhe perguntasse. Mas quando a pedi em casamento
foi em Santiago de Compostela. Tínhamos feito uma peregrinação e à saída da
Basílica perguntei--lhe. E ela dizia que tinha de pensar. Seis meses depois, no
Brasil, finalmente deu a resposta. Houve umas questões engraçadas, mas são mais
do âmbito familiar.
Disse que comprou a sua casa em Sintra?
Foi comprada por mim, foi a minha “conquista
revolucionária”. Em 74/75 havia casas boas e eu comprei uma em Sintra por um
preço justo e razoável. As casas de família, as únicas, são no Chiado e fazem
parte do testamento da rainha Dona Amélia, minha madrinha.
Tem hobbies?
Gosto de aprender, mas quando termino acabo por não
praticar. Quando era novo tirei o brevê de planadores, mas depois não continuei
a voar. Uma vez ou outra voo na base aérea de Sintra, mas pouco. Não tenho
essas paixões. O meu filho Afonso é apaixonado pela pesca e agora ficou
apaixonado pela caça também. Cacei, pesquei e de vez em quando estou com ele e
também pesco, mas mais pela companhia. Não tenho propriamente hobbies. Tento
fazer actividades físicas o mais possível para me manter em forma, desde a
ginástica no Ténis Clube do Estoril. Ando bastante de bicicleta, se possível
com os filhos. Tenho necessidade de me manter ao nível dos meus filhos, mas à
medida que os anos passam vai ficando mais difícil, porque eles progridem, e
nós não tanto assim. Também me ocupo da minha horta de Sintra, onde temos quase
todos os legumes que se consomem em casa.
Vê televisão? Vê séries como, por exemplo, “A Guerra dos
Tronos”?
Vi uma vez. Engraçada, mas não creio que valha a pena perder
tempo com isso. Gosto de ver coisas onde aprendo. Como o Discovery, o National
Geographic. Gosto imenso de ver as culturas e paisagens doutras regiões.
Procuro bons filmes. Procuro na internet e depois compro-os, mando-os vir por
correio.
Por exemplo?
Há filmes que são praticamente boicotados em Portugal. Houve
um que considero de altíssima qualidade que em inglês se chama “For Greater
Glory”.
É a história da grande revolta católica no México, em 1926,
contra um governo que decidiu fechar as igrejas, e em que os mexicanos, durante
mais de um ano, dois anos, controlaram metade do país, e o governo acabou por
negociar com a população um acordo. Um filme que não conhecia, “King Maker”,
que é como os portugueses salvaram a independência da Tailândia. Gostei do
“Rien a declarer”, passado na fronteira franco--belga. Achei óptimo “A Gaiola
Dourada”, que tenho oferecido aos meus primos no estrangeiro. Há filmes
portugueses bons, mas os cineastas portugueses têm a mania de ser
intelectualmente muito correctos e não se interessam muito pela opinião do
público.
Gosta de música?
Gosto de todos os géneros desde que seja boa. Encontro
música boa e música muito maçadora, inútil. Há música contemporânea popular
muitíssimo boa e há outra que é simplesmente barulho e ruído, e não tem nenhuma
qualidade estética.
Se tivesse de escolher…
A vantagem da música clássica é que já foi esquecida há
muito tempo. A que sobreviveu até hoje é porque realmente é muito boa. É por
isso que há tão poucos músicos clássicos. Os antigos continuam a ser tocados ainda
hoje.
A música clássica mais antiga baseia-se nos ritmos do nosso
cérebro e, por isso, dinamiza e melhora o nosso pensamento, o raciocínio. Todos
os cientistas estão de acordo que na música clássica há um efeito fantástico
sobre o nosso cérebro.
O seu filho Afonso já tem 18 anos. Considera-o preparado
para assumir uma responsabilidade histórica e familiar?
Está preocupado com isso. Gosta muito de participar nas
diferentes actividades mas, ao mesmo tempo, insisto com ele que a preocupação
dele não é essa. Agora é ser o mais bem preparado academicamente, escolher o
curso de que verdadeiramente ele gosta e que possa ser-lhe útil na prática, e
os irmãos a mesma coisa. A grande paixão do Afonso sempre foi a biologia
marinha. Agora interessa--se por plantas medicinais e compra livros sobre a
matéria. Por outro lado, acha mais útil para o futuro ciências políticas. Agora
está um pouco dividido entre biologia e política.
