«(...) [A] exibição de um poder imperial unanimista dos
dezoito contra um, com motivações que se percebe não terem qualquer
elevação, dignidade, ou sequer utilidade, é, como todas as exibições de
força, muito preocupante. Assusta, e bem, quem ainda tiver uma réstia
dessa coisa maldita na Europa, o sentimento nacional antigamente chamado
"patriotismo". E se um dia for Portugal a estar do lado perdedor? E se
um dia os eleitores portugueses votarem num governo “errado”, como pode
acontecer em democracia? E se um dia todas as políticas nacionais
tiverem de ir a visto em Bruxelas (já vão em parte)? E se um dia a União
se começar a imiscuir nas nossas fronteiras atlânticas, como já se
imiscui no que os nossos pescadores podem ou não pescar? E se um dia
algum burocrata europeu entender que Portugal deve ser reduzido a um
país agrícola e turístico e fazer uma fábrica for proibido, se competir
com a quota francesa ou espanhola? E se um dia os nossos europeístas
(como já o dizem) considerarem que as decisões do Tribunal
Constitucional são “ilegais” face ao direito comunitário? E se um dia
houver um qualquer sobressalto nacional que nos coloque em confronto com
um qualquer Schäuble e os seus dezassete anões?
Nessa altura lembrar-nos-emos certamente da Grécia.»