quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Educação: áreas, qualidades e estratégias


«Em muitos países só se começa a dar notas quantitativas a partir dos 15 anos, quando se entra no ensino secundário. Até aí as avaliações que vão para casa são qualitativas e por áreas, com uma descrição sobre o estado da aprendizagem do aluno e orientações claras de estratégias a seguir para a melhorar.»
                                                                         
Paulo Santiago, Público, Quarta-feira 2 de Maio 2012

Frases





     «(...) the gods (...) inspire in each of us (...) through one another»

                    Isócrates, Discurso a Filipe, Ed. Kenneth Atchity

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Frases


«(...) the book is still the highest delight. He who has once known its satisfactions is provided with a resource against calamity.»                    

                                                Ralph Waldo Emerson                                   

                            
                                                               

Recordações: Primeiro violoncelo da Joana


Recordações: Preceitos Mora, Tábua de João de Barros

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ideias importantes


Uma preparação muito cuidada e uma boa execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) é essencial. No próximo quadro comunitário de apoio Portugal terá de estar bem colocado no tiro de partida, para executarmos muito no princípio e bem.

Augusto Mateus ao SOL (adaptação)

Manifesto A Unir Portugal desde 1143





Apelamos ao povo português para que pense, sem preconceitos, sem utopias, sem demagogia, na alternativa que apresentamos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Um Realismo que Resgate a Esperança


«(...) urge reunir tantos portugueses quanto possível na defesa e promoção do seu Príncipe — personificação de uma improvável realização quase milenar chamada Portugal, a ligação transgeracional aos nossos avós comuns, que contra ventos e marés, e por tantos séculos, a souberam dignificar.»

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Texto integral do discurso de S.A.R., Senhor D. Duarte, Duque de Bragança, 5 de Outubro de 2012


Portugueses,

Nesta hora difícil que Portugal atravessa, talvez uma das mais difíceis da nossa já longa história, afectando a vida das famílias portuguesas e dos mais desfavorecidos de entre nós, Eu, enquanto descendente e representante dos Reis de Portugal, sinto ser meu dever moral e obrigação política dirigir-vos uma mensagem profunda e sentida, como se a todos conseguisse falar pessoalmente.

Estamos a viver uma terrível crise económica, o nosso país vê-se esmagado pelo endividamento externo, pelo défice das contas públicas e pela decorrente e necessária austeridade.

O actual regime vigora há pouco mais de 100 anos, e muitos dos seus governantes, por acção ou omissão, não quiseram ou não foram capazes de evitar o estado de deterioração a que chegaram as finanças públicas. Tais governantes, é preciso dizê-lo de forma clara, foram responsáveis directos pela perda da soberania portuguesa e pelo descrédito internacional em que caiu Portugal, uma das mais antigas e prestigiadas nações da Europa. Sem uma estratégia de longo ou sequer de médio prazo, sem sentirem a necessidade de obedecerem a um plano estratégico nacional, não conseguiram construir as bases necessárias para um modelo de desenvolvimento politicamente são e economicamente sustentável, optando, antes, pelo facilitismo e pelo encosto ao Estado.

Infelizmente, o Estado, vítima também ele da visão curta com que tem sido administrado, tem permitido que se agravem as assimetrias regionais, que se assista à desertificação humana do nosso território e que fique cada vez mais fundo o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres.

Infelizmente, Portugal continua a ser dos países europeus com índices de desigualdade mais altos. Todos têm o direito de ver bem remunerado o esforço do seu trabalho, da sua criatividade, da sua ousadia e do seu risco, mas a ninguém pode ser cortada a igualdade de oportunidades.

Agora, neste momento de particular gravidade, em que nos é pedido um esforço ainda maior, recordo que o Estado é sobretudo suportado pelo fruto do esforço, do trabalho dos portugueses e de muitas das empresas a quem os portugueses dão o melhor das suas capacidades. Todos eles são merecedores do respeito por parte de quem gere os nossos impostos, e é esse respeito, esse exemplo que se exige ao Estado. Não posso deixar de aplaudir a dedicação, a entrega e sobretudo a enorme boa vontade com que inúmeros funcionários públicos se dedicam a servir com dignidade o nosso país.

