domingo, 24 de fevereiro de 2019
Imagens de Portugal
(…)
[A] human decision was the immediate cause of Portuguese political
independence, [but] such a decision would have been fruitless had
there not been persistent historical and cultural differences between
the northwest periphery and the great interior tableland, the meseta.
Dan Stanislawski, The
Individuality of Portugal. A Study in Historical-Political Geography,
University of Texas, 1959
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Memória
(...)
Estou absolutamente de acordo com o plano de mudar o centro do
movimento monárquico para Angola. Sei que essa é a opinião dos
monárquicos em S. Tomé e que os africanos nossos simpatizantes
veriam com bons olhos um ultramarino como porta-voz do Senhor Dom
Duarte.
(…) https://ephemerajpp.com/
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Timor-Leste na vanguarda
Presidência do Conselho de Ministros
VIII Governo Constitucional
«O Conselho de Ministros reuniu-se no Palácio do Governo, em Díli e iniciou com uma apresentação feita pelo Secretariado do g7+, na qual fizeram uma breve atualização das atividades do grupo, com principal incidência na contribuição e liderança de Timor-Leste em todo o processo, desde a sua criação por iniciativa de Timor-Leste, até à presente data. É de realçar que trata-se de uma organização intergovernamental, composta por 20 países considerados como frágeis e afetados por conflitos, cuja sede encontra-se em Díli e com uma representação em Lisboa, Portugal. (...)» (Nov. 2018)
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
Manifesto
É
necessário elaborar uma solução democrática, com pessoas
vocacionadas para a administração do interesse público, com uma
assembleia forte, capaz de soluções positivas, ampliando a
representação do todo nacional pela monarquia, unidade sem
divisões, completamente apartidária, universalmente aceite como
representação de Estado, que evidencia valores comuns, que
evidencia a lógica da participação sobre a lógica do confronto,
como instância de unidade, de equilíbrio, de estabilidade,
acolhimento e voz da sequência estratégica do País.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Haja Memória (Brexit)
D. Gilberto de Hastings (em inglês: Gilbert of Hastings) foi o primeiro bispo de Lisboa após a conquista da cidade aos Mouros em 1147. Em 1150, Gilberto estabeleceu o cabido da Sé de Lisboa e as respectivas dignidades; introduziu ainda na diocese o rito seguido pela Igreja de Salisbury pelo qual a diocese de Lisboa se regeu até 1536, em tempo do governo do Cardeal-Arcebispo D. Afonso, altura em que foi introduzido o rito romano.
sábado, 5 de janeiro de 2019
Potugal @ pop global culture
NEW BURGER OF THE YEAR presented by Jason Sechrist of Portugal the Man is the tenth and FINAL Steamie Award of 2018!
@ https://mashable.com/article/steamie-awards-bill-oakley/?europe=true
sábado, 29 de dezembro de 2018
Frases
Jane Goodall |
«Nós
perdemos sabedoria. Nós já não perguntamos: "Quais serão as
consequências deste acto nas gerações vindouras?" Em vez
disso, nós perguntamos: "Como isto pode ajudar-me agora?"
ou "Como isto vai afectar a próxima campanha política?"
Por outras palavras, há um grande hiato entre o cérebro inteligente
e o coração humano - o amor e a compaixão. Além disso, houve o
aumento da população e a chegada de novas tecnologias que nos
permitem destruir mais rapidamente o ambiente (embora, é claro, as
tecnologias também possam ser utilizadas para viver com mais
harmonia com a natureza).»
@ Público
Artes
@ Amazon
«Era
uma onda
Entre
uma vaga e outra
Era
uma onda
De
meus cacos
De
meus medos
De
minha intimidade profunda
Quando
a lua ficou nua
E
sugou as vagas
Do
meu eu por inteiro …lentamente, como sempre faz. Ferida.
Aí
veio a noite, ventania e o frio
Quando
o pano abriu e a peça se chamava Vida.
