O que
nós mais precisamos é de continuidade estratégica,
que apenas a instituição real, de ampla representação,
apartidária, e porque permanece, pode dar voz e asseverar. Não basta apenas pensar políticas corretas, é necessário nelas perseverar. Monarquia,
constituição e uma democracia parlamentar reforçada é uma
configuração politicamente bem estruturada, benéfica à eficácia
da democracia e, enfim, à afirmação portuguesa.
domingo, 9 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Anacronismo: Preconceito, Propaganda, Impertinência
As
atuais criticas à monarquia são rigorosamente as mesmas que se fizeram no século
XIX, e estas críticas resultaram mais do descrédito em que caiu oa atividade do Parlamento
de então, do que às próprias funções dos reis. Hoje, essas
críticas à monarquia, alinhadas na literatura do século XIX, estão completamente desfasadas para além de sua injustiça quando referidas ao tempo da Monarquia portuguesa. Pior, hoje, os [pre]conceitos e propaganda republicana não têm contraditório.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Imagens de Portugal
Imagem TVI24 |
«Durante quatro dias inteiros, Portugal produziu energia suficiente, limpa e sustentável, para atender às necessidades da população. Isso é graças a um grande impulso no investimento em captação da energia solar, eólica e energia hidroeléctrica e um empurrãozinho da UE – que emitiu uma directiva afirmando que um país membro precisa de ter pelo menos 31% de fontes de energia renováveis.
Segundo informações, o consumo de electricidade foi “assegurado integralmente” por fontes renováveis, entre as 06:45 do dia 07 de Maio e as 17:45 da passada quarta-feira, correspondendo a um total de 107 horas seguidas, durante o qual o país não teve de olhar para o carvão ou gás natural para alimentar a rede eléctrica.»
A Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO), em colaboração com a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), analisou os dados da Rede Elétrica Nacional (REN), tendo concluído que na última semana “se atingiu um recorde muito importante neste século”.
in PPLWARENão foi preciso recorrer a nenhuma fonte de produção de eletricidade não renovável, em particular à produção em centrais térmicas a carvão ou a gás natural
Efeméride
Há 106 anos, uma pequena revolução em Lisboa instituiu a República. A maioria do País era monárquica. O pano de fundo desta viragem foi a crise financeira, agravada com a bancarrota de 1892. Pobre e sem crédito externo, Portugal viveu a última década do século XIX e a primeira do século XX numa situação política tumultuosa. Mas a Primeira República sucumbiu do mesmo mal dando lugar a uma longa ditadura. Com o Estado endividado e uma economia anémica, o fantasma da nova bancarrota é a maior ameaça ao atual regime.
apud Correio da Manhã
Todavia, tendo ganho Portugal a soberania enquanto Estado no 5 de Outubro de 1143, os Monárquicos celebram neste dia o nascimento do Reino de Portugal. Memória com maior profundidade histórica e coletiva do que assinalar a 5 de Outubro de 1910 a data de apenas um regime, que, aliás, logo provou ser menos democrático do que o anterior.
Acerca da discussão se em 5 de Outubro de 1143 se estabeleceu um tratado ou se se tratou de uma conferência apenas entre D.Afonso Henriques e Afonso VII, sem que exista texto escrito acerca do assunto, adianto que essa data foi certamente quando e onde tal reunião marca historicamente o reconhecimento internacional da dignidade régia de D.Afonso Henriques. Pelos seus já havia sido aclamado rei em 25 de Julho de 1139.
Acerca da discussão se em 5 de Outubro de 1143 se estabeleceu um tratado ou se se tratou de uma conferência apenas entre D.Afonso Henriques e Afonso VII, sem que exista texto escrito acerca do assunto, adianto que essa data foi certamente quando e onde tal reunião marca historicamente o reconhecimento internacional da dignidade régia de D.Afonso Henriques. Pelos seus já havia sido aclamado rei em 25 de Julho de 1139.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Haja Memória
«(...) [A]o contrário do que muitas vezes se diz, a opinião pública existia durante o absolutismo e tinha capacidade para dispor de formas de interferência que, sem serem eleitorais, tinham, não obstante, eficácia suficiente, tanto para se exprimir como para se impor.» Jorge Borges de Macedo, A Situação Económica No Tempo de Pombal, Gradiva, 1989, in Prefácio à Terceira Edição, pág.15, vide pág 19.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Haja Memória
Há cerca de 100 anos acreditava-se que não existia vida para lá dos 600 / 700 metros de profundidade. (...) [Os] resultados das expedições oceanográficas, nomeadamente as dos monarcas de Portugal (Carlos I) e do Mónaco (Alberto I), que, utilizando técnicas de palangre conseguiam chegar a profundidades elevadas recolhiam animais, nunca antes vistos pelo ser humano, a profundidades superiores aos 600 / 700 metros. Estas primeiras expedições oceanográficas, que incluíam registo de batimétricas e catalogação de novas espécies marinhas começaram a revelar que o mar era mais profundo do que se pensava e que essa profundidade tinha mais recursos do que apenas água.»