Mas este diagnóstico e estas constatações valem pouco, valem muito pouco, quando confrontados com as dificuldades com que muitos portugueses hoje se debatem. Um facto é incontornável: a crise está aí e toca-nos a todos, e com ela se vão destruindo postos de trabalho, se vai degradando o nível de vida das nossas famílias e se vão desprotegendo os mais frágeis. Não tenhamos ilusões: muitos são os que hoje só sobrevivem graças à imensa solidariedade de que o nosso povo ainda é capaz. Porque somos um povo generoso, gente de bem, somos um povo capaz de tudo quando nos unimos em torno de um objectivo comum.

Torna-se importante, por isso, lembrar que neste dia, há quase 9 séculos, contra todas as adversidades, nascia Portugal, uma nação livre e independente, fruto da vontade e sacrifício dum povo unido à volta do seu Rei.

Então, como agora, foi fundamental a existência de um projecto nacional, uma causa comum e desejada que a todos envolveu: grandes e pequenos, governantes e governados, homens e mulheres. Um projecto que tinha, acima de tudo, o Rei e os portugueses, unidos por um vínculo indestrutível, constantemente renovado e vencedor, um vínculo de compromisso que nos ajudou a ultrapassar crises avassaladoras no passado, e que se prolongou pelos séculos seguintes, sendo interrompida apenas em 1910.

Foi essa mesma comunhão, uma comunhão de homens livres, que permitiu a reconquista e o povoamento do território, bem como, mais tarde, a epopeia dos descobrimentos e a expansão de Portugal pelo mundo. Foi todo um Povo, o nosso Povo, que enfrentou, com coragem e determinação os mares desconhecidos, "dando, assim, novos mundos ao mundo". Foi a gesta de todo um Povo que permitiu criar este grande espaço de língua e afectos da Lusofonia, vivido em pleno pelas nações nossas irmãs, hoje integradas na CPLP. E foi a renovação desse projecto que permitiu a restauração da nossa independência em 1640, neste local, naquela que foi uma verdadeira refundação nacional, só conseguida pelo esforço e sacrifício dos Portugueses de então.

É pois este o desafio que temos hoje pela frente: refundar um projecto nacional capaz de unir todos os Portugueses de boa vontade, com o objectivo de reerguer Portugal, devolvendo a esperança e o orgulho a cada português. Esse projecto mobilizador é imprescindível para que cada um de nós possa ambicionar ter uma vida normal, socialmente útil, para que possa ser promovido pelo mérito e pelo esforço do seu trabalho, criar uma família e contribuir, cada um na sua medida, para o engrandecimento de Portugal.

Para que este projecto nacional seja possível, teremos de repensar o actual sistema político e as nossas instituições, procurando alcançar uma efectiva justiça social e a coesão económica e territorial, aproximando os eleitos dos eleitores.

Devemos também considerar as vantagens da Instituição Real, renovando a chefia do Estado para restaurar o vínculo milenar que sempre uniu os portugueses ao seu Rei.

O Rei interpreta o sentir da Nação, e age apenas pelo superior interesse do país, e nenhum outro interesse deve também mover os actores políticos. Portugal precisa de autoridade moral, de união em torno de um ideal, Portugal precisa de um projecto que seja o cimento em torno da Nação – a política e, acima dela, a Coroa, deve procurar sempre servir esse ideal, e nunca servir-se dele em benefício próprio.

