(…)
[Uso] o termo “patriotismo” num sentido vago de um sentimento
comum de partilha a uma mesma comunidade com identidade histórica e
nacional, linguística, cultural, territorial, que define
fronteiras e interesses comuns e que pressupõe que esses interesses
têm que ser defendidos num quadro de competição ou conflitualidade
com outros interesses. É o sentimento de risco permanente, logo de
defesa activa, dos interesses de uma comunidade nacional, que é o
elemento dinâmico daquilo que se possa chamar patriotismo. (…) A
chave deste processo de abandono da noção de Pátria (…)
[acompanha] a evolução do “internacionalismo”
clássico da tradição comunista para um “europeísmo”,
muito evidente no Livre e em parte do Bloco. Por uma daquelas ironias
em que a história é fértil, o PCP, perdida a referência
internacionalista da URSS e do comunismo mundial, acaba por ser nos
dias de hoje o mais patriótico dos partidos e aquele que mais
resiste à deslocação dos centros de poder nacionais para o quadro
europeu.