sábado, 10 de setembro de 2016

Da Poética dos Mares III


in JEM


Boiar o sonho nesta nação 
única de memória do mar

Depois de um prolongado fenecer das práticas económicas e sociais dos portugueses relativamente às suas atividades marítimas, emerge novamente no pensamento estratégico nacional o mar como desígnio de desenvolvimento socioeconómico, elemento fulcral da nossa geoestratégia do mar, desde 2006, isto é, como fonte de crescimento económico, como meio desenvolvimento social adequado ao País. Poucos anos depois, as cidades viram-se para o mar com seus passeios marítimos, a tecnologia desenvolve-se, começa o direcionamento do investimento para este amplo setor, ganham-se competências de negócio e profissionalização, aumenta a atenção dada pela governança, e a Economia do Mar torna-se visivelmente de social importância relativamente às suas potencialidades para o emprego, quer pela sua dimensão quer pelas competências requeridas, transversais a todos os tipos de qualificação profissional.
O mar identifica-nos como País distinto no seio de uma globalização tendencialmente padronizadora e por suas potencialidades socioeconómicas e culturais podemos encontrar a dimensão, a escala e a profundidade que falta ao território. Contudo, haverá também que gerar esse fator grandeza que não existe na maioria da mentalidade portuguesa. Se já são ensaiados os primeiros passos para a maritimidade da nossa economia, regenerando social e economicamente a nossa imensa varanda oceânica com excelência, monitorizando os produtos e os métodos, ainda falta uma maior difusão tanto da informação das oportunidades (de que o Jornal da Economia do Mar e a recentemente iniciada série documental da RTP «Regresso ao Mar» são exemplo) como também carece a maior difusão das atividades culturais (artísticas, de lazer e desportivas) relacionadas com o mar.
A poesia, geração após geração, não só tem elaborado a leitura do mar nas várias dimensões em que se tem vindo a relacionar com a vida portuguesa, mas também, no seu campo próprio de conhecimento tem conferido e tem acentuado a maritimidade portuguesa, mesmo quando esta teve nas recentes décadas um recuo tremendo nas áreas económicas. A poesia, atividade reflexiva e interpretativa, nunca deixou diretamente de descobrir o mar na identidade portuguesa pela sua linguagem intemporal. O mar é um nosso histórico, por várias razões, não apenas geográficas, culturais e sociais, devido à sua proximidade, mas também, sobretudo, pelo adquirido histórico, na medida em que assinalámos a entrada do mundo europeu numa nova época, enquanto se passou a apresentar o conhecimento do mundo à escala global, encetámos a época dos avanços científicos e tecnológicos europeus que perdurou cerca de quinhentos anos, e a terra voltou a ficar redonda. A rememoração da nossa história permite algumas afirmações constantes na nossa consciência. Abrimos o mar:

(…) fomos abrindo aqueles mares,
Que geração alguma não abriu (...)
Camões (Lusíadas, V, 1572)

Ou, numa outra versão que perdura nos atuais manuais escolares,

(...) Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar é livre e é seguro
E foi um português que o foi abrir.
Afonso Lopes Vieira (Guimarães Ed., 1966-1940)

Abrir é o verbo comum a estes excertos, mas uma abertura que revela o âmago da humana aventura no seu caminho pelo apenas provável. Todavia, além da elevação contínua e sistemática da sofisticação, além da inovação e domínio técnico, que não foram de pouca monta, essa abertura não foi realizada sem sacrifício:

(…) o corpo morto dum herói, primeiro
Cruzado da unidade deste mundo,
No dorso frio de uma onda irada,

Mandou aos mortos, com a mão na espada,
Boiar o sonho, que não fosse ao fundo.
Miguel Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)