É num sistema político, moderno, democrático, que a Chefia de Estado, isenta como tem de estar de lutas políticas e imbuída de uma autoridade moral que lhe advém do vínculo indestrutível e milenar com os portugueses, pode e deve zelar pelo bom funcionamento das instituições políticas, assegurando aos portugueses a sua eficácia e transparência. É a mesma Chefia de Estado que pode e deve apoiar a acção diplomática do Governo com o elo natural que a liga aos países lusófonos e a muitos dos nossos congéneres europeus. Acredito que só é possível debater a integração europeia, na sua forma e conteúdo, em torno de um elemento agregador: a agenda própria de um país multisecular na Europa, mas também com continuidade linguística, histórica, social, patrimonial e empresarial em geografias distantes. É o Rei que, personificando a riqueza da nossa história e cultura, é o último garante da nossa independência e individualidade enquanto Nação.

Portugal, nação antiga, com um povo generoso e capaz de grandes sacrifícios, sê-lo-á ainda mais se encontrar no Estado e nos seus representantes o exemplo de cumprimento do dever, de assunção dos sacrifícios e de sobriedade que os tempos de hoje e de sempre exigem.
Unidos e solidários num renovado projecto nacional que devolva a esperança aos Portugueses, reencontrados com uma instituição fundacional – a Instituição Real – sempre isenta e centrada no bem comum, então todos nós Portugueses – em Portugal ou espalhados pelo mundo através das vivíssimas comunidades emigrantes – com a grandeza de alma de que sempre fomos capazes nas horas difíceis, estaremos dispostos aos necessários e equitativos sacrifícios que a presente hora impõe. Em nome do futuro de todos os que nos são queridos, filhos e netos. Numa palavra: em nome de Portugal.

Não duvido que, aconteça o que acontecer, os Portugueses, com calma, ponderação e perseverança, saberão lutar para continuar a merecer o seu lugar na história e no concerto das nações. Eu e a minha Família – assim os Portugueses o queiram – saberemos estar à altura do momento e prontos para cumprir, como sempre, o nosso dever, que é só um: servir Portugal.

Existe uma alternativa muito clara à actual situação a que chegou a este regime, alternativa que passa por devolver a Portugal a sua Instituição Real e que, se não resolve por si só todos os nossos problemas actuais, será certamente – como o provam os vários países europeus que a souberam preservar – um grande factor de união popular, de estabilidade política e de esperança coletiva. Numa palavra, de progresso.

Portugal triunfará! assim saibamos unir esforços, assim saiba cada um de nós, de forma solidária, dar o melhor de si mesmo, não esquecendo nunca os que mais sofrem e os que mais precisam. Que ninguém duvide: somos uma nação extraordinária, e o valor e a coragem do nosso povo serão a chave do nosso sucesso

Viva Portugal!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Liberdade




(…) one of the most conspicuous freedoms is the freedom to choose with whom one works.

Kevin Boudreau, Ina Ganguli, Patrick Gaule, Eva Guinan and Karim Lakhani, Colocation and Scientific Collaboration: Evidence from a Field Experiment», HBS, August 22, 2012


5 de Outubro


D.Afonso Henriques - Castelo de S.Jorge
Obra de Soares dos Reis
(réplica da que está em Guimarães)

"Recordamos que amanhã, 5 de Outubro, o Tratado de Zamora faz 869 anos, data
que entendemos merecedora de evocação. A assinatura desse Tratado pelo
primeiro Rei de Portugal mais não fez do que confirmar, no plano
internacional, o que há muito ia no coração dos portugueses: a evidênca de
uma Nação livre e soberana.

Lembramos que S.A.R., o Senhor D. Duarte, Duque de Bragança, irá dirigir aos
Portugueses uma Mensagem, às 15h, no Palácio da Independência (ao Rossio).

Estamos todos convidados!

Monarquia: a Unir Portugal desde 1143!"

                                  Real Associação de Lisboa

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Artes


Bosch (aspecto parcial)


Super Frases

Pedro Laíns
A história económica dá-nos razões para otimismo (...)

in Radar-Entrevista, Visão, 8 Dez 2011

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Assimetrias



«(...) Portuguese institutional arrangements are what we term "dry", that is, they are not well suited to provide incentives for cooperation among actors in the policymaking process.»
    Carlos Pereira; Shane Singh, Michigan State University, 2009.