sábado, 24 de setembro de 2016
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Memória
“O Rei só se justifica como Chefe livre de uma Nação livre. Para que ele possa ser livre, é imprescindível que a Nação o consagre em liberdade, ou por amor da liberdade, como aconteceu com El-Rei D. Afonso Henriques, El-rei D. João I e com El-Rei D. João IV.”
“Por força de uma sucessão dinástica a que me sinto completamente vinculado, achei-me perante deveres recebidos de meu Pai e dos Reis de Portugal, nossos antepassados, que a eles nunca se escusaram.”
“A Instituição Real explica-se por uma dádiva total ao País, para além da existência ou inexistência do Trono.”
Trechos da 1ª Mensagem de S.A.R. Dom Duarte Pio, em Março de 1977
por João Távora
Perspetivas políticas europeias (IV): Cenários
«For
many supporters of the European project, the EU has entered
“uncharted territory,” and for the first time in its 60-year
history, they worry that at least some aspects of EU integration may
be stopped or reversed. Others contend that there is a chance that
the multiple crises currently facing the EU could produce some
beneficial EU reforms and ultimately transform the bloc into a more
effective and cohesive entity. Possible future scenarios for the EU
include the following:
Muddling
Through. The EU would largely continue to function as it currently
does, without any significant treaty changes or decisionmaking
reforms, and find some degree of common solutions to crises such as
those posed by Greece’s economic situation and increasing migratory
pressures. The EU would continue to pursue integration and common
policies where possible, with or without the UK as a member.
Establishing
Two Speeds. The EU would become a two-speed entity, consisting of a
strongly integrated group of “core” countries and a group of
“periphery” countries more free to pick and choose those EU
policies in which they wish to participate. Some analysts suggest
that a two-speed EU already exists in practice, with varying
membership on a range of EU initiatives, such as the Eurozone,
Schengen, justice and home affairs issues, and defense policy. Others
suggest that a formal two-tier structure could undermine solidarity
and create frictions between “core” and “periphery” member
states.
A
Looser, More Intergovernmental Configuration. Further EU integration
would essentially be put on hold, and possibly reversed in some
areas, with sovereignty on certain issues reclaimed by national
capitals. This may be most likely should reform-minded euroskeptic
parties come into power in more EU countries and if the UK is
successful in its bid to carve out additional EU policy exemptions. A
looser structure may make it easier for the EU to expand ultimately
to include Turkey, the remaining aspirants in the Western Balkans,
and other countries such as Georgia and Ukraine.
A
Tighter, More Integrated Configuration. The EU would emerge from its
current challenges more united and integrated. Some suggest such an
outcome could actually be more likely in the event of “Grexit”
and/or “Brexit,” leaving a somewhat smaller EU of member states
more aligned on the need for further political and economic
integration. This configuration would likely not encourage further EU
enlargement.»
Kristin
Archick (Specialist in European Affairs), TheEuropean Union: Current Challenges and Future Prospects,
Congressional
Research Service,
June
21, 2016
domingo, 18 de setembro de 2016
CPLP com sabor a sal
Paulo Serra Lopes |
A CPLP está na sua plena maturidade e deve apontar para objectivos estratégicos mais ambiciosos e conquistar o seu justo lugar na cena geo-política mundial. Deve ser um organismo de peso internacional e não meramente uma associação dos países da lusofonia.
O posicionamento geográfico dos países da CPLP, a sua distribuição por todos os continentes, mas ainda mais relevante a sua distribuição por todos os Oceanos permite uma influência estratégica e um domínio de uma área de Mar que é das maiores do planeta.
O espaço lusófono tem vindo a consolidar presença e relevância no mundo. A criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa representou bem esta ideia de aproximação de Estados independentes com um fim em comum.
As duas décadas de desenvolvimento desta organização e a comemoração neste ano dos seus 20 anos reforçam a ideia da sua criação e legitimam a que se dê um passo maior no protagonismo mundial da CPLP. Está chegada a hora de reclamar nas instâncias internacionais uma competência maior que agrega os países da CPLP para além da lusofonia.