Agora
não era uma onda
Eram
olhos vendo os meus cacos
Eram
mãos tocando em meus medos
Eram
línguas lambendo minhas feridas… lentamente.
E
doía.»
Luís Peazê
|
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
Leituras
«Basta para se respeitar esta história estar pondo nas memorias hum valor não menos que instromento de nossa liberdade [do jugo espanhol].» Hieronimo de Cettem
Hieronimo de Cettem é um dos incertos prefaciadores de J. Mello de Castro, da Academia de História, obra de 1744. Apesar do Senhor Mello de Castro pouco entender de estratégia militar e elaborar apreciações de pouco valor a este título, contudo, esta narrativa talvez seja, pela reunião de testemunhos à época, do maior interesse para nos aproximar aos 23 anos da guerra da libertação (1640-1663).
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
Imagens de Portugal
O projeto
Graciosa Energy System representa a construção do primeiro sistema
mundial de energia híbrida na Ilha da Graciosa, no arquipélago dos
Açores, com até 100% de energia proveniente de fontes renováveis,
como o vento e o sol, armazenada em baterias, e que irá definir
novos padrões nesta área para as ilhas em todo o mundo.
A ilha que
foi classificada pela Unesco como Reserva da Biosfera em 2007
funcionou pela primeira vez a 100% com energias renováveis
Tratou-se de um teste, em que a Graciosa foi abastecida por energia
produzida pelos painéis fotovoltaicos e pelo parque eólico da
Serra Branca, ou seja energia verde.
domingo, 23 de dezembro de 2018
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
Imagens de Portugal
The
government of Goa and the Portuguese ministry for environment (…)
inked an agreement for technical cooperation for improvement of Goa’s
existing water supply system and water supply system and waste water management.
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
Imagens de Portugal
Matosinhos, Portugal, May 28.Pictures of the year 2018 China Daily |
sábado, 1 de dezembro de 2018
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
Imagens de Portugal
«The Orient, courageously and successfully explored by the Portuguese, is coveted by many today for its lucrative trade. We, however, have a more noble purpose in mind. We reflect upon those immense regions of the Indies where for many centuries men of the Gospel have expended their labor. Our thoughts turn first of all to the blessed Apostle Thomas who is rightly called the founder of preaching the Gospel to the Hindus. Then, there is Francis Xavier, who long afterwards dedicated himself zealously to the same praiseworthy calling.»
Ad Extremas, Encíclica do Papa Leão XIII
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Pensamentos
What
others think of us would be of little moment did it not, when known,
so deeply tinge what we think of ourselves.
[trad. livre: O que os outros pensam de nós seria de pouca monta, se não soubéssemos tão profundamente o que pensamos de nós mesmos.]
[trad. livre: O que os outros pensam de nós seria de pouca monta, se não soubéssemos tão profundamente o que pensamos de nós mesmos.]
Logan
Pearsall Smith (ed.), Little Essays: Drawn from the
writings of George Santayana, Hardpress, Miami, 2015.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Imagens de Portugal
«(...)
[I]n the present world we witness many historic churches crumbling to
dust to give way for modern ones. One among the “twin churches”,
which is dedicated to Mary, erected in 1864, located at Ramapuram, a
quaint little town in Pala, Kottayam (...). [Adiante, o autor indica exemplos em Portugal de preservação do significativo histórico para resolver os problemas advenientes da adversidade que é o tempo e abandono do património humano]. Situated
on the left of Mondego’s river bank, next to park Portugal dos
Pequeninos in Coimbra, Portugal, the S. Francisco Convent built in
the 17th century has witnessed several changes in its history. It was
converted as a textile factory in 1888 and deactivated in the 1980’s.