E foi esta afirmação além do individual, esta tenacidade além do limite humano da mortalidade, incluíndo o projeto pessoal num desígnio transgeracional, numa marca institucional ou nacional, é ainda hoje o único sentido que nos pode orientar a realizar caminho além das possibilidades já configuradas, insistindo em memória e progresso.
As possibilidades ou oportunidades abrem como fecham-se e são contrárias por natureza aos ismos ou à estabilização. Apenas os objetivos políticos nacionais e o concomitante desenvolvimento de competências permanecem como pontes ao mundo futuro. No dizer do poeta, não há alma mais poderosa senão aquela que se constitui pela procura, processo cujo desfecho é sempre representado num mundo novo:

No mundo dos que gritam
Há uma alma mais poderosa
Mais chorada pelo povo
E saudosa.
A sua arte é a busca do mundo novo.(...)
Miguel Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)

E esta procura do novo, humana realização na incerteza do possível, fosse realizada no passado ou a que realizamos diária e constantemente, é para nós historicamente simbolizada pela viagem no Tenebroso. Tratou-se e trata-se ainda de unir a certeza do já dado ao mundo que nos está em falta, o conhecido ao desconhecido, pois da certeza pela incerteza é feito o caminho da aventura humana:

(...) Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!)
E o agudo perfil mais se aguçava,
E o mar jurava cada vez mais fundo.

Sagres sagrou então a descoberta
Por descobrir:
As duas margens da certeza incerta
Teriam de se unir!
Miguel Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)

Historicamente e ainda hoje, para nós, não fora o mar, pouco mais haveria a continuar:


(...) Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Fernanda de Castro (Império, 1941)

A série de acontecimentos históricos só toma sentido por interpretações, ações e consequências além do seu presente factual. O Pinhal de Leiria é aumentado por D.Dinis (1279-1325) já com intenção marítima, depois de plantado por D.Sancho II e D.Afonso III. Este aumento tornou possível a capacidade - pioneira - de se adquirir gratuitamente a madeira para a construção de navios de grande porte, de modo a fazer aumentar as trocas comerciais com o exterior, contudo, sendo o pinhal sempre renovado na medida dos cortes então efetuados. Nesta abertura da possibilidade marítima, tão cedo elaborada em relação à Europa, fomos também os primeiros seguradores marítimos do mundo, com a Bolsa de Mercadores (1293) com D. Dinis e depois com a associação mutualista Companhia das Naus (1380) no tempo de D. Fernando (1367-1383). A inovação técnica acompanhará também a construção naval, exemplo disto é a Caravela Redonda, resultado da informação recolhida pelos portugueses com objetivos de melhoramento das suas possibilidades de marinharia face aos ventos que foram encontrando. Em 1864 D. Luís criou o Domínio Público Marítimo (DPM). Estadista e homem de ciência, há 150 anos teve o sonho de tornar Portugal num HUB dos transportes marítimos europeus, desenvolvendo uma rede ferroviária desde o coração da Europa até aos portos portugueses, e uma frota que assegurasse a distribuição de pessoas e mercadorias para África e América do Sul.
Não bastasse estas e outras vanguardas portuguesas relativamente aos assuntos do mar, a nossa relação com o mar elaborou contributos civilizacionais singulares, socioeconómicos e culturais, e justamente nos atribuem a primeira onda da globalização, na expressão indiana, a era gâmica. É, pois, nesta dimensão consciente e histórica que a poesia em Portugal, quando se liga ao mar acontece de forma única, como seu próprio símbolo e metáfora. A evidenciação desta pertença, marítima e poética, adquire na expressão de Natália Correia uma interpretação magistral:

Sou filha de marinheiros
pelo mar que também quis.
Pela linha da poesia
sou neta de D.Dinis.(...)
Natália Correia, (Dom Quixote, 2013-1954)

Pelo mar que também quis não pode ser uma expressão colhida apenas literalmente como a sua viagem voluntária efetuada de Ponta Delgada (Açores) a Lisboa, mas de modo a procurar a plenitude metafórica da poesia terá de ser esse mar que também quis, o mar que é abertura e horizonte em que se elaboram as humanas navegações por um desconhecido a descobrir. E nisto, continua a sobressair um símbolo inconfundivelmente de valor universal, a da alma em constante procura de um mundo novo. Como diz Miguel Torga, essa alma mais poderosa, que abre as possibilidades novas.
Saibamos ultrapassar o tempo conjuntural por determinação política, institucional e nacional, e construir incessante e sistematicamente uma Economia do Mar, como fizemos Boiar o sonho, que não fosse ao fundo. Assim, na nossa evidência histórica, seremos como fomos, na vanguarda e na identificação coletiva,