E esta competência é o domínio de uma extensíssima área marítima, porventura uma das maiores do mundo, permitindo assim estender este desígnio do Mar que Portugal tem assumido a uma nova dimensão, a dimensão da lusofonia. Este posicionamento estratégico deve ser encorajado por Portugal e tornar o universo dos países da lusofonia também o universo privilegiado da Economia Azul.
Marcando presença nos vários continentes, da Europa à África, da América à Ásia, o aprofundamento desta relação com o Mar representa ganhos para todos os participantes e uma visibilidade crescente da sua actuação em todas as organizações que têm capacidade de ajudar a talhar para o futuro da Humanidade, a sua relação com os Oceanos.
Será nos Oceanos que o Homem encontrará o seu futuro desenvolvimento e a sustentabilidade que será necessária para a crescente população mundial, que por coincidência terá no Universo da lusofonia, com destaque para o Brasil, uma das maiores taxas de crescimento populacional. Também vários países como o minúsculo Luxemburgo, têm uma crescente população de origem portuguesa, o que fará prever novas potenciais adesões ao universo lusófono da CPLP.
A língua portuguesa é já uma das mais faladas do planeta – e com presença em todos os continentes, agora tenderá a crescer também nos Oceanos.
Portugal foi fundador e é a sede da CPLP. É a única organização internacional transcontinental com sede no nosso país e que agora poderá ser a melhor forma de fazer crescer o prestígio de Portugal e da comunidade lusófona no Mundo. Devemos assim, acarinhar mais a organização e demonstrar o nosso respeito pelo papel que esta pode desempenhar na nossa afirmação na Economia Azul.
As responsabilidades que temos nesta organização é factor necessário e suficiente para que a CPLP tenha condições de dar o salto para uma dimensão maior que consolide o seu estatuto, que lhe confira o reconhecimento internacional enquanto potência de reconhecida história e potencial futuro na exploração dos Oceanos.
É este o desafio do futuro que deveria ser o mote da comemoração do seu vigésimo aniversário: a conquista do seu justo papel nos Oceanos.
Oceanos estes que nos unem, que foram responsáveis pelos descobrimentos, que foram a forma de constituição desta comunidade unida pela língua e agora também pelo Mar.
A comunidade internacional tem de olhar para a CPLP como muito mais que uma mera associação dos Estados que a compõem pela sua língua mas também pelo seu potencial desígnio comum: o Mar.
É tempo da CPLP ser reconhecida por novos valores e impor-se em outros domínios para se criar uma nova era de oportunidades para os seus Estados, para os povos que os constituem e para o futuro da Humanidade. in JEM
sábado, 17 de setembro de 2016
domingo, 11 de setembro de 2016
sábado, 10 de setembro de 2016
Da Poética dos Mares III
Boiar
o sonho nesta nação
única de memória do mar
Depois
de um prolongado fenecer das práticas económicas e sociais dos
portugueses relativamente às suas atividades marítimas, emerge
novamente no pensamento estratégico nacional o mar como desígnio de
desenvolvimento socioeconómico,
elemento fulcral da nossa geoestratégia do mar,
desde 2006, isto é, como fonte de crescimento económico, como meio
desenvolvimento social adequado ao País. Poucos anos depois, as
cidades viram-se para o mar com seus passeios marítimos, a
tecnologia desenvolve-se, começa o direcionamento do investimento
para este amplo setor, ganham-se competências de negócio e
profissionalização, aumenta a atenção dada pela governança, e a
Economia do Mar torna-se visivelmente de social importância
relativamente às suas potencialidades para o emprego, quer pela sua
dimensão quer pelas competências requeridas, transversais a todos
os tipos de qualificação profissional.
O
mar identifica-nos como País distinto no seio de uma globalização
tendencialmente padronizadora e por
suas potencialidades socioeconómicas e culturais podemos encontrar a
dimensão, a escala e a profundidade que falta ao território.
Contudo, haverá também que gerar esse fator grandeza que não
existe na maioria da mentalidade portuguesa. Se já são ensaiados os
primeiros passos para a maritimidade da nossa economia,
regenerando social e economicamente a nossa imensa varanda oceânica
com excelência, monitorizando os produtos e os métodos, ainda falta
uma maior difusão tanto da informação das oportunidades (de que o
Jornal da Economia do Mar e a recentemente iniciada série documental
da RTP «Regresso ao Mar» são exemplo) como também carece a maior
difusão das atividades culturais (artísticas, de lazer e
desportivas) relacionadas com o mar.