In 1995, the convent was purchased by Coimbra City Council and
converted into a cultural centre. The St. Francisco convent and its
campus consists of three physical components such as an old church,
cloisters and a new auditorium with 1,225 places, along with several
multi-purpose rooms. This centre hosts all sorts of activities from
music to contemporary circus, theatre to conferences.» Binumol Tom
[PhD], Rajiv Gandhi Institute of Technology, Kottayam, Departmentof Architecture),
22 Nov 2018 @ The Hindu (Índia)
terça-feira, 27 de novembro de 2018
Progress
is a noxious, culturally embedded, untestable, nonoperational,
intractable idea that must be replaced if we wish to understand the
patterns of history.
@ Gould,
Stephen
Jay, «On
replacing the idea of progress with an operational notion of
directionality»,
in Nitecki M (ed.), Evolutionary
Progress, 1988,
Chicago, University of Chicago Press, 319-338.
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
Imagens de Portugal
Shaleen Title, Commissioner of the Cannabis Control Commission |
«Couldn’t this policy make dangerous drugs more available to those who currently have no access to them?
Portugal decriminalized all drugs in 2001, and there were fears that by taking away criminal penalties, crime and drug-use rates would go up. That hasn’t happened. Several Massachusetts legislators recently visited Portugal to try to learn from that model because it was so successful.»
Fotografia de Joanne Rathe/Boston Globe Staff
sábado, 24 de novembro de 2018
Instituições
Sem
uma perspetiva institucional de longo prazo o custo das mudanças são
maximizadas e, assim, muitas vezes, a eficácia da democracia é
intermitente. Enquanto os recursos e as circunstâncias oscilam os
objetivos são dispersados.
É
necessário adicionar na sociedade portuguesa uma instituição, a
Instituição Real, propiciadora de permanente conversação
democrática, visando o consenso estratégico, sem o qual, todos os
esforços se esvaem.
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Liberals have forgotten
«Liberals have forgotten that their founding idea is civic respect for all. Our centenary editorial, written in 1943 as the war against fascism raged, set this out in two complementary principles. The first is freedom: that it is "not only just and wise but also profitable...to let people do what they want". The second is the common interest: that "human society...can be an association for the welfare of all". (...) The Economist was founded to campaign for the repeal of the Corn Laws. (...) We where created to take the part of the poor against the corn-cultivating gentry [people of good social position]. (...) [And we] liberals designed the welfare state.»
Beddoes, Susan Minton et al. (2018, September 15th). A manifesto. Success has turned liberals into a complacent elite. It is time to rekindle the spirit of radicalism, The Economist, p.11-12.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Relevante
Moritz Schularick |
«The more financially integrated a country is, the more it aims to protect itself from the risks stemming from such finantial openess. This collective policy of self-insurance against the vagaries of volatile finantial flows might have made individual countries safer, but not the world economy as a whole.»
M.Schularick, '140 Years of Financial Crisis: Old Dog, New Tricks', 2010
domingo, 16 de setembro de 2018
Parece óbvio
In defense of CMReinhart & KS Rogoff |
«Over the past two centuries, debt in excess of 90 percent has typically been associated with mean [small] growth of 1,7 percent versus 3,7 percent when debt is low (under 30 percent of GDP).» Carmen M. Reinhart and Kenneth S. Rogoff, 'Growth in a time of debt', American Economic Review: Papers and Procedings, May 2010, vol. 100, nº2, 575 (573-578).
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
Haja Memória
Ainda acerca do desenvolvimento social em monarquia: Antes do Reino Unido haver criado um sistema de saúde, David Lloyd George, no início do século XX, que influenciou toda a Europa, no século XIX, na Alemanha monárquica, criou-se um seguro de saúde para os trabalhadores.
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
Frases
Ian J. Manners |
«(…) three approaches provide the EU with maxims which should shape the EU’s normative power in world politics: live by example; be reasonable; and do least harm.»
