sexta-feira, 15 de maio de 2015

Anotações na perspetiva histórica

«A humanidade não é um dado concreto imediato, como o são as espécies animais. É uma conquista dos seres humanos que participam no processo e na aventura de ser no tempo e nas comunidades. A modernização gerou as princiais dinâmicas do mundo contemporâneo, mas não tem por que comportar a ideia radical da contenda e da rutura com o passado. Aliás, a maior parte das nossas instituições, de assistência social, democráticas, de ensino e ciência, de saúde, de cultura, ou foram fundadas durante monarquia constitucional ou assentam naquelas fundações. Assim a Constituição, o Parlamento, a Democracia, as Escolas públicas, básicas, secundárias ou superiores, os Tribunais, as Misericórdias, os Hospitais, os Teatros, mas também o ensino obrigatório, as estradas, o telégrafo, os comboios, a luz eléctrica, a livre expressão e a circulação de ideias, são acolhimentos e promoções de uma monarquia actuante e acolhedora ao sentido do desenvolvimento social, traço que sempre pode confirmar-se pelas instituições criadas no antigo como no novo regime, antes e a partir de 1822, em consonância com as inquietações de época e com as dinâmicas europeias
A introdução de novas técnicas, produções, saberes, a alteração relativa a estilos de vida com melhor saúde, higiene e projectos de vida em aberto, a mobilidade social, o aumento da literacia, são produtos da acção humana, nomeadamente orientadas a partir das instituições políticas, não são uma inevitabilidade. As ideologias que cindem o passado do futuro serviram de suporte a uma abordagem revolucionária que muitos e maus frutos deu, em sofrimento e perda de vidas humanas. A tentação de reduzir a complexidade da nossa vivência social a uma equação simples sempre produziu mais males que benefícios. Ao ganharmos perspetiva histórica sabemos que, se as épocas fazem prescrever, renovar ou criar diferentes entendimentos, a natureza humana não mudou muito nos últimos 2500 anos. »

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Interessante conferência em Lisboa


A Real Associação de Lisboa promove neste próximo Sábado, 23 de Maio, pelas 15:00, uma conferência: "Comunicar a Monarquia". Reunirá no Altis Grand Hotel (Rua Castilho, 11 - 1269-072 Lisboa) um painel de especialistas composto por Raquel Abecassis (Jornalista da Rádio Renascença), João Palmeiro (Presidente da Associação Portuguesa de Imprensa) e Rodrigo Moita de Deus (Consultor de Comunicação).

Com os nossos melhores cumprimentos,

A DirecçãoReal Associação de Lisboa
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1200-243 Lisboa
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quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Chefia de Estado


Ao mesmo tempo que anda deslumbrada com as candidaturas presidenciais que se acotovelam na ilusão de representarem os portugueses, a nossa comunicação social republicana não resiste ao charme das monarquias desde que sejam longe e da realeza desde que seja estrangeira. Esta é a explicação que encontro para a larga cobertura dada este fim-de-semana ao nascimento da princesa filha dos duques de Cambridge, numa demonstração de patriotismo do avesso.
A esse propósito, no que diz respeito à perspectiva estritamente política, nunca é de mais relembrar que a chefia hereditária do Estado, que maioritariamente subsiste legitimada pela história nos países europeus mais desenvolvidos, é um factor de equilíbrio e de religação nacional, último reduto da unidade identitária e dos valores perenes do ideal comum, sempre ameaçados pela legítima mecânica democrática, cujo exercício por natureza exacerba a luta faccionaria que compele à desagregação. Um símbolo maior, espelho da comunidade de afectos que é Portugal. 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Em leitura


Dona Clóris - «(...) as suas finezas, por encarecidas, perdem a estimação de verdadeiras; que quem tem a língua tão solta para os encarecimentos terá presa a vontade para os extremos.»

