«A
trajectória dos países da CPLP (...) [procura] o seu
lugar em novos equilíbrios regionais. Os interesses em jogo, muito
guiados pela perspectiva económica, já deixaram para trás a
realidade de 1996, introduzindo uma dimensão económica nunca
sonhada aquando da constituição, pautada, então, pela sedutora
linha de cooperação tradicional baseada no
conhecimento mútuo forjado por laços históricos.
Essa
perspectiva económica não deixa de ter razão de ser. Basta lembrar que
as oito economias do Bloco Lusófono valeram, em 2016, 2,1 biliões de
euros e têm uma população total de 271 milhões de pessoas. Se as nações
que integram aquele universo constituíssem um único país, este seria a 7ª
maior economia do mundo, à frente da Índia, Itália, Canadá ou Rússia. Daí
que faça sentido a ideia de que todos os países lusófonos teriama lucrar com
o fortalecimento da articulação entre si: cada um deles se tornaria
menos dependente do bloco regional em que está inserido e ganharia um peso
internacional totalmente diferente. Juntos, passariam a constituir um bloco
organizado com voz activa no globo. Mas não chega efabular, é preciso
ter a vontade de realizar um plano estratégico que viabilize essa visão de
conjunto. Mau grado
esta prevalência do mundo económico a determinar o trajecto
futuro, a CPLP não deverá deixar de se assumir como uma organização global,
multisectorial, pluridisciplinar e global. E, ao fazer esta
referência, lembramo-nos
de outro elemento que nos liga: o Mar, um domínio no qual a
CPLP poderia partilhar uma visão comum para o desenvolvimento sustentável
das actividades marítimas, com impacto ambiental, social e económico. Teremos de
ser discernidos na valoração e avaliação que cada país dá à sua
participação na Comunidade, devendo estimular-se a cooperação económica,
social e técnico-científica, de modo a favorecer um melhor ambiente e
receptividade para fomentar as convergências políticas.»
Alm.Rebelo Duarte, «A
CPLP, uma comunidade à procura de um caminho»,
Roteiros, XI, 2017,
Instituto D.João de Castro, Lisboa, pág.260