Resumo das ideias @ academia.edu
sábado, 18 de agosto de 2018
Haja Memória
Há uma instituição que, continuamente, ao longo dos séculos,
criou os instrumentos de desenvolvimento social: As escolas
obrigatórias, os liceus, as escolas superiores, os hospitais, os
serviços assistenciais, as ligações modernas terrestres e
marítimas, os grémios ou academias de cultura e livre pensamento
(D.João V), os teatros, o parlamento, a divisão de poderes, o Banco
de Portugal, a livre expressão e associação, etc etc e etc, enfim,
foi a instituição real que acolheu tudo o que enforma
fundamentalmente a nossa atual vida cívica, democrática, solidária
e cultural, a par ou em liderança com o que havia no mundo. Hoje fala-se da criação do nosso moderno SNS com enlevo, e bem, mas não dizendo que fomos, na Europa toda, buscar inspiração para essa intervenção social de muito mérito ao seu primeiro criador, um país monárquico, o Reino Unido.
domingo, 22 de julho de 2018
Leituras
(...)
Enquanto esta clarificação não ocorrer, ficaremos dependentes do
entendimento do BCE acerca da extensão dos seus próprios poderes e
competências – sempre sujeito, claro, às conclusões da análise
jurisprudencial destas questões pelos tribunais da UE os quais, como
vimos, poderão pender para adotar uma visão ampla desses poderes e
competências/atribuições, conduzindo à sedimentação (por via
jurisprudencial e não legislativa) do papel desta instituição
europeia enquanto responsável global pela supervisão de todas as
IC. Dando um passo mais adiante, somos da opinião que, para que se
complete verdadeiramente a União Bancária e as entidades
supervisionadas e os cidadãos europeus se revejam nela, será
necessário aproveitar ainda essa futura revisão para repensar o
sistema de governance do BCE (atualmente desfasado face às
responsabilidades acrescidas que resultaram do seu papel central no
SSM) – introduzindo alguns mecanismos adicionais de controlo das
decisões tomadas (i.e. checks and balances) e fomentando um cada vez
maior escrutínio público dos seus processos decisórios.
Francisco A. G. Nobre, «Principais Conclusões e um Possível Caminho» @ Fronteiras e Limites da Supervisão Prudencial do BCE, Departamento de Estabilidade Financeira, Banco de Portugal
domingo, 8 de julho de 2018
Poesia
PODEROSO
CABALLERO ES DON DINERO
Madre,
yo al oro me humillo,
Él es mi amante y mi amado,
Pues de puro
enamorado
Anda continuo amarillo.
Que pues doblón o
sencillo
Hace todo cuanto quiero,
Poderoso caballero
Es
don Dinero.
Nace
en las Indias honrado,
Donde el mundo le acompaña;
Viene a
morir en España,
Y es en Génova enterrado.
Y pues quien le
trae al lado
Es hermoso, aunque sea fiero,
Poderoso
caballero
Es don Dinero.
Son
sus padres principales,
Y es de nobles descendiente,
Porque en
las venas de Oriente
Todas las sangres son Reales.
Y pues es
quien hace iguales
Al rico y al pordiosero,
Poderoso
caballero
Es don Dinero.
¿A
quién no le maravilla
Ver en su gloria, sin tasa,
Que es lo
más ruin de su casa
Doña Blanca de Castilla?
Mas pues que su
fuerza humilla
Al cobarde y al guerrero,
Poderoso
caballero
Es don Dinero.
Es
tanta su majestad,
Aunque son sus duelos hartos,
Que aun con
estar hecho cuartos
No pierde su calidad.
Pero pues da
autoridad
Al gañán y al jornalero,
Poderoso caballero
Es
don Dinero.
Más
valen en cualquier tierra
(Mirad si es harto sagaz)
Sus escudos
en la paz
Que rodelas en la guerra.
Pues al natural destierra
Y
hace propio al forastero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.
