quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Reportagem - A bitcoin passa a ser sujeita a imposto na Alemanha
Mikaela compra um quilo de peixe – “três euros”, anuncia o pequeno reclamo – e paga em dinheiro, de mão para mão. Sem recibo, nem caixa. A transação não deixa um único traço visível, a não ser o saco cheio de peixes reluzentes que Mikaela leva consigo.
Duzentos metros mais a sul, no mesmo bairro, Brand bebe um latte macchiato, ao balcão do Floor’s Café. Quando chega a altura de pagar, Brand pega no smartphone, fotografa o flashcode que apareceu no ecrã da caixa, carrega no “OK” e vai-se embora. Também ele não deixou rasto do pagamento que fez. Ou quase. Um software transferiu dinheiro da sua conta na Internet para a conta do café (...) Os dados da transação estão a salvo na cadeia, protegidos por processos criptográficos extremamente rigorosos que impedem que qualquer pessoa tenha acesso a eles ou possa alterar o montante, a origem ou o destino.
Embora satisfaça todos os critérios que definem uma divisa, conforme reconheceu recentemente o juiz texano Amos Mazzant, a bitcoin escapa por completo ao controlo dos governos e dos bancos centrais, que começam a preocupar-se com a sua expansão, em aumento constante.
No início, eram raros os clientes que pediam para pagar em bitcoins. Mas, hoje, todos os dias há alguns que as usam para pagar um café, um bolo ou uma sandes. “Não são nerds com óculos e rabo-de-cavalo. E são tantos homens como mulheres, na maioria jovens, pertencentes aos meios alternativos”, explica Florentina. Para ela, tal como para quase todos os outros “bitcoiners” entrevistados pelo Linkiesta, a principal motivação é o repúdio, que foi tomando forma sobretudo durante a crise, pelos bancos privados e pelas políticas monetárias dos bancos centrais em geral. A divisa alternativa “descentralizada” é considerada como uma coisa mais próxima dos consumidores, além de ser conforme com o espírito da época.
Até à data as transações efetuadas com esta moeda escapavam ao imposto. [A partir de agora], serão deduzidos 25% sobre os benefícios de uma venda em bitcoins. […] Relativamente às empresas, estas deverão incluir uma taxa de IVA em todas as suas transações em bitcoins.
in www.presseurop.pt
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Os factores principais dos bons Índices de Desenvolvimento Humano
O investimento na saúde e no ensino
públicos pagou grandes dividendos; onde não houve, as pessoas
permaneceram pobres.
vide Gregory Clark, Farewell to Alms - A Brief Economic History of the World,
Princeton, 2007
A chave do desenvolvimento social, torna-se cada vez mais evidente, reside nas instituições
«Em a Riqueza e a
Pobreza das Nações, David
Landes advoga a explicação cultural, argumentando que a Europa
Ocidental liderou o mundo ao desenvolver a busca intelectual
autónoma, o método de verificação científico e a racionalização
da investigação e da sua difusão. No entanto, Landes também
considera que foi necessário algo mais para que esse modo de
operação pudesse florescer: intermediários financeiros e bom
governo. A chave, torna-se cada vez mais evidente, reside nas
instituições.»
Niall Ferguson,
Civilização. O Ocidente e os
Outros,
2012
Poesia
Iate Santo Amaro |
Quando
eu era pequeno, vinha o navio de sal,
Era
um acontecimento!
E
meu tio António Machado ia sempre ao areal
Com
o seu óculo de alcance desencanudando a barlavento.
Era
um iate cheio de cordas e de velas,
Chamado
Santo
Amaro,
o Veloz
ou o Diligente
E,
como trazia o sal, que é o sabor das panelas,
Era
esperado tal qual como se fosse um ausente.
Na
barra do horizonte era um ponto sozinho,
Mas
crescia no vento a sua vela crua,
E
o sol, ao morrer, tingia-lhe de vinho
A
proa que vestia a pau a vaga nua.
Ali
vinha, do Alto, sem sextante nem erro,
Enchendo
devagar as previstas derrotas,
E
plantava no fundo a sua raiz de ferro
Fazendo
abrir no céu como flores as gaivotas.
As
raparigas sãs da ribeira do mar,
Que
traziam na pele um aroma silvestre,
Punham
os olhos muito compridos, a cismar
Nas
cordas que secavam as roupas íntimas do Mestre.
