Os problemas não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua. Penso
que a simples continuidade do presente sistema não é capaz de
suportar nem as demandas sociais, nem a operacionalidade afirmativa do
desenvolvimento ou as dificuldades que diferentes aspectos problemáticos
antepõem à sociedade portuguesa. Mas podemos
corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas.
terça-feira, 16 de julho de 2013
Oriente de ontem, Europa de hoje
(...) esta competição a vários níveis, entre Estados e dentro dos Estados - e até dentro das cidades - ajuda a explicar a rápida difusão e evolução da tecnologia (...). À semelhança do que sucedia com a tecnologia militar, a competição gerava avanços à medida que os artesãos iam realizando melhoramentos pequenos mas cumulativos na precisão e na elegância do produto. (...) Em comparação com a manta de retalhos europeia, a Ásia Oriental era - pelo menos em termos políticos - um vasto cobertor monocromático.
Niall Fergunson, Civilização. O Ocidente e os Outros
terça-feira, 9 de julho de 2013
Paradigma de humanidade (III)
Hans Christian Andersen |
Ao
final do século XIX
a diferença entre os rumores e as realidades encontradas em
Portugal, rumores que haviam feito Hans
Christian Andersen hesitar
profundamente entre vir e não vir, faz-lhe tecer o elogio e a
estranheza dessa diferença,
pois
«Diferente
é a realidade da imagem que formara de Lisboa pelas descrições que
lera. «Mais luminosa e bela» é essa realidade. «Onde estão as
ruas sujas que vira descritas, as carcaças abandonadas, os cães
ferozes e as figuras de miseráveis das possessões africanas que, de
barbas brancas e pele tisnada, com terríveis doenças, por aqui se
deviam arrastar?» Nada disso. As ruas são «largas e limpas», as
casas «confortáveis com as paredes cobertas com azulejos brilhantes
de desenhos azuis sobre branco» e as portas e janelas de sacada «são
pintadas a verde ou a vermelho, duas cores que se vêem por toda a
parte, mesmo nos barris dos aguadeiros». Há vida e movimento.»
(1)
Este quadro
luminoso, de largas e limpas ruas, com casas de paredes cobertas com
azulejos brilhantes em desenhos de azuis sobre branco, corresponde às
impressões por ele colhidas em sua viagem, mas que se não distam
daqueles quadros que também pintou Pires de Rebello, mais de
trezentos anos antes. O entusiasmo de sua descrição refere um mundo
confortavelmente habitado e neste sentido a sua referência ganha
também carácter paradigmático. Que diferença entre os autores
universais que dizem acerca de Portugal e alguns que só ficaram
célebres pelo azedume.
(1) AAVV, Biblioteca
Nacional, http://purl.pt/768/1/vap/em-lisboa.html,
2005, p.2
sábado, 29 de junho de 2013
Artes
MEC |
Mesmo antes da época delas fomos surpreendidos por um presente (...) umas folhas de fava, que cortam cedo para a fava crescer mais forte, que cozemos (...) em água salgada e que comemos boquiabertos, de tão boas que eram: melhores que os melhores espinafres.
MEC, «A amiga das plantas», Ainda Ontem, Público, Sex, 26 de Abril, 2013, pág. 45
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Um pelo contrário
«Increasing centralization has been viewed as the solution for all
social and economic problems for quite some time. The basis of this
belief is rationality and efficiency. If we centralize production and
decision-making, we eliminate all sorts of inefficiencies. Decisions can
be made by "top people," and supply chains can be rationalized from a
hopelessly inefficient clutter down to a supremely rational and cost-effective pathway. Ironically, in eliminating inefficiency and messy decision-making,
centralization eliminates redundancy, decentralized pathways of response
and dissent. Once you lose redundancy and all the feedback it
represents, you lose resiliency and fault-tolerance.»
adapt. de silveristhenew.com
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Correspondência (Atualizações) 27 Jun 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Correspondências (atualização) Durão Barroso/Arnaud Montebourg 19PM
A insistência - francesa - na manutenção da excepção cultural nos
acordos de comércio livre entre a Europa e os EUA “faz parte de uma
agenda antiglobalização que considero completamente reaccionária”, disse
Durão Barroso numa entrevista ao International Herald Tribune publicada
na segunda-feira. O presidente da Comissão Europeia, que nunca nomeia
directamente a França na entrevista, assegurou que acredita na protecção
da diversidade cultural, mas que rejeita isolar a Europa. “Alguns dizem
que são de esquerda, mas na verdade são culturalmente extremamente
reaccionários”, disse.