Francisco
de Quevedo y Villegas
sexta-feira, 29 de junho de 2018
Artes - A Tempestade - Poesia Portuguesa
Foto de Fabian Stamate - Nazaré, Portugal |
O sons, as imagens e as emoções provocadas pela tempestade marítima são constantes na transversalidade da poesia através das épocas. A sonoridade da tempestade, o rugido, o bramar, o ranger, o estrondo da trovoada, o crepitar e o traçado dos relâmpagos, as imagens, as torres de nuvens espessas, as montanhas e serras de ondas avassaladoras, a negrura noturna, o vento furioso, caraterizam invariavelmente a descrição poética da tenebrosa tempestade no mar. De modo geral a tempestade marítima é uma batalha entre os elementos do ar, da água e da luz, que parece intentar destruir o próprio mundo:
(…)
Agora sobre as nuvens os
subiam,
As
ondas de Netuno furibundo;
Agora
a ver parece que desciam
As
íntimas entranhas do Profundo.
Noto,
Austro, Bóreas, Aquilo queriam
Arruinar
a máquina do mundo (…)
ou:
(...)
Como em fera
batalha, os Elementos
A
vingarem-se huns de outros se resolvem,
Que
agoas contra agoas, ventos contra ventos,
O
mar com o Ceo, o Ceo com o mar involvem.
Com
nuvẽs, & relampagos violentos
As
areas do fundo se revolvem (…)
ou ainda
(...)
Levanta
lá no céu furiosas ondas;
Austro
bramando corre ali com fúria,(...)
Rompe-se
por mil partes o céu, e arde
Em
ligeiro, apressado, vivo fogo.
Um
rugido espantoso vai correndo
Desde
o Antárctico Pólo ao seu oposto.
Arremessam-se
lanças pelos ares
De
congelada pedra em água envolta;
Com
espantoso ímpeto, e rasgadas
As
densas negras nuvens raios cospem
(...)
Neste
combate das forças impessoais encontra-se inevitavelmente o homem
envolvido em medo e foge toda a natureza viva sob o poder destruidor
dos elementos embravecidos:
As
Alcióneas aves triste canto
Junto
da costa brava levantaram,
Lembrando-se
do seu passado pranto,
Que
as furiosas águas lhe causaram.
Os
delfins enamorados entretanto
Lá
nas covas marítimas entraram,
Fugindo
à tempestade e ventos duros,
Que
nem no fundo os deixa estar seguros.
Trata-se
de um cenário terrível, transcendente às forças humanas. Passar
nessa paisagem revolta em fúria é abeirar-se da morte e brevemente
dá-la como certeza. A fragilidade do humano perante a morte torna-se
evidente. O seu soçobrar ou a sua sobrevivência são suas questões
permanentes durante a tempestade. Os elementos surgem desalinhados
daquilo que é o próprio e possível do viver humano. E o seu saber,
a sua perícia, não é garantia de salvação. Na tempestade
marítima «nas águas tempestuosas e letais (…) perdem, engolem e
matam» (J.Cândido
Martins)
e apenas há abrigo na suma fragilidade do navio envolto em forças
que o transcendem e na arte da navegação, mas só enquanto assiste
tal possibilidade sempre pronta a desfazer-se pela guerra elemental
da tempestade.
O vento
endoidecido, a chuva violenta, o mar encapelado, o fulgor estrondoso
dos relâmpagos, suas sonoridades, em que tudo é surpreendentemente
grandioso e avassalador, constituem um extremo do possível, vive-se
uma exceção da existência, mais além do que a natureza tem de ser
para que o homem seja possível. E, no mar, o abrigo perante os
elementos é muito mais frágil, propiciando o espanto e o terror
perante a realidade de que a sobrevida humana de si mesma pouco
dependa – como se pode viver num cenário além da força humana?
Quando
(…)
os ventos que
lutavam
Como
touros indómitos bramando,
Mais
e mais a tormenta acrescentavam (...)
Relâmpados
medonhos não cessavam,
Feros
trovões, que vêm representando
Cair
o céu dos eixos sobre a terra,
Consigo
os elementos terem guerra.(...)
ao
homem cabe seguir sua arte e ciência, a navegação, porém, à
vista das Parcas que tecem talvez o final abrupto da tecedura de
nossos humanos dias. Eis
quatro breves descrições de uma desordenada natureza antagonista da
possibilidade da vida humana:
Sibila
o vento: os torreões de nuvens
Pesam nos densos ares:
Ruge ao largo a procela, e encurva as ondas
Pela extensão dos mares:
A imensa vaga ao longe vem correndo
Em seu terror envolta;
E, dentre as sombras, rápidas centelhas
A tempestade solta.(...)