Os
pescadores mediam com a linha das pestanas
O
tamanho do Audaz,
a sua popa alceira:
Nunca
tinha arribado àquelas praias insulanas
Tanto
pano de verga, tanto oleado, tanta madeira!
Por
isso, abrindo nas rochas duras
A
branca humanidade das suas nocturnas casas,
Se
encostava ao bater daquelas velas escuras
Como
o corpo de um pássaro se deixa levar pelas asas.
Mas
a bolacha-capitão cheia de bicho, e a água salobra,
O
olhar amarelo e vazado que tinham as lanternas de vante,
A
magra soldada que toda a companha cobra,
E
a calma podre que apenas tem o navio flutuante;
O
frio de rachar na noites devolutas
O
baldear do convés, todo em veios de breu,
E
quantas outras vãs marítimas labutas
Ali
curtidas, entre mar e céu:
Nem
isso, nem o sal nos porões engolidos ̶
Espécie
de luar para ver às avessas ̶ ̶
Lembrava
aos pescadores e aos patrões absorvidos
No
lucro da chegada e no valor das remessas.
Assim
o meu navio de sal, que precipita
Em
pedrinhas de neve águas sem importância,
Guarda
por fora intacta a sua linha bonita
Escondendo
talvez o melhor da sua ânsia.
Ah,
se ele fosse salgar os caldos já tragados,
Tornar
incorruptível a mocidade já verde,
Interessar
o óculo do velho tio e os vidros suados
Da
janela que ao longe este horizonte perde!
Se
fosse encher de branco as paragens insonsas,
Manter
o gosto a vida aos dias moribundos,
Conservar
as faces às moças
E
o movimento aos mares profundos,
Então
sim! Levaria a porto e salvamento
A
sua carga.
Na
dúvida, Capitão, espera o vento,
Iça
as velas e larga!
Vitorino Nemésio, «O
Navio de Sal» in O
Bicho Harmonioso,
1938
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Teses I
Os problemas não podem resolver-se dentro do sistema que os criou e os perpetua. Penso
que a simples continuidade do presente sistema não é capaz de
suportar nem as demandas sociais, nem a operacionalidade afirmativa do
desenvolvimento ou as dificuldades que diferentes aspectos problemáticos
antepõem à sociedade portuguesa. Mas podemos
corrigir a inclinação do sistema a repetir problemas.
terça-feira, 16 de julho de 2013
Oriente de ontem, Europa de hoje
(...) esta competição a vários níveis, entre Estados e dentro dos Estados - e até dentro das cidades - ajuda a explicar a rápida difusão e evolução da tecnologia (...). À semelhança do que sucedia com a tecnologia militar, a competição gerava avanços à medida que os artesãos iam realizando melhoramentos pequenos mas cumulativos na precisão e na elegância do produto. (...) Em comparação com a manta de retalhos europeia, a Ásia Oriental era - pelo menos em termos políticos - um vasto cobertor monocromático.
Niall Fergunson, Civilização. O Ocidente e os Outros
terça-feira, 9 de julho de 2013
Paradigma de humanidade (III)
Hans Christian Andersen |
Ao
final do século XIX
a diferença entre os rumores e as realidades encontradas em
Portugal, rumores que haviam feito Hans
Christian Andersen hesitar
profundamente entre vir e não vir, faz-lhe tecer o elogio e a
estranheza dessa diferença,
pois
«Diferente
é a realidade da imagem que formara de Lisboa pelas descrições que
lera. «Mais luminosa e bela» é essa realidade. «Onde estão as
ruas sujas que vira descritas, as carcaças abandonadas, os cães
ferozes e as figuras de miseráveis das possessões africanas que, de
barbas brancas e pele tisnada, com terríveis doenças, por aqui se
deviam arrastar?» Nada disso. As ruas são «largas e limpas», as
casas «confortáveis com as paredes cobertas com azulejos brilhantes
de desenhos azuis sobre branco» e as portas e janelas de sacada «são
pintadas a verde ou a vermelho, duas cores que se vêem por toda a
parte, mesmo nos barris dos aguadeiros». Há vida e movimento.»
(1)
Este quadro
luminoso, de largas e limpas ruas, com casas de paredes cobertas com
azulejos brilhantes em desenhos de azuis sobre branco, corresponde às
impressões por ele colhidas em sua viagem, mas que se não distam
daqueles quadros que também pintou Pires de Rebello, mais de
trezentos anos antes. O entusiasmo de sua descrição refere um mundo
confortavelmente habitado e neste sentido a sua referência ganha
também carácter paradigmático. Que diferença entre os autores
universais que dizem acerca de Portugal e alguns que só ficaram
célebres pelo azedume.