A
poesia, geração após geração, não só tem elaborado a leitura
do mar nas várias dimensões em que se tem vindo a relacionar com a
vida portuguesa, mas também, no seu campo próprio de conhecimento
tem conferido e tem acentuado a maritimidade portuguesa, mesmo quando
esta teve nas recentes décadas um recuo tremendo nas áreas
económicas. A poesia, atividade reflexiva e interpretativa, nunca
deixou diretamente de descobrir o mar na identidade portuguesa pela
sua linguagem intemporal. O mar
é um nosso histórico, por várias razões, não apenas geográficas,
culturais e sociais, devido à sua proximidade, mas também,
sobretudo, pelo adquirido histórico, na medida em que assinalámos a
entrada do mundo europeu numa nova época, enquanto se passou a
apresentar o conhecimento do mundo à escala global, encetámos a
época dos avanços científicos e tecnológicos europeus que
perdurou cerca de quinhentos anos, e a terra voltou a ficar redonda.
A rememoração da nossa história permite algumas afirmações
constantes na nossa consciência. Abrimos o mar:
(…)
fomos abrindo aqueles mares,
Que
geração alguma não abriu
(...)
Camões
(Lusíadas,
V, 1572)
Ou,
numa outra versão que perdura nos atuais manuais escolares,
(...) Que
era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os
meninos tinham medo de ir.
Agora o
mar é livre e é seguro
E foi
um português que o foi abrir.
Afonso
Lopes Vieira (Guimarães Ed., 1966-1940)
Abrir
é o verbo comum a estes excertos, mas uma abertura que revela o
âmago da humana aventura no seu caminho pelo apenas provável.
Todavia, além da elevação contínua e sistemática da
sofisticação, além da inovação e domínio técnico, que não
foram de pouca monta, essa abertura não foi realizada sem
sacrifício:
(…) o
corpo morto dum herói, primeiro
Cruzado da unidade deste
mundo,
No dorso frio de uma onda
irada,
Mandou aos mortos, com a mão
na espada,
Boiar o sonho, que não fosse
ao fundo.
Miguel
Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)
E
foi esta afirmação além do individual, esta tenacidade além do
limite humano da mortalidade, incluíndo o projeto pessoal num
desígnio transgeracional, numa marca institucional ou nacional, é
ainda hoje o único sentido que nos pode orientar a realizar caminho
além das possibilidades já configuradas, insistindo em memória e
progresso.
As
possibilidades ou oportunidades abrem como fecham-se e são
contrárias por natureza aos ismos
ou à estabilização. Apenas os objetivos políticos nacionais e o
concomitante desenvolvimento de competências permanecem como pontes
ao mundo futuro. No dizer do poeta,
não há alma
mais poderosa
senão aquela que se constitui pela procura, processo cujo desfecho
é sempre representado num mundo
novo:
No
mundo dos que gritam
Há uma
alma mais poderosa
Mais
chorada pelo povo
E
saudosa.
A
sua arte é a busca do mundo novo.(...)
Miguel
Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)
E
esta procura do novo,
humana realização na incerteza do possível, fosse realizada no
passado ou a que realizamos diária e constantemente, é para nós
historicamente simbolizada pela viagem no Tenebroso.
Tratou-se
e trata-se ainda de unir a certeza do já dado ao mundo que nos está
em falta, o conhecido ao desconhecido, pois da certeza pela incerteza
é feito o caminho da aventura humana:
(...)
Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!)
E o agudo perfil mais se
aguçava,
E o mar jurava cada vez mais
fundo.
Sagres sagrou então a
descoberta
Por descobrir:
As duas margens da certeza
incerta
Teriam de se unir!
Miguel Torga (Gráfica
Coimbra, 1995-1952/1965)
Historicamente
e ainda hoje, para nós, não fora o mar, pouco mais haveria a
continuar:
(...)
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Fernanda
de Castro (Império,
1941)
A
série de acontecimentos históricos só toma sentido por
interpretações, ações e consequências além do seu presente
factual. O Pinhal de Leiria é aumentado por D.Dinis (1279-1325)
já com intenção marítima, depois de plantado por D.Sancho II e
D.Afonso III. Este aumento tornou possível a capacidade - pioneira -
de se adquirir gratuitamente a madeira para a construção de navios
de grande porte, de modo a fazer aumentar as trocas comerciais com o
exterior, contudo, sendo o pinhal sempre renovado na medida dos
cortes então efetuados. Nesta abertura da possibilidade marítima,
tão cedo elaborada em relação à Europa, fomos também os
primeiros seguradores marítimos do mundo, com a Bolsa
de Mercadores
(1293) com D. Dinis e depois com a associação mutualista Companhia
das Naus (1380)
no tempo de D. Fernando (1367-1383).
