Estamos
profundamente inseridos numa crise da sociedade em que vivemos e da
política que praticamos. Ainda há pouco, passámos apenas de um
tipo de austeridade para outro. O futuro não é, nunca é, para ser
encarado com otimismos esfuziantes. E os portugueses tampouco merecem
governações sem que se saiba que apoio podem esperar no parlamento.
A recente coligação, pelas palavras de um
dos nossos mais interessantes analistas,
formou-se pronta a suportar um governo «(...) num acordo que ninguém
viu, nem Presidente nem deputados. Nem o PS! Muito menos o povo.»
Esta falta de clareza eleitoral não deveria ter lugar no futuro, não
oferece credibilidade nem à política nem, muito pior, à
democracia.
A
falta de oportunidades para os jovens, que é aliada à falta de
investimento sustentável, a escassa mobilidade social– em que os
filhos, mais instruídos, estão a viver pior que os pais –, o
declínio demográfico – previsto há décadas – , e uma classe
média pouco empreendedora, são alguns dos nossos tremendos, nossas
preocupações fundamentais. Importa explicitar com clareza, sem
demagogia ou irritantes otimismos, perante as gerações presentes, que
nos encontramos perante opções políticas decisivas. Todos
convergimos que o problema fundamental, que nos tem preocupado a
todos, é político.
Defendo
uma transformação de fundo, que aposte fortemente no pensamento
estratégico, que não cinda a nossa história, que realize
equilíbrio de poderes, que contenha órgãos de controvérsia e
órgãos de acordo, ou seja, que esteja preparada institucionalmente
para elaborar tanto alternativas como consensos. Defendo, portanto, a
monarquia em pluralidade democrática, onde as maiorias não esmaguem
as minorias, um parlamento forte e uma Constituição que além de
proteger os direitos, liberdades e garantias, também se abra à
mudança de regime, pois este regime republicano radical, que se
fechou à alternativa, afinal, quase tão só tem vivido implantado
nas instituições que a monarquia criou e dinamizou.