A veneração do 25 de Abril reduz os dois anos mais complexos e
conturbados da nossa história contemporânea a uma data, e a uma ideia. É
pena, diminui a importância de uma série de acontecimentos cujo
conhecimento e análise revelam muitos dos fundamentos e fragilidades do
nosso actual regime. Para qualquer democracia que procura aperfeiçoar a
transparência e a representatividade do seu sistema político, que preza a
liberdade e o progresso do seu povo, essa análise seria um imperativo. O
jornalismo militante, a censura e indoutrinação desavergonhada nas
salas de aula, a conivência na nossa justiça e a obsessão pela
manutenção do status quo indicam o contrário. Esta cegueira
colectiva denota uma estranha necessidade de autolegitimação 40 anos
depois do golpe de Estado. Ela limita a nossa capacidade crítica perante
uma profunda crise sistémica, cada vez mais alarmante, relegando os
interesses da Nação para segundo plano.
Segundo o relatório anual do “Economist Intelligence Unit” há
apenas 25 países que funcionam em plena democracia. Portugal não é um
deles.
O Índice de Democracia publicado pelo EIU sustenta e reforça o
comentário de Jack Lang, político francês, republicano, de que as
monarquias constitucionais são os páises mais democráticos da Europa. O
nosso regime está caduco, está na altura de olharmos para outras
alternativas. A bem da liberdade e da democracia.
por Luis Lavradio, 40 anos depois, em 25.04.14