«Durão Barroso é o
combustível da Frente Nacional, declarou Arnaud Montebourg, ministro da Recuperação
Produtiva, à rádio France Inter. «Creio que a principal causa do
crescente apoio à Frente Nacional prende-se com a forma como a União
Europeia (EU) exerce atualmente uma pressão considerável sobre os
governos democraticamente eleitos», considerou. Para Montebourg,
«a UE não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das
aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental,
dando razão a todos os partidos nacionalistas, mesmo antieuropeus, da
UE». Na segunda-feira, numa entrevista ao International Herald
Tribune, José Manuel Durão Barroso considerou «reacionária» a exigência
francesa de excluir o setor audiovisual e cultural europeu das
negociações para um acordo de comércio livre com os Estados Unidos. «Faz parte de uma agenda antiglobalização que considero completamente reacionária», disse. Na
sexta-feira passada, os ministros do Comércio da UE deram "luz verde" à
Comissão para o lançamento das negociações com os Estados Unidos da
América para um acordo de comércio livre. Para conseguir uma posição de unanimidade, aceitaram, como exigia a França, excluir o setor audiovisual das negociações.
www.expresso.pt
www.publico.pt
Correspondência Obama/Merkel(atualizações) Wed, Jun 19 10:19 AM
Obama tells Merkel economic policies must improve lives
* Obama says policies must be adapted if goals not reached
* Must not lose young European generation to unemployment
BERLIN, June 19 (Reuters) - The need to balance budgets should not distract from the ultimate goal of economic policy, namely improving people's lives, U.S. President Barack Obama said on Wednesday in what appeared to be a dig at German Chancellor Angela Merkel's focus on austerity. Standing alongside Merkel at a news conference in Berlin, Obama said policies should be changed if they made people worse off, or led to higher unemployment. "All of us have to make sure that our budgets are not out of control. All of us have to undergo structural reforms to adapt to a new and highly competitive economy (...) What's true though is that all of us also have to focus on growth and we have to make sure that in pursuit of our longer-term policies ... we don't lose sight of our main goal, which is to make the lives of our peple better," he added. Germany has championed the need for structural reforms and fiscal consolidation in struggling euro zone countries, where youth unemployment has surged to around 60 percent. It is now adjusting its emphasis on austerity and launching programmes to combat joblessness in southern Europe. Merkel herself will host a youth unemployment conference with fellow EU leaders next month. But many still blame her for their economic woes. "If for example we start seeing youth unemployment go too high, then at some point we have got to modulate our approach to ensure that we don't just lose a generation who may never recover in terms of their careers," Obama said.
www.reuters.com
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Pensamentos (com saudades de Henrique Barrilaro Ruas)
«Durante
a I República, os monárquicos queriam restaurar a Monarquia contra o
Governo. Na II República, a maioria pretendia a Monarquia através do
Governo. Nesta III República, a posição dos monárquicos, pelo menos a
dos mais significativos, que são os que aparecem agrupados em
instituições, em forças políticas, é completamente diferente: defendemos
que a Monarquia deve ser restaurada, ou instaurada, quando e da forma
que o Povo Português quiser. (...) Depois do 25 de Abril voltou-se em grande parte à I
República, à balbúrdia, não tão sanguinolenta, mas sem deixar de ter
aspectos de violência (...). [A] República está a afundar-se. É um
espectáculo deprimente, degradante. É preciso encontrar uma forma de
equilíbrio que só pode estar para além do próprio jogo dos interesses em
presença (...).»
in Revista Portugueses
in Revista Portugueses
terça-feira, 11 de junho de 2013
Desenvolvimento Humano
A modernização
não tem por que comportar a ideia radical da contenda com o passado.
Aliás, a maior parte das nossas instituições, de assistência
social, democráticas, de ensino e ciência, de saúde, de cultura,
ou foram fundadas durante a monarquia ou assentam naquelas fundações.