A inovação técnica acompanhará também a construção naval,
exemplo disto é a
Caravela Redonda, resultado da informação recolhida pelos
portugueses com objetivos de melhoramento das suas possibilidades de
marinharia face aos ventos que foram encontrando. Em
1864 D. Luís criou o Domínio Público Marítimo (DPM). Estadista e
homem de ciência, há 150 anos teve o sonho de tornar Portugal num
HUB dos transportes marítimos europeus, desenvolvendo uma rede
ferroviária desde o coração da Europa até aos portos portugueses,
e uma frota que assegurasse a distribuição de pessoas e mercadorias
para África e América do Sul.
Não
bastasse estas e outras vanguardas portuguesas relativamente aos
assuntos do mar, a
nossa relação com o mar elaborou contributos civilizacionais
singulares, socioeconómicos
e culturais, e justamente nos atribuem a primeira onda da
globalização, na expressão indiana, a era gâmica.
É, pois, nesta dimensão consciente e histórica que a poesia em
Portugal, quando se liga ao mar acontece de forma única, como seu
próprio símbolo e metáfora. A evidenciação desta pertença,
marítima e poética, adquire na expressão de Natália
Correia uma interpretação magistral:
Sou
filha de marinheiros
pelo
mar que também quis.
Pela
linha da poesia
sou
neta de D.Dinis.(...)
Natália
Correia, (Dom Quixote, 2013-1954)
Pelo
mar que também quis
não pode ser uma expressão colhida apenas literalmente como a sua
viagem voluntária efetuada de Ponta Delgada (Açores) a Lisboa, mas
de modo a procurar a plenitude metafórica da poesia terá de ser
esse mar que também
quis, o mar que é
abertura e horizonte em que se elaboram as humanas navegações por
um desconhecido a descobrir. E nisto, continua a sobressair um
símbolo inconfundivelmente de valor universal, a da alma em
constante procura de um mundo novo. Como diz Miguel Torga, essa alma
mais poderosa, que
abre as possibilidades novas.
Saibamos
ultrapassar o tempo conjuntural por determinação política,
institucional e nacional, e construir incessante e sistematicamente
uma Economia do Mar, como fizemos Boiar
o sonho, que não fosse ao fundo.
Assim, na nossa evidência
histórica, seremos como fomos, na vanguarda e na identificação
coletiva,
(...)
uma nação única de memória do mar,
que
não responde senão em nós. (…)
Fiama
Hasse Pais Brandão (Relógio
D'Água, 2000).
sábado, 3 de setembro de 2016
Perspetivas políticas europeias (III)
«(...)
fica tudo misturado no atual caldo de medo europeu, agitado por
demagogos da política e dos media:
o cidadão migrante da UE, inteiramente legal, o migrante ilegal de
fora, o mei-migrante-económico- meio-refugiado político (…), o
refugiado político clássico (…), o muçulmano e o terrorista. Há
uma espécie de continuidade imaginária que vai do canalizador
polaco ao bombista suicida (…).»
Timothy
Garton Ash, «Os muros estão a ressurgir: é 1989 ao contrário»,
in The
Guardian apud Courrier
Diplomatique (versão portuguesa)
domingo, 28 de agosto de 2016
sábado, 27 de agosto de 2016
Perspetivas políticas europeias (II)
«(...)
a Europa deixou de poder considerar-se “a luz do mundo” (...) não
acertou na governança da plataforma da União, dividiu-a entre ricos
e pobres, fez crescer o desamor europeu, viu reaparecer as ambições
das pequenas
pátrias,
e renascer a inquietação dos Estados-Nações
(...)» in Prefácio de Adriano Moreira à "Via Lusófona II" de Renato Epifânio
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Perspetivas políticas europeias (I)
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Globalização (Controvérsias)
Joseph Stiglitz |
«O
falhanço da globalização, quanto ao cumprimento das promessas dos
políticos tradicionais, certamente que minou a confiança no
“sistema”. E as generosas ofertas de resgates dos governos aos
bancos que provocaram a crise financeira de 2008, enquanto os
cidadãos normais tiveram em grande parte que se desenvencilhar
sozinhos, reforçou a opinião de que este falhanço não teria sido
apenas uma mera questão de equívocos económicos.» in Estátua
de Sal
Alessio Terzi |
«Because
globalisation, combined with technological innovation, seems to be
augmenting agglomeration effects within Europe, a case could be made
for substantially expanding the funding of these instruments, while
at the same time ensuring their local take-up and good use.
