Já é manhã!
O pássaro voou:
Baloiça o ramo.
Oriente abriu-se
Vindo em luz,
Com tantas as formas que água sofre.
Risível, levo perante esta beleza,
Constante o gerúndio,
As várias figuras de estilo,
E por finitas regras a gramática,
E tão bem de modo grave e pausado,
Farei um dizer vero e convincente
À vossa vontade e à minha vaidade.
Serei científico! Pois que nunca opero
sem ceticismo...
Aquela deferência que devemos sempre
prestar
À nossa própria e primeva ignorância
Das coisas mais fundas e altas, e
belas.
Como estamos em viagem,
(E nascemos e morremos em viagem),
Tenho de dizer as fórmulas
necessárias,
Em todas as fronteiras que se me
antepõem
Por mim sobretudo e por mais nada,
E após ter encontrado as velhas e as
novas frases
Todos os santos e senhas, entre as
letras encravadas,
Continuo então no maquinismo, na
fiação
Das Parcas e de Penélope.
Dedicado ao António Manuel