António José da Silva, Guerras do Alecrim e Manjerona, Parte I, Cena IV

domingo, 10 de maio de 2015

ExCertos



«Portugal precisa de um chefe de Estado independente e que represente com inabalável legitimidade histórica cada um de nós e o que somos enquanto povo.»

João Távora, presidente da Real Associação de Lisboa e editor do “Correio Real”

Está pelo seu país e pelo seu povo (não está por conta própria, não está para enriquecer ou por carreirismo)

“Lembro-me de Tony Blair dizer que as reuniões para as quais ele se preparava melhor e também as mais ricas eram as que tinha com a rainha de Inglaterra.” O que faz ela? Ouve, responde e faz perguntas e nada mais do que isso: “Mas o acervo é de tal maneira rico e advém não só da sua experiência dos últimos 60 anos, mas também da sua própria posição, que é politicamente isenta, falando tanto com trabalhistas, sociais-democratas, liberais. Não está por conta própria, não está para enriquecer, por carreirismo. Está pelo seu país e pelo seu povo”.
Luís Lavradio in Jornal I

sábado, 9 de maio de 2015

No Mar em que de Novo Amor me Guia


  (...)

Valha-me navegar meu pensamento
Com tal estrela, cuja formosura
Abranda o duro mar de meu tormento

Fernão Rodrigues Lobo Soropita

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Em leitura





Semicúpio: «(...) encobres olho e meio, para matares gente de meio olho! Escusados são esses esconderelos, pois pela unha desse melindre conheço o leão dessa cara.»

in António José da Silva (outro desgraçado poeta da língua portuguesa), Guerras do Alecrim e Mangerona, Seara Nova Editorial Comunicação, 1980 (1737), Apresentação crítica, notas, glossário e sugestões para análise literária de Maria de Lourdes A. Ferraz

Mar




Do grande mar do meu tormento antigo,
Como aurora d’amor sai a esperança,
Vestida já da luz que de si lança
O sol que eu sempre temo e sempre sigo.

Ao seu aparecer foge o perigo;
Aonde quer que a claridade alcança,
Rompe o véu negro da desconfiança
Que juntamente aprovo e contradigo.

Mas o secreto d’alma, inda toldado
Das nuvens negras com que antigamente
A cercou por mil partes meu cuidado,

Se a luz de tanta glória inda não sente,
São efeitos cruéis do mal passado
Que lhe não deixam ver o bem presente.


Fernão Rodrigues Soropita

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Poesia (Mar)



Salgado plantio e fauna
Transparente, animado e diverso
Fresco líquido odor 
Alvo, brilhante e azul

Anémonas, plumas e pomos
Flora e fruto marítimo
Peixes e pedras coloridas
Líquida luz mexida,
Abundante renda que rebrilha

DESmitos

Imagens de Portugal (S.Miguel - Açores)

Pedro Jorge Alves






Nem só de brazões se fazem estas famílias


http://www.ionline.pt/389680
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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Monarquistas



Sabedoria (e ciência)



Imagens de Portugal


Casa branca e larga,
Desenhado passeio e árvore,
Horta, fonte de avencas,
Fresco amor de laranja,
Longa tarde infinita,
Minha noite rutilante,
Portugal meu feliz regaço
Variado jardim plantado,
A cultivar e a guardar,
Pomar sonoro e doce,

Mar azul, meu sono eterno.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Imagens de Portugal


Monarquia na origem de tudo quanto é institucionalmente contemporâneo

  
Os selos com efígie da rainha D. Maria II foram os primeiros selos postais portugueses. Foram emitidos em 1853, com cunho de Francisco de Borja Freire e impressos na Casa da Moeda.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Leituras


«O impossível ideal de um mundo que teria reencontrado a sua unidade deve manter-se, no próprio seio da irremediável dispersão, como princípio regulador da investigação e ação humanas.»

