As
dificuldades de gestão colocadas após a revolução, devido às
incertezas da conjuntura política, que foi cumulativamente
convergente com o choque petrolífero de então, comprimiram a
atuação económica. Foram precisos cerca de dez anos, após a
revolução de Abril de 1974 para se devolver alguma perspectiva
realista ao sistema económico. Entretanto, a produtividade cresceu
pouco, e quando trabalhámos mais horas foi em setores que
produziram menores fluxos positivos. Nesse período, de 1985 a 1990,
se comparativamente o PIB cresceu pouco, 10%, a produtividade cresceu
ainda menos 5%. Ou seja, as atividades económicas não deslocaram
fortemente o seu padrão competitivo, devido à competição se
exercer por via dos salários baixos e aplicadas em atividades de
baixa tecnologia. A desvalorização do escudo ia favorecendo a
manutenção e o crescimento desse tipo de atividades. Mas, com a
valorização do escudo, sobretudo a partir de 1990, a produção de
bens transacionáveis caiu. As transferências do exterior para as
infraestruturas e para a reconversão de algumas atividades
tardaram em produzir algum do efeito desejado, o estímulo à
produção de qualidade carecia ainda de competências para nos
alavancar suficientemente a um modelo de desenvolvimento com maior
pendor tecnológico, à exceção dos vários cadinhos de excelência
e dos cestos da gávea que sempre houve no País. Temos procurado
inverter a situação, mas a lentidão está hoje bem patente no
preço que continuamos atualmente a pagar.
Ficam
claras várias precauções, por um lado, sobre cálculos demasiado
otimistas acerca da espontaneidade dos desenvolvimentos, sociais e
económicos e, por outro lado, fazer despesa não resultará por si
só em benefício duradouro nem é certo que sem incentivos as
sociedades ganhem impulsos modernizadores.
Quando
se tornar claro que o País adota estavelmente, sustentadamente, um
programa de diminuição da despesa, quando se tornar claro que o
País abre amplas vias de realização económica e intensifica o
pensamento estratégico, quando a sustentabilidade fiscal tornar
possível debelar os constrangimentos sociais (desemprego e
envelhecimento), e, sobretudo, quando se tornar clara uma
estabilidade política que assegure tal processo, então, e só
então, os nossos esforços não terão sido em vão.