A 12 de agosto de 1687 casou-se D. Pedro II com Maria Sofia de
Neuburg em Lisboa, no meio de grandes celebrações, para as quais se
construíram magníficos arcos triunfais, pórticos e estatuária, um
labirinto, para além de um imponente desfile de embarcações no Tejo com
fogos de artifício. Os vários cenários destas festas foram registados no
álbum de desenhos de João dos Reis (1639-1691), matemático jesuíta de
origem alemã de nome Johann König. O manuscrito compreende 30 desenhos, 4
deles aguarelados.
REIS, João dos, 1639-1691, S.J.
http://purl.pt/26151
Lisboa adornou-se com arcos triunfais,
pórticos e outras construções efémeras, erguidas nas ruas onde deveria
passar o cortejo real.
Alegoria da aliança de Portugal com a Alemanha na folha de rosto.
Bergantim do Rei.
A esquadra inglesa que trouxe até ao Tejo a
nova soberana portuguesa, foi escoltada por 24 bergantins ricamente
decorados, e dirigidos pelo bergantim real, onde seguia D. Pedro. Juntos
os monarcas, saudaram as embarcações e passaram o primeiro pórtico, o
da Casa da Índia, a caminho da capela real, para as bênçãos nupciais.
Vista do Paço da Ribeira, com o torreão
junto ao Tejo, e o jardim de estilo francês, segundo o do palácio do
Conde da Ericeira, com as fontes, estátuas italianas, golfinhos e a
representação dos fogos de artifício.
Arco dos Franceses.
Os arcos e pórticos – de estrutura de
madeira – , eram cobertos com várias camadas de gesso e tecido, depois
pintados e decorados com sanefas, panejamentos e pedras coloridas. Coube
à câmara da cidade a organização das festividades, com todos os seus
aparatos, forçosamente dispendiosos.
O arco dos alemães, que exaltava os antepassados da Rainha, decorado com divindades da mitologia clássica.
Pedestais, nichos e pilastras serviram de
painel às variadas alegorias exaltadoras dos monarcas, baseadas em
figuras da mitologia clássica, e acompanhadas da respetiva divisa em
latim.
Este manuscrito pertenceu à livraria dos
Condes de Tarouca (casas de Alegrete, Tarouca, de Penalva e de Vilar
Maior), adquirida pela Biblioteca Nacional de Portugal em 1971. Manuel
Telles da Silva, 1.º Marquês de Alegrete, foi embaixador extraordinário e
negociador neste casamento.