Portugueses,
Este 1 de Dezembro de 2015 é especialmente importante para Portugal.
Abolido como feriado, ele renasceu com ainda maior força na consciência
dos portugueses, faço votos para que em breve seja restabelecido como
dia de festa, como nos foi prometido...
Os feriados nacionais são o
pulmão das nações que respiram ao ritmo desses grandes eventos anuais
que nos fazem pensar em tudo o que nós, Portugueses, construímos em
comum.
Neste momento de crise europeia e mundial, neste momento de
rasgar de novos rumos políticos no nosso país, venho apelar para
afastarmos tudo o que nos separa e nos enfraquece.
Neste momento muito importante da nossa História, apelo a que evitemos as fracturas sociais que possam existir.
Estamos numa Europa que continua a sentir os efeitos da grande recessão
económica e continua a braços com problemas sociais. Portugal enfrenta
desafios que nos devem mobilizar a todos. O desafio da retoma económica,
que permita combater o endividamento do Estado, das famílias e das
empresas, bem como o desemprego e a pobreza, é um dos mais importantes.
É um tempo de união em que há que potenciar o que nos une e saber superar o que nos separa.
É um tempo em que todos os Portugueses têm de pôr acima das circunstâncias do presente os superiores interesses da Pátria.
Nesse sentido, faço votos de que o novo Governo desempenhe com sucesso a missão a que se propôs.
Disse recentemente que seria positivo para a Democracia Portuguesa que
partidos que estiveram quase sempre na oposição se sintam
responsabilizados a encarar os problemas políticos e sociais com
realismo, mas sem utopias e sem renunciar aos seus ideais.
Num mundo
global em que as comunicações não têm fronteiras, os valores da
estabilidade e da competitividade assumem uma importância fundamental no
reforço das condições para que Portugal se afirme como uma Nação aberta
ao progresso e ao desenvolvimento. É também neste quadro que a Educação
e a Cultura desempenham um papel agregador que nos deve envolver a
todos. Fernando Pessoa imortalizou a frase “a língua portuguesa é a
minha pátria” e Virgílio Ferreira disse um dia “da minha língua vê-se o
mar”. A língua portuguesa deverá continuar a ser um factor de união dos
Países Lusófonos. Por isso quero sugerir duas iniciativas que nos possam
aproximar, fortalecendo essa relação de povos irmãos que querem
enfrentar juntos os desafios do futuro.
Tendo em conta que as novas
gerações lusófonas já não têm a ligação que existia no tempo dos seus
pais e avós, promovidas por uma vivência comum sob a mesma administração
e tendo presente que os jovens dos Países da CPLP anseiam e lutam para
se prepararem para um futuro melhor, que nem sempre é claro e
previsível, sugiro a criação de um programa semelhante ao "Erasmus”
europeu. Estou certo que um programa António Vieira para aproximar os
jovens oriundos dos Países da CPLP encontrará acolhimento junto das
respectivas entidades responsáveis.
Em segundo lugar, tendo presente
os Portugueses espalhados pelo Mundo, que cultivam um amor exemplar à
Pátria, sugiro a introdução do voto electrónico e do voto electrónico
presencial, nomeadamente para os eleitores recenseados no estrangeiro.
Essa iniciativa promoveria a participação activa dos cidadãos na vida
política e iria diminuir a alta percentagem de pessoas às quais não são
proporcionadas condições de voto.
Encontro-me neste momento em Díli a
convite do Estado timorense para participar nas comemorações dos 500
anos do começo da convivência entre timorenses e portugueses. Como
representante dos Reis de Portugal, que mais tarde estabeleceram acordos
de união política com os Reis timorenses, não poderia faltar a um
acontecimento de tão grande significado. A minha ligação a Timor começou
há muitos anos, mas após a honrosa decisão do Parlamento timorense, que
decidiu por unanimidade conceder-me a sua nacionalidade, reforcei a
obrigação de dar o meu apoio a esta Nação.
Nesta viagem ao Oriente,
convivi também com os habitantes da aldeia portuguesa de Malaca e aos
quais a Fundação Dom Manuel II ofereceu um belo sino. Eles mantêm viva a
sua fé e cultura e espero que com a ajuda de Portugal consigam
ultrapassar as ameaças de deslocalização...
Visitei ainda Pequim e
Xangai a convite de instituições chinesas com o objectivo de estudar
novas formas de cooperação entre ambas as nações, com pacíficas e
proveitosas relações desde há 500 anos. É um caso único na história
daquele país.
A Europa vive hoje graves problemas sociais, entre os
quais o gravíssimo drama dos refugiados da guerra na Síria e Iraque e a
vaga de milhões de pessoas, asiáticos e africanos, que acorrem à Europa
para tentar escapar à insegurança e à pobreza, frequentemente correndo
graves riscos.
Apelo à União Europeia, às Nações Unidas e às Igrejas
que não se poupem a esforços no aprofundamento de soluções para a crise
dos refugiados. Mas apelo também a que ajudem as pessoas e comunidades
que ficaram a defender as terras onde vivem.
Países de acolhimento
como o Líbano, Turquia e Jordânia receberam mais de quatro milhões de
sírios com admirável generosidade. O Ocidente tem aqui uma ajuda a
prestar, apoiando a criação de actividades produtivas que possam
sustentar os refugiados.
Nestes momentos difíceis, Portugal e os
portugueses têm dado magníficos exemplos de responsabilidade e de
solidariedade social. Voluntários, pessoas anónimas, famílias,
instituições, organizações e empresas, têm sido de exemplar generosidade
e dedicação aos mais pobres e àqueles que enfrentam o drama do
desemprego. São os verdadeiros heróis dos nossos tempos que merecem todo
nosso apoio e carinho.
A um ano e meio do centenário das aparições
de Santa Maria, Rainha de Portugal, quero lembrar que Fátima representa
também os valores da solidariedade que nos devem unir a todos nesta
nossa Nação que é também Dela.
Num momento de fortes mudanças e
incertezas, sigo convicto que a Instituição Real será o melhor baluarte
de defesa da unidade do povo português. Minha mulher Isabel e eu estamos
certos de que os nossos filhos Afonso, Francisca e Dinis saberão estar
sempre prontos para servir a nossa Pátria, seja quais forem os cargos
que venham a desempenhar. Assim Deus os ajude!
Díli, 1 de Dezembro de 2015
Via Mendo Castro Henriques em
Monárquicos Portugueses Unidos