Pierre Aubenque, Le Probème de l'Être chez Aristote, Essai sur la Problematique Aristotélicienne, PUF, 1962, p.402

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Conferência de Richard Zenith acerca de Fernando Pessoa na Livraria do Congresso EUA

TITLE: Fernando Pessoa: An Englishly Portuguese, Endlessly Multiple Poet 

SPEAKER: Richard Zenith 
EVENT DATE: 2015/03/04
RUNNING TIME: 64 minutes
TRANSCRIPT: View Transcript (link will open in a new window)




Para o ano é que é

«Caro leitor, desculpe, mas eu já escrevi isto. Quer continuar, se já leu isto? Já leu isto, já ouviu isto e provavelmente pensava que já tinha pago isto. Mas isto continua, ano após ano, isto a que chamam consolidação que não consolida, equilíbrio que não equilibra, ajustamento que não ajusta. A austeridade não arma crescimento nem desarma de nós. Mesmo o crescer é sempre a perder e de cada vez que anunciam que tem de ser é como nos mandassem à perda.
A perda é até mais de esperança do que de dinheiro. “A década perdida” é uma expressão errada, porque não é uma, são duas: entre 2001 e 2010, a economia portuguesa cresceu 0,8%. E de 2011 a 2020 vai crescer... uns miseráveis 0,2%. Somos o sétimo país com o crescimento mais lento do mundo.
Calma, este não é um texto contra este governo de direita nem contra o anterior governo de esquerda — sim, eu também já escrevi isso, uma e outra coisa, o de Sócrates pela loucura da dívida acelerada sem proveito coletivo, o de Passos pelo falhanço nas reformas que levassem à reconversão da economia. Se for contra o Governo, então este texto é contra o próximo. Porque se o próximo não souber mais do que isto, estamos perdidos; perdidos na alta austeridade e no baixo crescimento como se tivéssemos defeito de fabrico. Não temos. Mas ouve-se Passos dizer que não há nenhuma razão para Portugal não ser dos países mais competitivos do mundo (...).»

Pedro Santos Guerreiro, in Expresso, 18/04/2015

Leituras interessantes

http://pedrolains.typepad.com/


sábado, 18 de abril de 2015

Pensamento


«Our sense of reality is multiplied by this world of fiction and possibility»

apud A Ricoeur Reader. Reflection and Imagination, p.443

Poesia (Mar)



«Ó glória de saber que o Mar termina
onde minha coragem se acabar,
a ti dou quanto é mau!
Glória de por meus nervos garantir
O direito de escarnecer da Morte
quando a Morte julgar que me venceu!»

Sebastião da Gama

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Pensamento

Camilo Castelo Branco


De "A invenção do dia claro"

Há coisas inteiras feitas de duas metades e aonde não se pode cortar ao meio para separar essas duas metades.
Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A melhor escola


«(...) [Na escola] de amor se alcança com perfeição tudo o que pelas [escolas] do mundo variadamente se aprende e com muito decurso de anos se alcança: o aviso no falar, a discrição no escrever, a brandura  no conversar, a polícia no vestir, a graça no parecer, a cortesania no tratar, a liberalidade no despender, o esforço no pelejar, a largura no jogar, a humildade no servir e a pontualidade no merecer.»
                                           Francisco Rodrigues Lobo
  

terça-feira, 14 de abril de 2015

Evocação

 
«Um verdadeiro pensamento, podendo e devendo ser exposto de forma acessível e clara nunca é na verdade, simples. E ainda bem: se a complexidade suscita interpretação, sendo também certo que é interpretando chegamos à fronteira - com sorte ao território - do pensar.»

Intervenção do Senhor Arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles





Livro do Armeiro Mor


Armas de D.Manuel I
in «Livro do Armeiro Mor»

Pelo Novo Acordo Ortográfico


Acerca da língua portuguesa: «Escreve-se da maneira que se lê, e assim se fala.»

Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia, Diálogo I

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Soberania Popular


   A soberania popular é uma ideia que desde João das Regras (+1404) e após 1641 com César de Meneses e Velasco de Gouveia foi estabelecida em Portugal. Uma teoria da soberania popular pode ser encontrado na escola de Salamanca  (Francisco de Vitória (1483–1546) ou Francisco Suárez (1548–1617), que consideravam a soberania passando igualmente de Deus para todas as pessoas, não somente para os monarcas. Decorre também no pensamento político europeu da escola contratualista (de 1650 a 1750), representada por Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). A doutrina central é a de que a legitimidade do governo ou da lei está baseada no consentimento dos governados. A soberania popular é assim uma doutrina básica da maioria das democracias. Todos postulavam que os indivíduos escolhem entrar em um contrato social contra os perigos e riscos de um estado natural.

Artes

Teresa Abreu Lima

Gaspar Pires de Rebelo
Fala amorosa de Policena a Sisnando

Poesia (Mar)



(…) os ventos despregados
Sopravam rijos na rama,
E os ceos turvos, annuviados,
O mar que incessante brama...
Tudo alli era braveza
De selvagem natureza.


Almeida Garrett, «Cascaes» (excerto) in Folhas Caídas, 1853

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Perdura a capacidade portuguesa para a mudança


No curso da nossa democracia contemporânea (desde 1974) as dificuldades por que passámos 
foram inúmeras, todavia penso que perdura a capacidade portuguesa para a mudança, 
hoje necessária para ultrapassar o atual estado de uma democracia: tortuosa, sem colaboração 
entre instituições e desacreditada.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sou monárquico por rigorosa convicção intelectual


António Filipe Pimentel - Gestor Cultural - Museu de Arte Antiga

Observador: (...) No início de 2016 o país vai necessitar de que perfil na Presidência da República? Alguém que assegure pequenas cosméticas ou que proponha uma grande cirurgia ao regime?

António Filipe Pimentel: Neste ponto estou em completo embaraço: sou monárquico, por rigorosa convicção intelectual, pelo que a questão se me afigura de índole rigorosamente sofística (com a devida vénia, claro), partindo do princípio de que a figura do Presidente da República terá algum impacte na reforma da estrutura política, da qual mais ou menos diretamente emerge. O pobre senhor, qual ele seja, será sempre vítima das contradições internas do cargo/função: se interventor, contribuirá poderosamente para o aumento do clima de conflitualidade institucional; se colaborante apagar-se-á e será acusado pela oposição de conivência com o Governo e quebra da sua função arbitral (sobram os exemplos de uma e de outra, até com ritmos que configuram uma coreografia pré-determinada: colaborante no 1º mandato; interventivo e conflitual no último, sendo o caso presente atípico por alteração violenta das condições meteorológicas). (...)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

ExCertos

Dom Manuel II – O Rei Amigo

Dom Manuell II e o Povo
Sinos a repicar alegremente, foguetes a estalar nos céus, mantas coloridas nas janelas, faixas e bandeiras nas árvores, tudo sinais com que as povoações com multidões compactas, entusiasticamente, por brios ter, acolhiam o Rei.
(...)
El-Rei Dom Manuel II de Portugal num interesse atento entregava constantemente um sorriso mostrando-se sempre o que era, pois já na sua «Doutrina ao Infante D. Luís», o douto humanista Lourenço de Cáceres Lhe recomendava “que se não aparte da afalibilidade nem dê pouca parte de si ao povo, pois que não há erro mais nocivo para quem seja de senhorear ânimos portugueses!” Berço abençoado!
Era a comunhão entre Rei e Povo, represtinada dos primórdios da humanidade que começou por se organizar sob o modelo da Monarquia, o Elo natural que só as revoluções de uma minoria que se apropriou dos meios de força e coacção conseguiu quebrar.
(...)
Este louvor popular é a prova que a História dos últimos 104 anos tão faltado tem à Verdade, transmudada pela pena dos subjugadores, distorcida pela vontade dos caluniadores! Só esses são os nossos inimigos, pois enquanto um Rei encarna a História os políticos têm de a reescrever.
Miguel Villas-Boas