Em Portugal?
Preferia que fosse cá. Tenho medo de que perca os contactos
com os amigos e depois porque as boas universidades no estrangeiro são muito
caras. Passou dois anos num colégio em Inglaterra e fizeram-lhe muito bem em
todos os aspectos mas, realmente, foi uma facada no orçamento familiar.
E se um dos seus filhos fosse republicano?
Apesar de não concordar, mas acho graça, houve alguém que
disse que se pode ser republicano e inteligente e republicano e honesto, mas
era muito difícil ser as três coisas ao mesmo tempo. Um republicano que discuta
inteligentemente, sem preconceitos, comparando os países com repúblicas e
monarquias, acaba por concordar que os países monárquicos funcionam, melhor. O
dr. João Soares diz isso e não é o único.
Não corre, por isso, o risco de ter um republicano em casa.
Não, mas se tivesse pensava que seria uma questão de
oposição aos pais. Respeito, mas não é muito lógico ou inteligente, ou então
teria sido algum erro na nossa educação. Dito isto, conheço e tenho muitos
amigos republicanos convictos e sinceros que têm bons argumentos. Houve um que
me disse concordar que as monarquias funcionam melhor que as repúblicas, mas
ainda achava que um dia podia ser Presidente da República, o que para mim é o
melhor argumento de todos. Teoricamente, o facto de todos poderem ser
Presidentes da República é um símbolo de igualdade e democracia, mas na prática
não acontece. Na prática precisa de apoio de partidos, muito dinheiro, os
melhores publicistas brasileiros. Se não tiver isso, pode ser óptimo mas não
ganha.
Também é a minha posição. Um governo republicano e uma
chefia de Estado monárquica é uma boa combinação.
Se tivesse de aconselhar o governo sobre as políticas de
austeridade, o que diria?
Os meus conhecimentos de economia são dos livros que leio de
economistas sérios em todo o mundo e, precisamente por causa disso, fui contra
a entrada de Portugal no euro. Todos os economistas sérios diziam que Portugal
não estava em condições de ter como moeda o “marco alemão”. Infelizmente, na
altura, quase ninguém estava de acordo comigo.
Portugal devia regressar ao escudo?
Se podemos ou não regressar a uma moeda nacional, é outra
história. Hoje há opiniões muito diversas e aparentemente bem fundamentadas, e
não sei dizer qual seria a melhor solução. Admito que as duas opções têm a sua
razão de ser. A terceira opção seria um grupo de países da União Europeia
saírem do euro em conjunto e terem uma moeda multinacional. Há uma alternativa
muito interessante que não sei se é viável: é ter uma moeda dos países da CPLP.
Poderia ser uma ideia interessante. Há muito mais solidariedade e empatia entre
os países da CPLP que entre os países da União Europeia. A UE é uma união de
interesses, enquanto a CPLP é uma união de afectos. Ainda sobre a crise, acho
que o governo não pode viver abusivamente à custa dos cidadãos. A obrigação do
governo é diminuir os seus custos e tentar cobrar aquilo que é justo, mas sem
estrangular a capacidade económica das empresas e das famílias. Aí, a oposição
tem razão quando diz que se as famílias têm menos rendimentos, também gastam
menos no país.
Como podíamos alterar o estado das coisas?
Todos nós devíamos tomar muito mais cuidado e preferir os
produtos nacionais. Desde o automóvel fabricado em Portugal até à comida,
roupa. Era a nossa melhor contribuição contra a crise.
E as mentalidades?
A base de todos os problemas portugueses é a falta de
raciocínio lógico, que não é ensinado no sistema escolar. O sistema ensina a
decorar aquilo que vem nos livros e a responder como um papagaio amestrado. Nos
países de formação anglo--americana têm mais sistemas em que privilegiam o
raciocínio, a compreensão, o esforço, muito mais do que as respostas dadas nos
testes. É a grande evolução que temos de fazer.
Augusto Freitas de Sousa, 28/05/2015Fotografia © Bruno Simões Castanheira