quinta-feira, 11 de abril de 2019

Controvérsia



Numa época em que os nacionalismos emergiam, a Casa Real permanecia encapsulada nas festividades próprias de um regime absoluto. A monarquia falhava portanto, como força centrípeta dos sentimentos patrióticos e na afirmação do Rei, como soberano dos seus cidadãos, continuando a apresentar-se como Rei dos seus súbditos e, ainda assim, de muito poucos.

Por tudo isto, às explicações da crise final da Monarquia Constitucional e sua consequente queda, nomeadamente às “revoluções” oriundas “de baixo” e “de cima”, há que, doravante, ter presente também o próprio papel que a Casa Real desempenhou nesse processo, nomeadamente pela sobrevivência de estruturas arcaizantes e a sua consequente incapacidade de adequação à conjuntura que então emergira.

Excerto de Pedro Urbano da Gama Machuqueiro, Nos Bastidores da Corte, O Rei e a Casa Real na crise da Monarquia 1889-1908, Tese de Doutoramento em História (Contemporânea), Faculdade de Ciências Humanas, UNL, 2013, pág 383.