(...) uma nação única de memória do mar,
que não responde senão em nós. (…)
Fiama Hasse Pais Brandão (Relógio D'Água, 2000).

sábado, 3 de setembro de 2016

Perspetivas políticas europeias (III)




«(...) fica tudo misturado no atual caldo de medo europeu, agitado por demagogos da política e dos media: o cidadão migrante da UE, inteiramente legal, o migrante ilegal de fora, o mei-migrante-económico- meio-refugiado político (…), o refugiado político clássico (…), o muçulmano e o terrorista. Há uma espécie de continuidade imaginária que vai do canalizador polaco ao bombista suicida (…).» 

Timothy Garton Ash, «Os muros estão a ressurgir: é 1989 ao contrário», in The Guardian apud Courrier Diplomatique (versão portuguesa)


sábado, 27 de agosto de 2016

Perspetivas políticas europeias (II)


«(...) a Europa deixou de poder considerar-se “a luz do mundo” (...) não acertou na governança da plataforma da União, dividiu-a entre ricos e pobres, fez crescer o desamor europeu, viu reaparecer as ambições das pequenas pátrias, e renascer a inquietação dos Estados-Nações (...)»  in Prefácio de Adriano Moreira à "Via Lusófona II" de Renato Epifânio

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Perspetivas políticas europeias (I)





«De que política falamos (...)? Da que está expressa nas chamadas “regras europeias”, verdadeiro programa de estagnação, na melhor das hipóteses, e portanto, a prazo, de recuo do País para uma cada vez maior dependência externa e periferização, sem efectiva melhoria das condições de vida da maioria dos portugueses. (...) O impasse da política portuguesa é apenas este e este “apenas” é gigantesco: se quem manda hoje na Europa, a aliança da Alemanha com alguns países do Centro e Norte da Europa, continuar a impor as mesmas políticas de “ajustamento”, que hoje são criticadas até pelo FMI…, não aceitar proceder a uma mudança que passe pela reestruturação das dívidas, pela baixa dos juros, pela maior flexibilidade na gestão dos défices, por políticas de investimento, e pela solidariedade activa dos países mais ricos com os mais pobres, na tradição dos fundadores da União, nem Portugal, nem a Europa sairão dos impasses actuais.» JPP

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Globalização (Controvérsias)

Joseph Stiglitz

«O falhanço da globalização, quanto ao cumprimento das promessas dos políticos tradicionais, certamente que minou a confiança no “sistema”. E as generosas ofertas de resgates dos governos aos bancos que provocaram a crise financeira de 2008, enquanto os cidadãos normais tiveram em grande parte que se desenvencilhar sozinhos, reforçou a opinião de que este falhanço não teria sido apenas uma mera questão de equívocos económicos.» in Estátua de Sal 
Alessio Terzi
«Because globalisation, combined with technological innovation, seems to be augmenting agglomeration effects within Europe, a case could be made for substantially expanding the funding of these instruments, while at the same time ensuring their local take-up and good use. Ultimately, if the ‘losers of globalisation’ turn against the European project, this will have repercussions for the whole Union and, as such, the heavy-lifting cannot be left only to national policies and welfare states.» in bruegel blogue


sábado, 20 de agosto de 2016

Artes


Andei d'aquem pera além;
vira terras e lugares,
tudo seus avessos tem;
o que não espermentares
não cuides que o sabes bem;
e às vezes, quando cuidamos
que experimentado o já temos,
à cabra-cega jogamos;

Sá de Miranda, excerto in «Écloga Basto», Poesias, Lisboa, 1595

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Frases

Helena Garrido
«É preciso começar a pensar livremente no que é melhor para o país. Porque nos tempos que correm parece que perante um menu de soluções para os nossos problemas se começa primeiro por estudar o que é que vai ser percepcionado como sendo de direita e de esquerda. Só depois, conforme o preconceito de cada um, se vai ao cabaz da esquerda ou da direita.