Assimetrias




 «We suffer from the asymmetry between our knowledge of nature and our knowledge of man (…)»
                           
David S. Landes (Economista e Historiador)

Pela Instituição Real





O que nós mais precisamos é de continuidade estratégica em política, que apenas a Instituição Real, de ampla representação e apartidária, pode dar voz e asseverar. Não basta tão-somente pensar políticas correctas, é necessário nelas perseverar. Monarquia, constituição e uma democracia parlamentar reforçada é uma configuração politicamente bem estruturada, benéfica à eficácia da democracia e, enfim, à afirmação portuguesa.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Artes



HFM


(…) olhar sem fim o sucessivo
Inchar e desabar da vaga
A bela curva luzidia do seu dorso
O longo espraiar das mãos de espuma.


Sophia Mello Bryner Andresen
in «Foi no mar», in O Búzio de Cós

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A legitimidade da representação do todo nacional



             
            A legitimidade da representação do todo nacional deve situar-se idealmente num plano mais profundo que o da facção e o da ambição. A resposta a esta procura, atestada por muitos séculos, comprovados os homens, é a hereditariedade. A representação do todo nacional não é tarefa para o desejo, não é uma questão de opinião, porque não deve entrar no campo da luta de facções ou ser meta para alguma ambição pessoal. Estas são as condições para o desempenho próprio da Instituição Real, enquanto instituição que representa a História, o Estado e a Comunidade nacional.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sou monárquico



Sou monárquico porque defendo um representante com a Memória do País, uma comunidade não é só representada ideologicamente, mas também é vinculada historicamente.

Poesia



Bia


É uma nação única de memória do mar,
Que não responde senão em nós. Glórias, misérias,
Que guardámos por detrás do olho lírico
E da língua, a silabar dentro da boca.
Nunca chamámos o mar nem ele nos chama
Mas está-nos no palato como estigma.

Fiama Hasse Paes Brandão
in «Foz do Tejo, um País», 1997

Tradição e desenvolvimento





No sentido do desenvolvimento social e económico, a monarquia europeia se constitui para uma evolução social dinâmica e para uma orientação democrática e estratégica. Tradição e desenvolvimento social são, pois, compatíveis. As estruturas fundamentais não passam de moda. A família, a amizade inabalável, os vínculos mais profundos que alguém pode assumir perante o outro, são universais culturais, como o são as condições de valor, e assim, a representação das Nações.

Todavia, nunca tantos leram e escreveram tanto...


sábado, 14 de julho de 2012

RESTITVIÇAÕ (memórias)

«Na restituição que executámos se buscou primeiro o acerto da direcção, que o effeito: & o excessivo desejo da liberdade não perturbou a consideração, para escolher opportunidade, & dispor meyos que a segurassem felice. Tanto avivarão com o valor a prudencia, & moderarão com a prudência o valor os poucos que se resolverão a tam grande empresa, pois nela se arriscava num só lance (...) ou toda a liberdade ou a escravidão para semprè.»
Doutor Fr. Francisco Brandão, Gratulatório sobre o dia da Felice Restituição & acclamação da Majestade del Rey D.João IV N.S.,1642, págs 13-14.

Se no 1º de Dezembro de 1640 os conjurados se resolverão a tão grande empresa, onde nela se arriscava toda a liberdade, hoje, nos resolvemos a uma democracia melhor restituindo a monarquia, intentando uma democracia mais participativa e mais consequente com os seus objectivos, por sermos e queremos ser livres e resolvidos portugueses.

Poesia (memórias)



(…) Villa Viçosa feliz terra
Roca da derrocada Monarchia
Por que nella as Relíquias, que escaparão
Do Exausto sangue Real, se conservarão.