Pesam nos densos ares:
Ruge ao largo a procela, e encurva as ondas
Pela extensão dos mares:
A imensa vaga ao longe vem correndo
Em seu terror envolta;
E, dentre as sombras, rápidas centelhas
A tempestade solta.(...)
Ou, vinda
de uma época mais distante:
(...)
Eis manso e manso as
nuvens se entumecem,
Eis
o líquido pêso
Rompe
os enormes carregados bôjos, (...)
Rebentam
furacões, flamejam raios,
O
estrondoso trovão no céu rebrama,
(...)
a procela [tormenta]
horríssona recresce,
Tingem
sombras do inferno os véus da noite
Que
o relâmpago retalha:
Braveja
o mar, aos astros se remontam
Serras
e serras da fervente espuma;
Carrancudos
tufões arrebatados
Dobrando
a força, a raiva, lutam, berram
E
revolvem do pélago [abismo]
as entranhas;
(…)
Com maior
distanciação temporal também apresentamos esta versão da
tempestade:
Cobre-se
o céu de grossas negras nuvens,
Os ventos mais e mais cada hora crescem,
Já se escurece o céu, já com soberba
Inchadas grossas ondas se levantam.
A nau começa já passar trabalho,
Já começa gemer, e em tal afronta
O apito soa, brada o mestre, acodem
Com presteza varões no mar expertos.
Põe-se o fero Vulturno junto ao cabo,
Levanta lá no céu furiosas ondas;
Austro bramando corre ali com fúria,
Dando um balanço à nau que quase a rende,
Vem com grande furor Bóreas raivoso,
Comete por davante, o passo impide,
Encontra as grandes velas, e, por força,
Ao mastro as pega e a nau atrás empuxa:
Rompe-se por mil partes o céu, e arde
Em ligeiro, apressado, vivo fogo.
Um rugido espantoso vai correndo
Desde o Antárctico Pólo ao seu oposto.
Arremessam-se lanças pelos ares
De congelada pedra em água envolta;
Com espantoso ímpeto, e rasgadas
As densas negras nuvens raios cospem:
De um golpe as velas vêm todas abaixo.
Jerónimo Corte-Real (Typografia Rollandiana,1783-1574)
Os ventos mais e mais cada hora crescem,
Já se escurece o céu, já com soberba
Inchadas grossas ondas se levantam.
A nau começa já passar trabalho,
Já começa gemer, e em tal afronta
O apito soa, brada o mestre, acodem
Com presteza varões no mar expertos.
Põe-se o fero Vulturno junto ao cabo,
Levanta lá no céu furiosas ondas;
Austro bramando corre ali com fúria,
Dando um balanço à nau que quase a rende,
Vem com grande furor Bóreas raivoso,
Comete por davante, o passo impide,
Encontra as grandes velas, e, por força,
Ao mastro as pega e a nau atrás empuxa:
Rompe-se por mil partes o céu, e arde
Em ligeiro, apressado, vivo fogo.
Um rugido espantoso vai correndo
Desde o Antárctico Pólo ao seu oposto.
Arremessam-se lanças pelos ares
De congelada pedra em água envolta;
Com espantoso ímpeto, e rasgadas
As densas negras nuvens raios cospem:
De um golpe as velas vêm todas abaixo.
Jerónimo Corte-Real (Typografia Rollandiana,1783-1574)
São
constantes as fórmulas da descrição! Sinteticamente, é um
desordenado
inferno que se representa na tempestade (Brás
Garcia Mascarenhas,
1699), um caos, uma desordem incontida que ultrapassa o poder de
escolha humano, eventualmente sobrepondo-se à arte de navegar:
Eis
o mestre, que olhando os ares anda,
O
apito toca: acordam, despertando,
Os
marinheiros dũa e doutra banda,
E,
porque o vento vinha refrescando,
Os
traquetes das gáveas tomar manda.
