sexta-feira, 26 de julho de 2013

Teses I

Os problemas não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua. Penso que a simples continuidade do presente sistema não é capaz de suportar nem as demandas sociais, nem a operacionalidade afirmativa do desenvolvimento ou as dificuldades que diferentes aspectos problemáticos antepõem à sociedade portuguesa. Mas podemos corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Oriente de ontem, Europa de hoje



(...) esta competição a vários níveis, entre Estados e dentro dos Estados - e até dentro das cidades - ajuda a explicar a rápida difusão e evolução da tecnologia (...). À semelhança do que sucedia com a tecnologia militar, a competição gerava avanços à medida que os artesãos iam realizando melhoramentos pequenos mas cumulativos na precisão e na elegância do produto. (...) Em  comparação com a manta de retalhos europeia, a Ásia Oriental era - pelo menos em termos políticos - um vasto cobertor monocromático.

Niall Fergunson, Civilização. O Ocidente e os Outros

terça-feira, 9 de julho de 2013

Paradigma de humanidade (III)

Hans Christian Andersen
  Ao final do século XIX a diferença entre os rumores e as realidades encontradas em Portugal, rumores que haviam feito Hans Christian Andersen hesitar profundamente entre vir e não vir, faz-lhe tecer o elogio e a estranheza dessa diferença, pois

«Diferente é a realidade da imagem que formara de Lisboa pelas descrições que lera. «Mais luminosa e bela» é essa realidade. «Onde estão as ruas sujas que vira descritas, as carcaças abandonadas, os cães ferozes e as figuras de miseráveis das possessões africanas que, de barbas brancas e pele tisnada, com terríveis doenças, por aqui se deviam arrastar?» Nada disso. As ruas são «largas e limpas», as casas «confortáveis com as paredes cobertas com azulejos brilhantes de desenhos azuis sobre branco» e as portas e janelas de sacada «são pintadas a verde ou a vermelho, duas cores que se vêem por toda a parte, mesmo nos barris dos aguadeiros». Há vida e movimento.» (1)

Este quadro luminoso, de largas e limpas ruas, com casas de paredes cobertas com azulejos brilhantes em desenhos de azuis sobre branco, corresponde às impressões por ele colhidas em sua viagem, mas que se não distam daqueles quadros que também pintou Pires de Rebello, mais de trezentos anos antes. O entusiasmo de sua descrição refere um mundo confortavelmente habitado e neste sentido a sua referência ganha também carácter paradigmático. Que diferença entre os autores universais que dizem acerca de Portugal e alguns que só ficaram célebres pelo azedume.
(1) AAVV, Biblioteca Nacional, http://purl.pt/768/1/vap/em-lisboa.html, 2005, p.2

Perspetiva

We need to act
Discurso de Obama na Universidade de Georgetown anunciando a sua nova política perante as mudanças climáticas

sábado, 29 de junho de 2013

Artes

MEC


Mesmo antes da época delas fomos surpreendidos por um presente (...) umas folhas de fava, que cortam cedo para a fava crescer mais forte, que cozemos (...) em água salgada e que comemos boquiabertos, de tão boas que eram: melhores que os melhores espinafres.

MEC, «A amiga das plantas», Ainda Ontem, Público, Sex, 26 de Abril, 2013, pág. 45

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Um pelo contrário




«Increasing centralization has been viewed as the solution for all social and economic problems for quite some time. The basis of this belief is rationality and efficiency. If we centralize production and decision-making, we eliminate all sorts of inefficiencies. Decisions can be made by "top people," and supply chains can be rationalized from a hopelessly inefficient clutter down to a supremely rational and cost-effective pathway. Ironically, in eliminating inefficiency and messy decision-making, centralization eliminates redundancy, decentralized pathways of response and dissent. Once you lose redundancy and all the feedback it represents, you lose resiliency and fault-tolerance.»
                                           adapt. de silveristhenew.com

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Correspondência (Atualizações) 27 Jun 2013

Herman Van Rompuy

Artes

João de Deus


Alma gémea da minha, e ingénua e pura
Como os anjos do céu (se o não sonharam)
Quis mostrar-me que o bem bem pouco dura! 

A Vida (excerto)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Correspondências (atualização) Durão Barroso/Arnaud Montebourg 19PM


A insistência - francesa - na manutenção da excepção cultural nos acordos de comércio livre entre a Europa e os EUA “faz parte de uma agenda antiglobalização que considero completamente reaccionária”, disse Durão Barroso numa entrevista ao International Herald Tribune publicada na segunda-feira. O presidente da Comissão Europeia, que nunca nomeia directamente a França na entrevista, assegurou que acredita na protecção da diversidade cultural, mas que rejeita isolar a Europa. “Alguns dizem que são de esquerda, mas na verdade são culturalmente extremamente reaccionários”, disse.