No estado de urgência em que estamos é melhor sermos mais pragmáticos. Pensar menos em eleições e mais em soluções que ponham de facto o país na rota do crescimento. Confiança é a palavra chave.» in Observador

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Cadernos Economia do Mar

in JEM

Mar: um panorama alargado onde Portugal que tem todas as condições para ser, efetivamente, líder mundial. Tem uma das maiores áreas marinhas e uma das mais ricas biodiversidades do planeta. Começa a ter algumas das mais inovadoras empresas do mundo na área. Tem empresários para continuar a desenvolver-se. Falta, é certo, alguma capacidade de investimento, mas isso também é ultrapassável, como todos esperamos que, de facto, seja.                                
                      apud Jornal da Economia do Mar



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Estação (Verão)



«(...) Vou voltar para os papéis velhos, o meu oceano, a minha praia, o meu mistério. (...)» JPP

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Arte pelos trópicos: pensando nos Jogos Olímpicos - Brasil

Kelly Framel (dir.criativo)


O nosso aparelho institucional moderno foi fundado na monarquia


D.Afonso de Bragança
(Ajuda, Lisboa, 31 de Julho de 1865 — Nápoles, 21 de Fevereiro de 1920) 
«(...) Militar, diplomata, agente de progresso e entusiasta das engenharias (...) [a] ele ficou também o país a dever o incremento que deu à constituição dos corpos de bombeiros voluntários, ainda hoje uma das mais significativas expressões do serviço à comunidade. Foi, também, fundador do Automóvel Club de Portugal. É tempo de desrepublicanizar a historiografia e repor nos pedestais aqueles que verdadeiramente serviram o Estado, a nação e o povo. (...).» in Real Família Portuguesa (ver também acerca do assunto aqui).

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Afirmação da robótica nacional





«O Exercício REP 16, contando já com sete edições, foi, uma vez mais, uma oportunidade única para a afirmação internacional das capacidades da robótica nacional.»

                                                           in JEM

Mar

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Frases




«(…) conssiirando o que lii do coraçom do homem, que he semelhante aa moo do moynho, a qual botada per força das auguas nunca cessa de seu andar, e tal farinha dá como a ssemente que moe.»
                                                          D.Duarte I (1391-1438)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aspeto de um perfil português e campeão

Ver AQUI

ExCertos


«A segurança no mar tem sido uma prioridade para os órgãos locais da DGAM – as Capitanias dos Portos – que existem há mais de 2 séculos e que têm desempenhado um relevante serviço público, quer como conservatórias do registo de embarcações e de marítimos, quer na prevenção e reparação dos acidentes marítimos, através das vistorias periódicas de manutenção e de ações de busca e salvamento.»
                                in António Ribeiro Ezequiel



terça-feira, 12 de julho de 2016

Não estamos longe de outra crise


É importante recordar que, com a grande depressão de 1929/39, todo o sistema capitalista se desmoronou. A crise económica alastrou por todo o mundo civilizado, estimulando o autoritarismo, o internacionalismo soviético e, em réplica, os fascismos. Possamos prevenir.
              

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Campeões!!!

Éder - Seleção Nacional - Campeões da Europa 2016

sábado, 9 de julho de 2016

ExCertos


Fotografia de Augusto Bobone, 1885

Em 1864 D. Luís criava o Domínio Público Marítimo (DPM), um Estadista, um homem de ciência, apaixonado pelo conhecimento científico, que reconheceu a soberania pelo conhecimento. Há 150 anos tinha o sonho de tornar Portugal num HUB dos transportes marítimos europeus, desenvolvendo uma rede ferroviária desde o coração da Europa até aos portos portugueses, e uma frota que assegurasse a distribuição de pessoas e mercadorias para África e América do Sul. Ainda estamos recuperando esta ideia, este desígnio.
apud Manuel Ara de Oliveira

Brexit: a culpa é da esquerda.