–
«Alerta (disse) estai, que o
vento crece
Daquela
nuvem negra que aparece!»
Não
eram os traquetes bem tomados,
Quando
dá a grande e súbita procela.
–
«Amaina (disse o mestre a
grandes brados),
Amaina
(disse), amaina a grande vela!»
Não
esperam os ventos indinados
Que
amainassem, mas, juntos dando nela,
Em
pedaços a fazem cum ruído
Que
o Mundo pareceu ser destruído!
Podemos
verificar a pregnância das noções que a tempestade marítima nos
provoca, primeiro, a semelhança intemporal nas descrições, a
tempestade é um combate de gigantes, entre elementos naturais:
forças desumanas, segundo, o olhar que a tempestade marítima
devolve sobre nós acerca de nossa fragilidade em meio tão
agressivo, terceiro, as analogias que propicia relativamente à nossa
vivência em subjetividade (como o mar nos embravecemos, por exemplo,
ultrapassando a ordem que o homem tem de trilhar devido à sua
inteligência e necessidade de profícua sociabilidade).
Se
permanece bem caraterizada a fragilidade humana - e nisto a nossa
dependência última do que nos é transcendente -, se permanece
também entre os terrores a necessidade de segurar o medo que nessas
condições desponta, querendo comandar a razão – se algum espaço
para ela há – será então esta a sua mais forte garantia, mas se,
contudo, para ela não há espaço nem arte que valha, contudo, então
apenas a esperança poderá resistir:
(...)
Fragil
taboinha, que o bater das ondas
Póde
num so momento
Fazer
em mil pedaços!
Ai
de mim! Trinta vezes no horizonte
O
pae das luzes despontou radioso,
E
co'a tocha brilhante
A
meus cançados olhos
Nada
mais amostrou que o quadro imenso
De
soledade infinda, – os ceus
e os máres! (...)
Ainda
no seguimento do disposto por Almeida Garrett relativamente à
solidão humana na sua fragilidade, de onde brota a esperança sobre
todas as dificuldades, a tempestade no mar ajuda também a reconhecer
outras batalhas travadas na subjetividade humana, interiormente. Esta
analogia das tempestades com a subjetividade humana foram também
tratadas por Francisco
Pina de Mello e Fernando
Rodrigues Lobo 'Soropita':
No
mar em que de novo amor me guia,
O
mais seguro porto e dar a costa;
Aonde
todos se perdem, ai esta posta
Minha
salvação, ai me salvaria.
So
fe me há-de salvar nesta porfia
Do
vento, que contrario vem de aposta;
E
pois sua mor perda e dar a costa
Comigo,
eu com costa me queria.
Que
vai ja o querer, aonde a ventura
Criou
tão desigual merecimento?
Valha-me
pura fe, vontade pura!
Valha-me
navegar meu pensamento
Com
tal estrela, cuja formosura
Abranda
o duro mar de meu tormento.
Fernão
Rodrigues Lobo 'Soropita'
(Campo das Letras, 2007)
e em
Francisco Pina de Mello:
Que
bravo o mar se ve! Como se ensaia
Na
furia e contra os ares se rebela!
Como
se enrola! Como se encapela!
Parece
quer sair da sua raia.
Mas
tambem que inflexivel, que constante
Aquela
penha esta a forca dura
De
tanto assalto e horror perseverante!
O
empolado mar, penha segura,
Sois
a imagem mais propria e semelhante
De
meu fado e da minha desventura.
Francisco
Pina de Mello
(Off. de Joseph Antunes da Sylva, 1727, 2ed)
Já em
António Ferreira é considerada como uma demasia os arrojos humanos
pelos oceanos, numa fala que é semelhante à do Velho do Restelo, a
sensatez e o acometer feitos estão na balança, ganhando a primeira:
(…)
meu irmão,
metade
da
minha alma (...)