(1) AAVV, Biblioteca
Nacional, http://purl.pt/768/1/vap/em-lisboa.html,
2005, p.2
sábado, 29 de junho de 2013
Artes
MEC |
Mesmo antes da época delas fomos surpreendidos por um presente (...) umas folhas de fava, que cortam cedo para a fava crescer mais forte, que cozemos (...) em água salgada e que comemos boquiabertos, de tão boas que eram: melhores que os melhores espinafres.
MEC, «A amiga das plantas», Ainda Ontem, Público, Sex, 26 de Abril, 2013, pág. 45
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Um pelo contrário
«Increasing centralization has been viewed as the solution for all
social and economic problems for quite some time. The basis of this
belief is rationality and efficiency. If we centralize production and
decision-making, we eliminate all sorts of inefficiencies. Decisions can
be made by "top people," and supply chains can be rationalized from a
hopelessly inefficient clutter down to a supremely rational and cost-effective pathway. Ironically, in eliminating inefficiency and messy decision-making,
centralization eliminates redundancy, decentralized pathways of response
and dissent. Once you lose redundancy and all the feedback it
represents, you lose resiliency and fault-tolerance.»
adapt. de silveristhenew.com
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Correspondência (Atualizações) 27 Jun 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Correspondências (atualização) Durão Barroso/Arnaud Montebourg 19PM
A insistência - francesa - na manutenção da excepção cultural nos
acordos de comércio livre entre a Europa e os EUA “faz parte de uma
agenda antiglobalização que considero completamente reaccionária”, disse
Durão Barroso numa entrevista ao International Herald Tribune publicada
na segunda-feira. O presidente da Comissão Europeia, que nunca nomeia
directamente a França na entrevista, assegurou que acredita na protecção
da diversidade cultural, mas que rejeita isolar a Europa. “Alguns dizem
que são de esquerda, mas na verdade são culturalmente extremamente
reaccionários”, disse.
«Durão Barroso é o
combustível da Frente Nacional, declarou Arnaud Montebourg, ministro da Recuperação
Produtiva, à rádio France Inter. «Creio que a principal causa do
crescente apoio à Frente Nacional prende-se com a forma como a União
Europeia (EU) exerce atualmente uma pressão considerável sobre os
governos democraticamente eleitos», considerou. Para Montebourg,
«a UE não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das
aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental,
dando razão a todos os partidos nacionalistas, mesmo antieuropeus, da
UE». Na segunda-feira, numa entrevista ao International Herald
Tribune, José Manuel Durão Barroso considerou «reacionária» a exigência
francesa de excluir o setor audiovisual e cultural europeu das
negociações para um acordo de comércio livre com os Estados Unidos. «Faz parte de uma agenda antiglobalização que considero completamente reacionária», disse. Na
sexta-feira passada, os ministros do Comércio da UE deram "luz verde" à
Comissão para o lançamento das negociações com os Estados Unidos da
América para um acordo de comércio livre. Para conseguir uma posição de unanimidade, aceitaram, como exigia a França, excluir o setor audiovisual das negociações.
www.expresso.pt
www.publico.pt
Correspondência Obama/Merkel(atualizações) Wed, Jun 19 10:19 AM
Obama tells Merkel economic policies must improve lives
* Obama says policies must be adapted if goals not reached
* Must not lose young European generation to unemployment
BERLIN, June 19 (Reuters) - The need to balance budgets should not distract from the ultimate goal of economic policy, namely improving people's lives, U.S. President Barack Obama said on Wednesday in what appeared to be a dig at German Chancellor Angela Merkel's focus on austerity. Standing alongside Merkel at a news conference in Berlin, Obama said policies should be changed if they made people worse off, or led to higher unemployment. "All of us have to make sure that our budgets are not out of control. All of us have to undergo structural reforms to adapt to a new and highly competitive economy (...) What's true though is that all of us also have to focus on growth and we have to make sure that in pursuit of our longer-term policies ... we don't lose sight of our main goal, which is to make the lives of our peple better," he added. Germany has championed the need for structural reforms and fiscal consolidation in struggling euro zone countries, where youth unemployment has surged to around 60 percent. It is now adjusting its emphasis on austerity and launching programmes to combat joblessness in southern Europe. Merkel herself will host a youth unemployment conference with fellow EU leaders next month. But many still blame her for their economic woes. "If for example we start seeing youth unemployment go too high, then at some point we have got to modulate our approach to ensure that we don't just lose a generation who may never recover in terms of their careers," Obama said.
