Numa
época em que os nacionalismos emergiam, a Casa Real permanecia
encapsulada nas festividades próprias de um regime absoluto. A
monarquia falhava portanto, como força centrípeta dos sentimentos
patrióticos e na afirmação do Rei, como soberano dos seus
cidadãos, continuando a apresentar-se como Rei dos seus súbditos e,
ainda assim, de muito poucos.
Por
tudo isto, às explicações da crise final da Monarquia
Constitucional e sua consequente queda, nomeadamente às “revoluções”
oriundas “de baixo” e “de cima”, há que, doravante, ter
presente também o próprio papel que a Casa Real desempenhou nesse
processo, nomeadamente pela sobrevivência de estruturas arcaizantes
e a sua consequente incapacidade de adequação à conjuntura que
então emergira.
Excerto de Pedro Urbano da Gama Machuqueiro, Nos Bastidores da Corte, O Rei e a Casa Real na crise da Monarquia 1889-1908, Tese de Doutoramento em História (Contemporânea), Faculdade de Ciências Humanas, UNL, 2013, pág 383.