[que]
tornes vivo, e
são
do
fogo, e tempestade
a
que se aventurou c'o esprito ousado.
Vença
à dura fortuna a boa tenção.
Quem
cometeu primeiro
ao
bravo mar num fraco pau a vida
de
duro enzinho, ou tresdobrado ferro
tinha o peito, ou ligeiro
juízo,
ou sua alma lh'era aborrecida.
Dino
de morte cruel no seu mesmo erro.
Esprito
furioso
que
não temeu o pego alto revolvido
(entregue
aos ventos, posto todo em sorte)
do
sempre tempestuoso
Áfrico,
nem os vaus cegos, e o temido
Cila
infamado já com tanta morte!
A
que mal houve medo
quem
os monstros no mar, que vão nadando,
com
secos olhos viu? Que o céu cuberto
de
triste noite, e quedo
sem
defensão, c'o corpo só esperando
está
a morte cruel, que tem tão perto?
Se
Deus assi apartou
com
suma providência o mar da terra,
que
a nós, os homens, deu por natureza,
como
houve homem que ousou
abrir
por mar caminho mais a guerra
qu'a
paz, e a morte mais, roubo e crueza?
Que
cousas não cometes,
ousado
esprito humano, em mar, e em fogo
contra
ti só diligente, e ingenioso?
Que
já te não prometes,
des
qu'o medo perdeste à morte, e em jogo
tens
o que de si foi sempre espantoso?
Um
o céu cometeu;
outro
o ar vão experimentou com penas
não
dadas a homem; outro o mar reparte
que
por força rompeu.
Senhor,
que tudo vês, que tudo ordenas,
pera
Ti só chegarmos dá-nos arte.
António
Ferreira, «A ûa nau d'armada em que ia seu irmão Garcia Fróis»
Poemas
Lusitanos,
1598
Todavia,
não são apenas formados de ousadia temerária tais empreendimentos
marítimos, pois as duras experiências e a morte iminente podem
transmutar os terrores na revelação de um valor imortal para o
homem, enquanto este se realiza no trabalho em meio das dificuldades,
mostrando firmeza no Amor que dedica à sua função, ao seu
trabalho, apesar das contrariedades com fatais perfis. Camões
proporciona nas suas Rimas,
pela fala do Capitão Themioscles, o ganho de uma afinação imortal
para o homem que permanece na sua função ante sua iminente morte -
«vendo
a morte diante de mim»
-, enquanto o seu objetivo ainda está longe, como se dissesse: feliz
o homem que a morte o surpreende trabalhando. Só nestas extremas
condições é apurado o Amor: «Ali
Amor mostrando-se possante / e
que por nenhum modo não fugia, / –
mas quanto mais trabalho, mais constante – ».
Consideremos o excerto do poema que expõe mais completamente esta
ideia:
(...)
As cordas, co ruído, assoviavam;
os
marinheiros, já desesperados,
com
gritos para o Céu o ar coalhavam.
Os
raios por Vulcano fabricados
vibrava
o fero e áspero Tonante,
tremendo
os Pólos ambos, de assombrados!
Ali
Amor mostrando-se possante
e
que por nenhum modo não fugia,
– mas
quanto mais trabalho, mais constante – ,
vendo
a morte diante de mim, dizia:
«Se
algûa hora, Senhora, vos lembrasse,
nada
do que passei me lembraria».
Enfim,
nunca houve cousa que mudasse
o
firme Amor do intrínseco daquele
em
cujo peito ûa vez de siso entrasse.
Ûa
cousa, Senhor, por certo asssele:
que
nunca Amor se afina nem se apura,
enquanto
está presente a causa dele.(...)
(excerto
da fala do Capitão Themioscles) 1953-1595
publicado originalmente no Jornal da Economia do Mar
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