Brás Garcia Mascarenhas, VT, V, 89, 4-8

Portugal na moda

“Diz-se com alguma ênfase que Portugal está na moda para o exterior, mas é necessário que Portugal esteja na moda antes de mais para os próprios portugueses”.
SAR D.Duarte ao Diário Económico

sexta-feira, 13 de julho de 2012

IDH e Monarquia



«Em todos os países que têm Reis e Rainhas como Chefes de Estado, estes desempenham um papel muito importante na promoção da imagem internacional do seu país. Não é por acaso que estes países são sempre democráticos e contam-se entre os que têm maior índice de desenvolvimento humano em todo o mundo.»

SAR D.Duarte

Frases



«It is an alarming thing that happens when you learn (…)»

Terry Martin

Frases

The descent to Hades is the same from every place.

Diogenes Laertius, Anaxagoras, Lives of Eminent Philosophers,
trad.R.D. Hicks, 1972.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

ExCertos





Tivemos muitas crises graves na nossa História. Mas sempre a Instituição Real foi decisiva para as ultrapassar com determinação. O que aqui temos de afirmar é que, para responder à crise atual, precisamos de voltar a aclamar a Instituição Real.
No séc. XXI, Portugal tem condições para criar essa Chefia de Estado, independente dos poderes, livre de pressões, respeitadora das instituições, alheia a querelas partidárias.

Professor Doutor Mendo Castro Henriques

ExCertos

Roger W. Ferguson Jr.


«Education (…) must be broadly defined to include moral and ethical behaviors and good decision making. There is plenty of evidence that such behaviors pay an ample reward to the individuals who make them and, unfortunately, the absence of such behaviors extracts a cost, potentially from all of us.»
  Roger W. Ferguson Jr.,
Economics and Ethical Behaviors, Sidwell Friends School, Washington D.C., May 22, 2004.

Corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas


Os problemas não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua. Penso que a simples continuidade do presente sistema político não é capaz de suportar nem as demandas sociais, nem a operacionalidade afirmativa do desenvolvimento ou as dificuldades que diferentes aspectos problemáticos antepõem à sociedade portuguesa. Os problemas não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua, e persistem pois as dificuldades, que recentemente ainda mais patentes as conhecemos, desemprego, baixa produtividade, escassa profissionalização. Mas podemos corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas.



            A aprendizagem que elaborámos com os problemas do individualismo na primeira democracia em Monarquia constitucional, com os problemas do tumulto e radicalismo na democracia mais estreita aquando da I República, e com os problemas de autoritarismo na ditadura no Estado Novo e com os sucessos e insucessos da presente democracia, permite-nos considerar um regime com uma visão alargada no tempo, contendo uma democracia plural, diversidade cultural, eficácia política e coesão social. Pois é pelo passado que procuramos estruturar o futuro.
            A meu ver, a tolerância política e a convivência democrática é a aprendizagem mais bela e frutífera que nos ficou das experiências anteriores. Todavia, há muito se tornou manifesto que o sistema carece de uma organização institucional mais conveniente à sua eficácia, aos seus objectivos, à expectativa social.