«Instead of vilifying (and verbally neutralizing) the populists as fascists and racists, and their voters as deluded and stupid (or racist too), we had better learn from them while scaling up the fight against them. The successes of the right are the failures of the left. More precisely: our failure is to have insufficiently realized that, like the populists, we need to move to some extent ‘beyond left and right’. Certainly not in order to copy them or to repave the Third Way, but instead to restore social democracy’s time-honoured mission: to realize redistributive justice and provide social protection to the casualties of globalization.»
DickPels  in  Social Europe

quinta-feira, 7 de julho de 2016

História e Revolução


Entendem algumas ideologias (presentes) que a história tem um motor independente da ação humana, pessoal e institucional. No passado, com autoritarismo e violência, operaram ruturas (e operarão se lhes for possível) visando impor uma ordem ideológica pela força e pela demagogia, apresentando-se como momento de um processo histórico inevitável e como interpretação que a si mesma se refere como última, senão mesmo final. Ao contrário defendeu Agostinho da Silva, Não haverá movimento definitivo para a Humanidade enquanto esse movimento novo aparecer como inovador, enquanto o que pretende ser revolução final, se apresentar como revolucionária. (As Aproximações, Relógio d'Água, 1990).






domingo, 26 de junho de 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Increasing the money supply (CGD)


The eventual winding up of the European Central Bank's massive bond-buying programme will create problems for highly indebted euro zone countries such as Italy and Portugal, the Greek finance minister said on Thursday. Euclid Tsakalotos warned that their borrowing costs could surge when the ECB ends the now 80-billion-euro-a-month stimulus programme it launched in January 2015 and which has driven down sovereign bond yields across the euro zone. "Quantitative easing has problems and will not last forever" (...) The ECB has pledged to maintain its stimulus programme until March 2017, and possibly beyond, to counter ultra-low inflation in the 19 countries of the currency bloc. "It is very important that we remember that when QE does finish there will be a lot of economies that are now high-debt economies that will have a problem," Tsakalotos told the Brussels Economic Forum"Interest rates of Portugal or Italy now reflect the fact they have got QE." Greece has so far not been a beneficiary of quantitative easing, but it aims to join the programme soon after the conclusion of a reform review under a bailout programme negotiated with euro zone lenders. (Reuters, Reporting by Francesco Guarascio; Editing by Catherine Evans) 09, Junho, 2016 
Quantitative easing (QE) is a monetary policy used by central banks to stimulate the economy when standard monetary policy has become ineffective. A central bank implements quantitative easing by buying financial assets from commercial banks and other financial institutions, thus raising the prices of those financial assets and lowering their yield, while simultaneously increasing the money supply.This differs from the more usual policy of buying or selling short-term government bonds to keep interbank interest rates at a specified target value.

domingo, 5 de junho de 2016

Poesia


Lisboa em cenário de verão

Forte sol e cigarra
Seco pleno céu
Horta, vegetal alinho
Verde jardim de laranjeira

Luz e sombra generosa
Água líquida movente
Perfeita redonda linha
Esquadria útil infinita

Mármore janela armada
Cor natural e sóbria
Arvoredo e vigorosa planta
Gente sossegada ou lamentosa

14/15Set2011

Poesia

João Pedroso, 1877
O mar azul se encrespa 
Coa vespertina brisa, 
E no casal da serra 
A luz já se divisa. 


Alexandre Herculano, «AVoz» (excerto),  
in A Harpa do Crente

quinta-feira, 2 de junho de 2016

ExCertos



«Acredito profundamente na Monarquia, na instituição Real como a solução mais civilizada para a chefia dum Estado europeu e quase milenar como o nosso. Num tempo de relativismo moral, de fragmentação cultural e de enfraquecimento das nacionalidades, mais do que nunca há urgência numa sólida referência no topo da hierarquia do Estado: o Rei, corporização dum legado simbólico identitário nacional, garante dos equilíbrios políticos e reserva moral dum povo e seus ideais. O Rei, primus inter pares, é verdadeiramente livre e, por inerência, assim será o povo.»
João Távora, Liberdade 232, Aldeiabook, Abril de 2013, pág.104

