"À
Academia das Ciências de Lisboa confiou o rei o acompanhamento da sua
institucionalização e a instalação nas suas dependências. Ao longo de meio
século, Curso e Academia apoiaram-se na organização do ensino das Humanidades,
recrutaram professores que se dedicaram ao ensino, com eles exerceram ação
moderadora e crítica, modelando a estrutura do Curso às exigências científicas
de disciplinas que iam reequacionando os seus conteúdos numa sociedade em
mudança, criavam ritmos de trabalho e se abriam a inovações. Curso e Academia
ousaram levar perante os poderes políticos propostas de renovação de estruturas
e indicações de aproveitamento social. Quando em 1911 foi reformado o Ensino
Superior, as Faculdades de Letras tinham atrás uma experiência a que se ater.
Tudo porque houve uma vontade que rompeu com inércias e lançou novos rumos no
Ensino Superior Português – a vontade do rei D. Pedro V. Por boas razões, a
Faculdade de Letras de Lisboa o tem como seu patrono: ostenta a sua figura em
lugar de honra, na Sala Nobre da Faculdade e apresenta uma estátua sua no
jardim de entrada. Por distração de alguém, está ela ausente do painel de
entrada: talvez porque aí se indicam os mitos e se esqueceram os ritos de
passagem com os seus patronos de origem (D. Dinis e D. Pedro). Infelizmente,
têm faltado atos regulares que sirvam para homenagear o patrono e que, em rito
consentâneo, afirmem e consolidem o direito à diferença no estatuto genuíno das
Letras (…)."
Aires A. Nascimento in Estudo das Letras, Caminho para a Sabedoria: Evocação do 150º Aniversário da Fundação do Curso de Letras de Lisboa por D. Pedro V
Aires A. Nascimento in Estudo das Letras, Caminho para a Sabedoria: Evocação do 150º Aniversário da Fundação do Curso de Letras de Lisboa por D. Pedro V