domingo, 17 de junho de 2018

CPLP: clareza, otimismo e aprumo perante o possível



«A trajectória dos países da CPLP (...) [procura] o seu lugar em novos equilíbrios regionais. Os interesses em jogo, muito guiados pela perspectiva económica, já deixaram para trás a realidade de 1996, introduzindo uma dimensão económica nunca sonhada aquando da constituição, pautada, então, pela sedutora linha de cooperação tradicional baseada no conhecimento mútuo forjado por laços históricos.
Essa perspectiva económica não deixa de ter razão de ser. Basta lembrar que as oito economias do Bloco Lusófono valeram, em 2016, 2,1 biliões de euros e têm uma população total de 271 milhões de pessoas. Se as nações que integram aquele universo constituíssem um único país, este seria a 7ª maior economia do mundo, à frente da Índia, Itália, Canadá ou Rússia. Daí que faça sentido a ideia de que todos os países lusófonos teriama lucrar com o fortalecimento da articulação entre si: cada um deles se tornaria menos dependente do bloco regional em que está inserido e ganharia um peso internacional totalmente diferente. Juntos, passariam a constituir um bloco organizado com voz activa no globo. Mas não chega efabular, é preciso ter a vontade de realizar um plano estratégico que viabilize essa visão de conjunto. Mau grado esta prevalência do mundo económico a determinar o trajecto futuro, a CPLP não deverá deixar de se assumir como uma organização global, multisectorial, pluridisciplinar e global. E, ao fazer esta referência, lembramo-nos de outro elemento que nos liga: o Mar, um domínio no qual a CPLP poderia partilhar uma visão comum para o desenvolvimento sustentável das actividades marítimas, com impacto ambiental, socialeconómico. Teremos de ser discernidos na valoração e avaliação que cada país dá à sua participação na Comunidade, devendo estimular-se a cooperação económica, social e técnico-científica, de modo a favorecer um melhor ambiente e receptividade para fomentar as convergências políticas

Alm.Rebelo Duarte, «A CPLP, uma comunidade à procura de um caminho», Roteiros, XI, 2017, Instituto D.João de Castro, Lisboa, pág.260