ExCertos

João Carlos Tavares

«(...) [A] vigilância laica que a esquerda dedica ao catolicismo transforma-se em paixão multicultural (...).» in Público


terça-feira, 17 de maio de 2016

Redução do horário de trabalho: conclusões de uma experiência real, ao fim de um ano de jornadas laborais de seis horas diárias


visao.pt

Redução do horário de trabalho resulta em maior produtividade para a empresa e em mais tempo livre para o trabalhador. Parece um contrassenso, mas são as conclusões de uma experiência real, ao fim de um ano de jornadas laborais de seis horas diárias. Sem perdas no salário. Há um ano, 68 enfermeiras aceitaram o papel de "cobaias" num lar de idosos de Gotemburgo, a segunda maior cidade da Suécia. O governo queria saber se a redução do horário de trabalho de oito para seis horas, opção já seguida por algumas empresas privadas no país, proporcionaria apenas mais tempo livre aos trabalhadores ou também efeitos positivos na sua produtividade. Segundo as conclusões agora apresentadas, as duas ideias casam uma com a outra. As enfermeiras que participaram na experiência de trabalhar menos horas por dia, sem alterações no salário, mostraram-se 20% mais felizes do que as de um grupo de controlo com responsabilidades idênticas, mas com oito horas de trabalho diárias. As primeiras faltaram metade das vezes por baixa médica e precisaram de menos pausas para descansar, além de revelarem uma energia maior. Essa disponibilidade física permitiu-lhes realizar mais 64% de atividades com os idosos, quando comparadas com as enfermeiras obrigadas a uma carga horária mais alargada. "Isto significa cuidados prestados de maior qualidade", destacou Bengt Lorentzon, um dos responsáveis pela coordenação do projeto, à agência de notícias BloombergA ideia de uma jornada laboral de seis horas já tinha sido experimentada na função pública da Suécia, mas, como não ficou comprovada a eficácia da medida, foi interrompida em 2005. No setor privado, desde o início deste século que a sucursal da Toyota em Gotemburgo aderiu às seis horas de trabalho diário e a agência Brath, especializada em marketing digital, segue os mesmos passos. Magnus Brath, o fundador, diz no site oficial da empresa que a iniciativa lhe permite "contratar e segurar os talentos", pois "assim que os trabalhadores se habituam a ir buscar as crianças à escola ou a cozinhar um bom jantar, não vão querer perder isso outra vez". Este patrão sueco garante que a produtividade aumentou e acredita que a preocupação com o bem-estar dos seus funcionários está na base do sucesso da Brath, que desde 2012 tem vindo a dobrar os lucros de ano para ano. No estudo realizado no lar de idosos, não foi contabilizado o aumento de custos para o empregador, neste caso o estado, que foi obrigado a contratar mais 15 enfermeiras para compensar a redução da carga horária. Rui Antunes in Visão


Imagens de Portugal



«Portugal (...) [um] povo com uma capacidade única de perpetuar-se em outros povos. Dissolvendo-se neles a ponto de parecer ir perder-se nos sangues e nas culturas estranhas, mas ao mesmo tempo comunicando-lhes tantos dos seus motivos essenciais de vida e tantas das suas maneiras mais profundas de ser, que, passados séculos, os traços portugueses se conservam na face dos homens e na fisionomia das casas, das igrejas, dos móveis, dos jardins, das embarcações, das formas dos bolos.»  
Gilberto Freyre, O Mundo que o Portugês Criou & Uma Cultura Ameaçada: A Luso-Brasileira, Livros do Brasil, Lisboa, 1940, 1ª ed.port, págs. 89-90.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