Assim a Constituição, o Parlamento, a Democracia, as Escolas
públicas, básicas, secundárias ou superiores, os Tribunais, as
Misericórdias, os Hospitais, os Teatros, mas também o ensino
obrigatório, as estradas, o telégrafo, os comboios, a luz
elétrica, a livre expressão e a circulação de ideias, são
promoções de uma monarquia atuante no sentido do desenvolvimento
social, em consonância com as inquietações de época e com as
dinâmicas europeias. A alteração relativa a estilos de vida com
melhor saúde, higiene e projetos de vida em aberto, o aumento da
literacia, são produtos da ação humana em aberto, não são uma
inevitabilidade, mas emergiram por meio de instituições que se
vieram implantando durante os últimos séculos. A organização e
criação de fontes de
financiamento para a beneficência conduziram a uma maior eficácia e
extensão dessas atividades, a instrução foi proporcionada por
todo o País, das bibliotecas e Academias de D.João V às escolas
técnicas com D.Maria I, D.Maria II e monarcas seguintes. Retomada
sucessivamente segundo as necessidades de cada época, realizou-se
uma constante e abrangente institucionalização do ensino, para que
não falecessem as práticas com os mestres de ofícios, mas antes se
pudessem reproduzir e avantajar. Ao tempo de D.José cerca de 720
escolas públicas foram instituídas, serviam a instrução das
primeiras letras e conhecimentos gerais, e com D.Maria I atingirão
mais de 900. Obviamente,
nenhuma destas obras de alcance global na sociedade portuguesa foram
edificadas em alguns poucos dias e para nenhuma delas se obteve pleno
acordo, porém, sempre foi benéfica a continuidade, a consistência,
o aperfeiçoamento das políticas, ano após ano, década após
década, numa paulatina modernização.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Monárquicos
João de Carvalho |
Actor e encenador, filho do actor Ruy de Carvalho e, da sua esposa, já falecida, Ruth Nóbrega Pereira.
Frases
"Em tudo na vida, o mais importante são as pessoas."
"A democracia é o regime da liberdade, pelo que é, também, o regime da responsabilidade."
"O princípio do Estado de Direito democrático, fundamento consensual da nossa ordem pública, baseia-se na dignidade da pessoa humana."
Do Prefácio ao Plano C
Artes
Rui Monteiro |
"Depois de uma terrível tempestade descansa o mar, assentam-se as
áreas, emudecem-se os ventos, abre-se o Céu, aparece o Sol,
desfaz-se a névoa, converte-se o que antes era horror, em
serenidade, e tornam alegres a romper as águas todas as
embarcações (...)"
in RELAÇÃO de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei D. JOÃO O QUARTO, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos. Ficheiros do grupo Monarquicos Portugueses Unidos
Imagens de Portugal I
Consideremos a
referência aos portugueses de Jonathan
Swift, no final do seu celebrado livro, irónico, mas, ao final, com um desfecho
para a responsabilidade e plena de calor humano, onde se exibem aspetos paradigmáticos de humanidade que jamais encontrara:
«Um
dos marinheiros, em Português, mandou-me subir, e perguntou quem eu
era. (...)
Os bons Portugueses ficaram igualmente espantados com a minha
singular vestimenta, e a dicção estranha das minhas palavras, que,
no entanto, eles entenderam muito bem. Falaram-me com grande
humanidade, e disseram: 'tinham a certeza que o capitão me levaria
grátis para Lisboa, onde eu poderia voltar para o meu país (…).
[O nome do Capitão] era Pedro de
Mendez, uma pessoa muito cortês e generosa. (...)
Em dez dias, Dom Pedro, a quem eu tinha dado conta de alguns dos meus
assuntos privados, impôs-me como uma questão de honra e consciência
, 'que eu deveria voltar para o meu país natal, e morar com minha
esposa e filhos'. Ele disse-me, 'havia um navio Inglês no porto
pronto para sair, e ele iria fornecer-me todas as coisas
necessárias.' Seria fastidioso repetir seus argumentos, e minhas
contradições. Ele disse, "era completamente impossível
encontrar uma ilha tão solitária como eu desejava para viver, mas
eu poderia ser senhor em minha própria casa, e passar o meu tempo de
forma tão reclusa quanto quisesse.' Acedi (...).
Saí de Lisboa no dia 24 de novembro, num navio mercante Inglês, mas
quem era o mestre nunca perguntei. Dom Pedro acompanhou-me até ao
navio, e me emprestou vinte libras. Despediu-se gentilmente de mim, e
abraçou-me na despedida (…).»
Jonathan
Swift,
Viagens de Gulliver,
1726
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