Ultimately, if the ‘losers of globalisation’ turn against the
European project, this will have repercussions for the whole Union
and, as such, the heavy-lifting cannot be left only to national
policies and welfare states.» in bruegel
blogue
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Frases
Helena Garrido |
«É
preciso começar a pensar livremente no que é melhor para o país.
Porque nos tempos que correm parece que perante um menu de soluções
para os nossos problemas se começa primeiro por estudar o que é que
vai ser percepcionado como sendo de direita e de esquerda. Só
depois, conforme o preconceito de cada um, se vai ao cabaz da
esquerda ou da direita.
No
estado de urgência em que estamos é melhor sermos mais pragmáticos.
Pensar menos em eleições e mais em soluções que ponham de facto o
país na rota do crescimento. Confiança é a palavra chave.» in Observador
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Cadernos Economia do Mar
in JEM
Mar:
um panorama alargado onde Portugal que tem todas as condições
para ser, efetivamente, líder mundial. Tem
uma das maiores áreas marinhas e uma das mais ricas biodiversidades
do planeta. Começa a ter algumas das mais inovadoras empresas do
mundo na área. Tem empresários para continuar a desenvolver-se.
Falta, é certo, alguma capacidade de investimento, mas isso também
é ultrapassável, como todos esperamos que, de facto, seja.
|
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Arte pelos trópicos: pensando nos Jogos Olímpicos - Brasil
O nosso aparelho institucional moderno foi fundado na monarquia
D.Afonso de Bragança (Ajuda, Lisboa, 31 de Julho de 1865 — Nápoles, 21 de Fevereiro de 1920) |
«(...) Militar, diplomata, agente de progresso e entusiasta das engenharias (...) [a] ele ficou também o país a dever o incremento que deu à constituição dos corpos de bombeiros voluntários, ainda hoje uma das mais significativas expressões do serviço à comunidade. Foi, também, fundador do Automóvel Club de Portugal. É tempo de desrepublicanizar a historiografia e repor nos pedestais aqueles que verdadeiramente serviram o Estado, a nação e o povo. (...).» in Real Família Portuguesa (ver também acerca do assunto aqui).
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Afirmação da robótica nacional
«O
Exercício REP 16, contando já com sete edições, foi, uma vez
mais, uma oportunidade única para a afirmação internacional das
capacidades da robótica nacional.»
in JEM
quarta-feira, 13 de julho de 2016
ExCertos
«A
segurança no mar tem sido uma prioridade para os órgãos locais da
DGAM – as Capitanias dos Portos – que existem há mais de 2
séculos e que têm desempenhado um relevante serviço público, quer
como conservatórias do registo de embarcações e de marítimos,
quer na prevenção e reparação dos acidentes marítimos, através
das vistorias periódicas de manutenção e de ações de busca e
salvamento.»
terça-feira, 12 de julho de 2016
segunda-feira, 11 de julho de 2016
sábado, 9 de julho de 2016
ExCertos
Fotografia de Augusto Bobone, 1885 |
Em 1864 D. Luís criava o Domínio Público Marítimo (DPM), um Estadista, um homem de ciência, apaixonado pelo conhecimento científico, que reconheceu a soberania pelo conhecimento. Há 150 anos tinha o sonho de tornar Portugal num HUB dos transportes marítimos europeus, desenvolvendo uma rede ferroviária desde o coração da Europa até aos portos portugueses, e uma frota que assegurasse a distribuição de pessoas e mercadorias para África e América do Sul. Ainda estamos recuperando esta ideia, este desígnio.
apud Manuel Ara de Oliveira
Brexit: a culpa é da esquerda.
«Instead
of vilifying (and verbally neutralizing) the populists as fascists
and racists, and their voters as deluded and stupid (or racist too),
we had better learn from them while scaling up the fight against
them. The successes of the right are the failures of the left. More
precisely: our failure is to have insufficiently realized that, like
the populists, we need to move to some extent ‘beyond left and
right’. Certainly not in order to copy them or to repave the Third
Way, but instead to restore social democracy’s time-honoured
mission: to realize redistributive justice and provide social
protection to the casualties of globalization.»
DickPels in Social Europe
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