O Apelo do 9 de Maio - [Um] Roteiro para um novo Renascimento da Europa



Seja qual for o resultado do referendo britânico, a Europa precisa de mudança agora. A questão que se coloca é decisiva: para estar em condições de enfrentar os grandes desafios que se apresentam, e de se reconectar com os cidadãos europeus, desiludidos com o projecto europeu, é preciso “refazer” a Europa. É preciso torná-la numa fonte inspiradora para combater a marginalização económica e política, mas também moral e cultural. A escolha é muito simples, ou conseguimos  tornar a Europa num projecto de futuro e de esperança para todos... ou estamos perante o início do fim da União!
Sem uma nova dinâmica política, virada para o cidadão e com o envolvimento de todos, há um risco real  de a Europa reviver demónios populistas antigos e, mesmo que a história não se repita da mesma forma, o que daí advir será igualmente desastroso.
A condição para o sucesso desta nova etapa é a consciencialização e valorização do que é a União Europeia: a entidade política, económica e social mais solidária, menos injusta, mais democrática, mais pacífica e, simultaneamente, a mais diversificada que a humanidade alguma vez conheceu. “Uma das maiores realizações políticas e económicas do nosso tempo”, como descreveu recentemente o Presidente Obama. No entanto, para manter os valores fundadores da Europa e fazer com que ela reconquiste o seu papel no mundo, é necessário uma estratégia ambiciosa, realista e holística.
Precisamos de um roteiro preciso. No curto prazo, seria importante que as instituições europeias e os Estados Membros – ou pelo menos um grupo relevante deles contando com a França e e Alemanha – tragam para a mesa um roteiro para lidar com as várias crises simultâneas. Para restaurar a confiança mútua e relançar a confiança na Europa, preconizamos seis iniciativas estratégicas:
1. A primeira iniciativa deve focar-se no fortalecimento da cidadania europeia. Como é possível para alguém sentir-se europeu sem uma cultura cívica comum, sem se ser capaz de realmente escolher os seus líderes e o seu programa de trabalho? A este respeito, os Estados devem comprometer-se a implementar uma estratégia comum de educação para a cidadania europeia. É igualmente necessário obter um compromisso de que o futuro presidente da Comissão Europeia vai realmente ser escolhido em função do resultado nas urnas. Também é preciso clarificar as regras no que toca à realização de referendos para decidir sobre a permanência dos Estados na União e evitar renegociações. Uma Europa “a la carte” não é opção.
2. Uma estratégia de segurança e defesa é necessária para defender os cidadãos da União Europeia. Em matéria de segurança interna, os Estados devem cumprir os seus compromissos em termos de partilha de informação e de cooperação em matéria policial (Europol) e judicial (Eurojust). Externamente, precisamos de um verdadeiro sistema de fronteiras europeu baseado num corpo europeu de guarda de fronteiras e infraestruturas modernas de controlo e acolhimento em linha com os nossos valores. Em paralelo, a UE deve adoptar uma nova política de vizinhança, com os recursos humanos e financeiros necessários, focada na estabilização das regiões vizinhas, no plano económico, cultural, diplomático e militar.
3. A terceira iniciativa diz respeito aos refugiados. O acordo com a Turquia não é a solução a longo prazo. Este país está a transbordar e os traficantes transbordam noutras rotas. Deve envolver uma solução a longo prazo para a crise de refugiados A Europa tem que escolher uma outra via: os europeus devem desenvolver uma estratégia para acolher, integrar e preparar as condições para um regresso dos refugiados aos países de origem. Não se trata de acolher todos os refugiados, mas aqueles que estão dispostos a aceitar os nossos valores e tem vontade de se integrar no nosso modo de vida. Tal política só poderá ser aceite se a UE contribuir para a melhoria de vida de todos os cidadãos europeus.
4. Esse é o desafio da quarta iniciativa estratégica, que deve incidir sobre o crescimento e o investimento, através da implementação de uma segunda fase do plano Juncker. É fundamental investir nas indústrias de futuro, que criem empregos de proximidade, permitindo a modernização sustentável da economia e a criação de novas vantagens competitivas. Esta iniciativa deve fazer parte de uma política industrial comum ofensiva, que permita construir margens de autonomia. A título de exemplo, um plano de desenvolvimento e reabilitação do habitat, com base em novos materiais e tecnologias digitais, transformará a vida dos nossos concidadãos dar-nos-á uma liderança mundial neste sector. Preconizamos também outros planos semelhantes focados nas redes de transportes, energias renováveis, competências digitais, saúde, indústrias culturais e criativas.
5. Quanto à zona euro, é importante reforçar o seu potencial de crescimento e a sua capacidade de lidar com choques assimétricos, mas também para promover a convergência económica e social. Estes deveriam ser os novos desígnios do Mecanismo Europeu de Estabilidade deve procurar dar resposta a estes objectivos. Devemos dotar a zona euro de uma capacidade orçamental própria e finalmente concluir a união bancária, corrigindo também os seus defeitos.  
6. A sexta iniciativa deve ser inspirada no programa Erasmus, mas para todos e a começar no ensino secundário. A questão é simples, expandir os horizontes culturais, profissionais, geográficos e linguísticos de todos os jovens cidadãos europeus para promover a igualdade de oportunidades e transmitir um sentimento de pertença comum.
Estas iniciativas contribuem para colocar o cidadão no centro do projecto europeu e reforçarem o crescimento, o emprego e a inovação.  Estas propostas podem ser facilmente implementadas no prazo máximo de dois anos e meio, tudo depende da vontade política. Roosevelt fez algo semelhante em 1932 com o New Deal. As nossas economias são suficientemente avançadas para corresponder à magnitude destas aspirações. Os fundos podem ser mobilizados através das margens não utilizadas do próprio orçamento da UE e através de novos recursos. A utilização de recursos próprios e a mobilização de empréstimos através  do BEI são soluções a considerar.
A médio prazo, é essencial mobilizar os cidadãos europeus para uma reflexão colectiva. Esta dinâmica de mudança deve criar as condições para uma nova conferência intergovernamental ou para uma nova convenção europeia para tornar a Europa uma grande potência democrática, cultural e económica, garantindo no seu seio a solidariedade e os direitos fundamentais hoje ameaçados, uma potência que se atribui os seus meios de soberania. O novo Tratado que resultará daqui poderia aplicar-se apenas aos Estados que desejem uma integração mais profunda, convencidos de que o interesse geral Europeu não se limita à soma dos interesses nacionais. 
Mas tudo isto só será possível se as dezenas de milhões de europeus que ainda acreditam no projecto europeu, e que acreditam que é possível mudar o presente para um futuro melhor, se mobilizem em defesa deste projecto colectivo. (...)