www.reuters.com
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Pensamentos (com saudades de Henrique Barrilaro Ruas)
«Durante
a I República, os monárquicos queriam restaurar a Monarquia contra o
Governo. Na II República, a maioria pretendia a Monarquia através do
Governo. Nesta III República, a posição dos monárquicos, pelo menos a
dos mais significativos, que são os que aparecem agrupados em
instituições, em forças políticas, é completamente diferente: defendemos
que a Monarquia deve ser restaurada, ou instaurada, quando e da forma
que o Povo Português quiser. (...) Depois do 25 de Abril voltou-se em grande parte à I
República, à balbúrdia, não tão sanguinolenta, mas sem deixar de ter
aspectos de violência (...). [A] República está a afundar-se. É um
espectáculo deprimente, degradante. É preciso encontrar uma forma de
equilíbrio que só pode estar para além do próprio jogo dos interesses em
presença (...).»
in Revista Portugueses
in Revista Portugueses
terça-feira, 11 de junho de 2013
Desenvolvimento Humano
A modernização
não tem por que comportar a ideia radical da contenda com o passado.
Aliás, a maior parte das nossas instituições, de assistência
social, democráticas, de ensino e ciência, de saúde, de cultura,
ou foram fundadas durante a monarquia ou assentam naquelas fundações.
Assim a Constituição, o Parlamento, a Democracia, as Escolas
públicas, básicas, secundárias ou superiores, os Tribunais, as
Misericórdias, os Hospitais, os Teatros, mas também o ensino
obrigatório, as estradas, o telégrafo, os comboios, a luz
elétrica, a livre expressão e a circulação de ideias, são
promoções de uma monarquia atuante no sentido do desenvolvimento
social, em consonância com as inquietações de época e com as
dinâmicas europeias. A alteração relativa a estilos de vida com
melhor saúde, higiene e projetos de vida em aberto, o aumento da
literacia, são produtos da ação humana em aberto, não são uma
inevitabilidade, mas emergiram por meio de instituições que se
vieram implantando durante os últimos séculos. A organização e
criação de fontes de
financiamento para a beneficência conduziram a uma maior eficácia e
extensão dessas atividades, a instrução foi proporcionada por
todo o País, das bibliotecas e Academias de D.João V às escolas
técnicas com D.Maria I, D.Maria II e monarcas seguintes. Retomada
sucessivamente segundo as necessidades de cada época, realizou-se
uma constante e abrangente institucionalização do ensino, para que
não falecessem as práticas com os mestres de ofícios, mas antes se
pudessem reproduzir e avantajar. Ao tempo de D.José cerca de 720
escolas públicas foram instituídas, serviam a instrução das
primeiras letras e conhecimentos gerais, e com D.Maria I atingirão
mais de 900. Obviamente,
nenhuma destas obras de alcance global na sociedade portuguesa foram
edificadas em alguns poucos dias e para nenhuma delas se obteve pleno
acordo, porém, sempre foi benéfica a continuidade, a consistência,
o aperfeiçoamento das políticas, ano após ano, década após
década, numa paulatina modernização.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Monárquicos
João de Carvalho |
Actor e encenador, filho do actor Ruy de Carvalho e, da sua esposa, já falecida, Ruth Nóbrega Pereira.
Frases
"Em tudo na vida, o mais importante são as pessoas."
"A democracia é o regime da liberdade, pelo que é, também, o regime da responsabilidade."
"O princípio do Estado de Direito democrático, fundamento consensual da nossa ordem pública, baseia-se na dignidade da pessoa humana."
Do Prefácio ao Plano C
Artes
Rui Monteiro |
"Depois de uma terrível tempestade descansa o mar, assentam-se as
áreas, emudecem-se os ventos, abre-se o Céu, aparece o Sol,
desfaz-se a névoa, converte-se o que antes era horror, em
serenidade, e tornam alegres a romper as águas todas as
embarcações (...)"
in RELAÇÃO de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei D. JOÃO O QUARTO, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos. Ficheiros do grupo Monarquicos Portugueses Unidos
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