Cida Garcia
    Perante os nossos problemas estruturais, a simples continuidade do presente sistema político não é capaz de suportar nem as demandas sociais, nem a operacionalidade afirmativa do desenvolvimento ou as dificuldades que diferentes aspectos problemáticos antepõem à sociedade portuguesa, como a harmonização política europeia, a globalização económica, a educação adequada para aumentar as necessárias competências sociais e profissionais. Os problemas já não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua. Sob vários pontos de vista, as persistentes dificuldades, que presentemente bem patentes as conhecemos, devem-se à incapacidade de realizar continuidade nas políticas, à insuficiente modernização, à falta de incentivos e de espaço à cooperação.
            Entende-se, pois, porque solicitámos recentemente a reelaboração das contas públicas com intervenção extraordinária de várias instituições internacionais. Já em 1995 se havia considerado conveniente operar com maior suavidade e prolongadamente, que os ajustamentos necessários poderiam ter sido realizados de forma mais gradual desde o início da década, e que envolveriam, então, menores sacrifícios. Mas a tentativa de reformar ao longo dos diferentes ciclos eleitorais foi muitas vezes extenuada por diálogos adiados, por negociações várias vezes impossíveis devido à conjuntura eleitoral ou inclusivamente rompidas impulsivamente, por aplicação de medidas frequentemente cambiantes e até mesmo contraditórias.
            Os objectivos de desenvolvimento social e cultural, de desenvolvimento institucional e de desenvolvimento económico, interesses políticos principais, efectivamente não podem realizar-se apenas no período de uma legislatura. Mas a deslocação e a dilação de problemas tem uma causa essencial, o espaço institucional de acolhimento e harmonização estratégica é inexistente. Assim, os anúncios de intenções reformistas que não coincidem com o objectivado e os ajustamentos estruturais sem concretização suficiente, têm resultado em irrecuperável perda de confiança e em enfraquecimento sucessivo da capacidade de reintroduzir mudanças profundas. Tal situação produz que, apenas sob extrema necessidade, como aconteceu com as três intervenções do FMI, uma por década, sejam possíveis medidas correctoras de prejudiciais desvios, mas com consequências não pouco penosas de ultrapassar. Retirando-se potencialidade, ritmo e racionalidade ao desenvolvimento cada vez que se pospõem os problemas, a descontinuidade aumenta, os obstáculos agigantam-se, menos esforço resta para prosseguir. Contudo, podemos corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas.
            Se outrora a persistente hegemonia de uma linha ideológica demonstrou-se prejudicial ao País, altamente prejudicial, não é o actual pluralismo político e cultural do País que por si só é capaz de espontaneamente fabricar a eficácia política, que universalmente reconhecemos tanto carecer.
            Importa, pois, que consideremos uma instituição política que concite a afirmação estratégica, a necessária continuidade de políticas fundamentais, que afirme os objectivos comuns à democracia, que seja a voz do consenso democrático, que evidencie a lógica da participação em vez da lógica do conflito. A Instituição Real é essa instância que a democracia portuguesa carece para amadurecer positivamente.

Pedro Furtado Correia


segunda-feira, 9 de julho de 2012

O búzio de Cós




Este búzio não o encontrei eu própria numa praia
Mas na mediterrânea noite azul e preta
Comprei-o em Cós numa venda junto ao cais
Rente aos mastros baloiçantes dos navios
E comigo trouxe o ressoar dos temporais

Porém nele não oiço
Nem o marulho de Cós nem o de Egira
Mas sim o cântico da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre minha alma foi criada


Sophia Mello Bryner Andresen

ExCertos



A República (...) será melhor servida por um Rei. As Democracias mais desenvolvidas e estáveis da União Europeia são monarquias. (...) Em vários desses países do Norte da Europa é corrente afirmar-se «vivemos em República e o nosso Rei é o melhor defensor da nossa República»".
Professor Doutor Mendo Castro Henriques

sábado, 7 de julho de 2012

The effect of reasoning or the immediate consequence of perception?


Every man feels that perception gives him an invincible belief of the existence of that which he perceives; and that this belief is not the effect of reasoning, but the immediate consequence of perception.

Thomas Reid (1710–1796), Essays on the Intellectual Powers of Man, Essay II, ch. xv, p. 241, MIT Press, Cambridge, Mass., 1969. Edição de 1983 pela Hachett.

Where is the score?



"...I found interesting in both the standard conservative view of the West as a story of progress and liberation and the left-wing view of the West as a story of oppression and imperialism."