Soneto (Núpcias a 6 de Junho de 1760 de D.Maria e D.Pedro III)

Cruz e Silva, Sonetos

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Mar - Poesia

Thomaz Ribeiro


Do Sul e das Periferias Europeias


«O facto é que a Europa nasceu no Sul e expandiu-se através da periferia. A partir da Grécia, com a Filosofia; de Roma, com o Direito; de Portugal, oferecendo ao mundo a Liberdade trazida pelo Cristianismo e conferindo-lhe a verdadeira Catolicidade que sempre lhe foi essencial, e, claro, até a periférica Inglaterra, a segunda Potência Marítima do Mundo, sucedendo a Portugal, levando e impondo a Civilização aos mais recônditos e afastados lugares do mundo. No Sul, sim, nasceu a Civilização. No Sul, sim, foi durante séculos onde esteve a riqueza e o brilho da Europa. Diferenças e mesmo diferendos entre o Norte e o Sul, sempre houve, mas daí a uma correlação entre o êxito económico do Norte e uma suposta superioridade ética de cariz religioso, vai um passo que não se afigura, por completa inadequação, avisado dar.»

Gonçalo Colaço «Da Singularidade de Portugal à Afirmação de uma Estratégia Nacional para o Mar» in Pedro Borges Graça e Tiago Martins (Coord.), O Mar no Futuro de Portugal. Ciência e Visão EstratégicaCentro de Estudos Estratégicos do AtlânticoJunho de 2014, pág. 140

Efeméride

5 de Maio de 1210, nasce em Coimbra D. Afonso III