«Durão Barroso é o combustível da Frente Nacional, declarou Arnaud Montebourg, ministro da Recuperação Produtiva, à rádio France Inter. «Creio que a principal causa do crescente apoio à Frente Nacional prende-se com a forma como a União Europeia (EU) exerce atualmente uma pressão considerável sobre os governos democraticamente eleitos», considerou. Para Montebourg, «a UE não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental, dando razão a todos os partidos nacionalistas, mesmo antieuropeus, da UE». Na segunda-feira, numa entrevista ao International Herald Tribune, José Manuel Durão Barroso considerou «reacionária» a exigência francesa de excluir o setor audiovisual e cultural europeu das negociações para um acordo de comércio livre com os Estados Unidos. «Faz parte de uma agenda antiglobalização que considero completamente reacionária», disse. Na sexta-feira passada, os ministros do Comércio da UE deram "luz verde" à Comissão para o lançamento das negociações com os Estados Unidos da América para um acordo de comércio livre. Para conseguir uma posição de unanimidade, aceitaram, como exigia a França, excluir o setor audiovisual das negociações. 

www.expresso.pt
www.publico.pt

Correspondência Obama/Merkel(atualizações) Wed, Jun 19 10:19 AM



Obama tells Merkel economic policies must improve lives
* Obama says policies must be adapted if goals not reached

 * Must not lose young European generation to unemployment
 

BERLIN, June 19 (Reuters) - The need to balance budgets should not distract from the ultimate goal of economic policy, namely improving people's lives, U.S. President Barack Obama said on Wednesday in what appeared to be a dig at German Chancellor Angela Merkel's focus on austerity. Standing alongside Merkel at a news conference in Berlin, Obama said policies should be changed if they made people worse off, or led to higher unemployment. "All of us have to make sure that our budgets are not out of control. All of us have to undergo structural reforms to adapt to a new and highly competitive economy (...) What's true though is that all of us also have to focus on growth and we have to make sure that in pursuit of our longer-term policies ... we don't lose sight of our main goal, which is to make the lives of our peple better," he added. Germany has championed the need for structural reforms and fiscal consolidation in struggling euro zone countries, where youth unemployment has surged to around 60 percent. It is now adjusting its emphasis on austerity and launching programmes to combat joblessness in southern Europe. Merkel herself will host a youth unemployment conference with fellow EU leaders next month. But many still blame her for their economic woes. "If for example we start seeing youth unemployment go too high, then at some point we have got to modulate our approach to ensure that we don't just lose a generation who may never recover in terms of their careers," Obama said.

www.reuters.com

quinta-feira, 20 de junho de 2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Artes

Joana Vasconcelos

Frases

Pedro Mexia

«(...) a vida em sociedade exige um certo número de fórmulas e amenidades que evitam uma sinceridade desgastante, conflitual, cruel.»

in Expresso, 17 de Março 2012
R. Atual 2055

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pensamentos (com saudades de Henrique Barrilaro Ruas)


«Durante a I República, os monárquicos queriam restaurar a Monarquia contra o Governo. Na II República, a maioria pretendia a Monarquia através do Governo. Nesta III República, a posição dos monárquicos, pelo menos a dos mais significativos, que são os que aparecem agrupados em instituições, em forças políticas, é completamente diferente: defendemos que a Monarquia deve ser restaurada, ou instaurada, quando e da forma que o Povo Português quiser. (...) Depois do 25 de Abril voltou-se em grande parte à I República, à balbúrdia, não tão sanguinolenta, mas sem deixar de ter aspectos de violência (...). [A] República está a afundar-se. É um espectáculo deprimente, degradante. É preciso encontrar uma forma de equilíbrio que só pode estar para além do próprio jogo dos interesses em presença (...).»

in Revista Portugueses

Frases





A sempre Real coluña Brigantina
Em pê, por alvo de olhos magoados,
Os brios sustentou dos Reys passados.

Brás Garcia Mascarenhas, VT, 15, 71, 6-8

terça-feira, 11 de junho de 2013

Desenvolvimento Humano

 