Objectivos, operacionalizar objectivos, objectivação social



«Socrates depicted 'the examined life' (…) gave few indications of how this abstract ideal might be realized in formal educational programs.»
Martha C.Nussbaum, Cultivating Humanity, 1997

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Nem tudo passa nem tudo muda



            A representação do todo nacional, do Estado e das grandes opções democráticas não deverá entrar no campo da luta de facções ou ser meta para alguma ambição pessoal. A resposta, atestada por muitos séculos, comprovadas as pessoas, homens ou mulheres, foi encontrada pela via histórica, pela via da legitimidade hereditária e pelo serviço livremente aceite.


            Monarquia e democracia é uma forma política comprovada, uma forma de sucesso democrático, de sucesso social e de sucesso económico. Monarquia e assembleia democrática é um regime confirmado e aceite universalmente, é um regime de estabilidade nas políticas democráticas, é perspectiva na voragem do tempo.
            Entendo que é necessário mais do que a alternativa democrática. A monarquia propicia espaço para o consenso, e só por isto seria já determinante para a evolução do País.
            Há alguns anos atrás lutámos pela democracia e teremos de lutar agora por uma democracia melhor. Só por uma democracia renovada pela monarquia poderemos alcançar unidade na livre diversidade, a voz da continuidade estratégica, a promoção apartidária das referências nacionais.
            O futuro tem um passado, um passado que nos consolida e acrescenta. Temos uma democracia que nos actualiza e se corrige. Tenho, pois, esperança na nossa história.
Mas cabe às gerações presentes efectivar este nexo, uma equação clara do presente para o futuro, isto é, reconstruir o nosso viver político, conferindo uma forma mais completa à democracia, sustentar credíveis expectativas pela estabilidade das grandes opções políticas.
            A actual mudança de paradigma económico apenas poderá realizar-se paralelamente com o desenvolvimento social e institucional. A meu ver, os principais desafios que se põem perante o cenário presente são de concertação, de cooperação e de sustentabilidade, quer para o Estado, quer para as empresas ou outras instituições. No entanto, tal requer oportunidade estratégica, e, para isso, é indispensável uma instituição propícia à reunião consensual além dos palcos de conflito. Sem esta perspectiva a construção quotidiana não se revela tão eficaz ou esclarecedora. Sem ela, a nossa cooperação, o incremento do nosso potencial interpretativo, a formação profissional, a abertura de oportunidades de realização socioeconómica, não ganham o impacte que mereceriam.
            O ciclo eleitoral é de quatro anos, o ciclo político geralmente passa numa década, sucedem-se as personagens e as políticas, mas o tempo do Rei permanece como o do Povo. Carecemos desta estabilidade e responsabilidade política. A vivência humana é transgeracional, solicitado sentido à sua existência, coerência, medida, e solidariedade. A Instituição Real é quem melhor representa e traduz estas dimensões, pois é coesa ao tempo, modo e ao substantivo da vida humana, é representação do Estado e nasce da história nacional. Nem tudo passa nem tudo muda.
            A legitimidade da representação do todo nacional deve situar-se idealmente num plano mais profundo do que a facção e a ambição. A resposta a esta procura, atestada por muitos séculos, comprovadas as pessoas, homens ou mulheres, é a hereditariedade. A representação do todo nacional e do Estado não é tarefa para o desejo, não é uma questão de opinião, porque não deverá entrar no campo da luta de facções ou ser meta para alguma ambição pessoal. Estas condições são próprias da instituição monárquica, enquanto representa a História, o Estado e a Comunidade nacional, pois é serviço livremente aceite e não meta a ambicionar.
            Além deste aspecto, que reputo fundamental, qualidade intrínseca ao regime monárquico, também a preparação do monarca para o desempenho das suas funções permite que se dedique às grandes opções políticas, às actividades de representação nacional, mas fora das questões partidárias, dos poderes desencontrados, das vitórias de facção. Nem se apresenta como chefe de partido num combate político, nem como representante de alternativas, mas como é nossa tradição, é aclamado pela soberania popular em Cortes ou Parlamento.

06/07/2012
Pedro Furtado Correia