  A modernização não tem por que comportar a ideia radical da contenda com o passado. Aliás, a maior parte das nossas instituições, de assistência social, democráticas, de ensino e ciência, de saúde, de cultura, ou foram fundadas durante a monarquia ou assentam naquelas fundações. Assim a Constituição, o Parlamento, a Democracia, as Escolas públicas, básicas, secundárias ou superiores, os Tribunais, as Misericórdias, os Hospitais, os Teatros, mas também o ensino obrigatório, as estradas, o telégrafo, os comboios, a luz elétrica, a livre expressão e a circulação de ideias, são promoções de uma monarquia atuante no sentido do desenvolvimento social, em consonância com as inquietações de época e com as dinâmicas europeias. A alteração relativa a estilos de vida com melhor saúde, higiene e projetos de vida em aberto, o aumento da literacia, são produtos da ação humana em aberto, não são uma inevitabilidade, mas emergiram por meio de instituições que se vieram implantando durante os últimos séculos. A organização e criação de fontes de financiamento para a beneficência conduziram a uma maior eficácia e extensão dessas atividades, a instrução foi proporcionada por todo o País, das bibliotecas e Academias de D.João V às escolas técnicas com D.Maria I, D.Maria II e monarcas seguintes. Retomada sucessivamente segundo as necessidades de cada época, realizou-se uma constante e abrangente institucionalização do ensino, para que não falecessem as práticas com os mestres de ofícios, mas antes se pudessem reproduzir e avantajar. Ao tempo de D.José cerca de 720 escolas públicas foram instituídas, serviam a instrução das primeiras letras e conhecimentos gerais, e com D.Maria I atingirão mais de 900. Obviamente, nenhuma destas obras de alcance global na sociedade portuguesa foram edificadas em alguns poucos dias e para nenhuma delas se obteve pleno acordo, porém, sempre foi benéfica a continuidade, a consistência, o aperfeiçoamento das políticas, ano após ano, década após década, numa paulatina modernização.

Frases



«(...) uma pátria é o espaço telúrico e moral, cultural e afectivo, onde cada natural se cumpre humana e civicamente. Só nele (...) o seu passado tem sentido e o seu presente tem futuro.»
                                                             Miguel Torga in O Dia, 1976



Artes


(....) Ao menos uma só não me recusem,
        Uma virtude só: amar-te tanto! (...)

Camilo Castelo Branco, Poema dedicado a Ana Plácido (1857)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Monárquicos

João de Carvalho


Actor e encenador, filho do actor Ruy de Carvalho e, da sua esposa, já falecida, Ruth Nóbrega Pereira.

Monárquicos



                                                Pelo editor dos Versos II, 1856 (3ªed)

Frases



"Em tudo na vida, o mais importante são as pessoas."

"A democracia é o regime da liberdade, pelo que é, também, o regime da responsabilidade."
 
"O princípio do Estado de Direito democrático, fundamento consensual da nossa ordem pública, baseia-se na dignidade da pessoa humana."

 Do Prefácio  ao Plano C






Artes

Rui Monteiro
 
"Depois de uma terrível tempestade descansa o mar, assentam-se as áreas, emudecem-se os ventos, abre-se o Céu, aparece o Sol, desfaz-se a névoa, converte-se o que antes era horror, em serenidade, e tornam alegres a romper as águas todas as embarcações (...)"

in RELAÇÃO de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei D. JOÃO O QUARTO, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos. Ficheiros do grupo Monarquicos Portugueses Unidos

Imagens de Portugal I

Consideremos a referência aos portugueses de Jonathan Swift, no final do seu celebrado livro, irónico, mas, ao final, com um desfecho para a responsabilidade e plena de calor humano, onde se exibem aspetos paradigmáticos de humanidade que jamais encontrara:

«Um dos marinheiros, em Português, mandou-me subir, e perguntou quem eu era. (...) Os bons Portugueses ficaram igualmente espantados com a minha singular vestimenta, e a dicção estranha das minhas palavras, que, no entanto, eles entenderam muito bem. Falaram-me com grande humanidade, e disseram: 'tinham a certeza que o capitão me levaria grátis para Lisboa, onde eu poderia voltar para o meu país (…). [O nome do Capitão] era Pedro de Mendez, uma pessoa muito cortês e generosa. (...) Em dez dias, Dom Pedro, a quem eu tinha dado conta de alguns dos meus assuntos privados, impôs-me como uma questão de honra e consciência , 'que eu deveria voltar para o meu país natal, e morar com minha esposa e filhos'. Ele disse-me, 'havia um navio Inglês no porto pronto para sair, e ele iria fornecer-me todas as coisas necessárias.' Seria fastidioso repetir seus argumentos, e minhas contradições. Ele disse, "era completamente impossível encontrar uma ilha tão solitária como eu desejava para viver, mas eu poderia ser senhor em minha própria casa, e passar o meu tempo de forma tão reclusa quanto quisesse.' Acedi (...). Saí de Lisboa no dia 24 de novembro, num navio mercante Inglês, mas quem era o mestre nunca perguntei. Dom Pedro acompanhou-me até ao navio, e me emprestou vinte libras. Despediu-se gentilmente de mim, e abraçou-me na despedida (…).»

                                  Jonathan Swift, Viagens de Gulliver, 1726