Assegurar
a eficácia a objetivos políticos comuns à democracia requer um
diálogo
que considero inadiável. Usufruindo nós de
liberdade e democracia, falta-nos ainda o ajuste institucional, o
concerto devido à experiência política das últimas décadas e
perante o futuro. Pois,
não
é somente por dispositivos técnicos, económicos ou financeiros,
mas é também por diferença institucional que nos dinamizaremos
positivamente.
O comparável em outras
sociedades, até em algumas sociedades com executivos tendencialmente
de esquerda moderada, mas sem corrupção... e que são monárquicas
também, quanto ao desenvolvimento humano (literacia,
empregabilidade, boas práticas de saúde, etc) dão que pensar…
São esses os países monárquicos da Europa em que melhor
se vive! Segundo organizações internacionais completamente credíveis
(ONU e muitas outras), todas, elencam os países monárquicos como os
que têm a melhor qualidade de vida na Europa.
Já me perguntaram com algum
tom irónico,...como se o que digo atrás não fosse claro para
todos os que vivem neste planeta e sabem ler relatórios e gráficos
(nada herméticos… tudo claro como água limpa), e que
consecutivamente, ano após ano, dão sempre o mesmo resultado às
monarquias europeias...já me perguntaram, dizia, ironicamente, e percebo a
ironia aqui como um olhar para o dedo que aponta a árvore para não
querer ver a árvore… perguntaram-me, dizia, assim: «Então e a Espanha?»
E perguntam assim porque, ou não deverão conhecer suficientemente
bem Espanha ou apenas para defender com a ironia salgada um
republicanismo obviamente decadente, tão decadente que ainda mata a
democracia, e por todo o mundo.
A Espanha não pode servir aqui de
exemplo porque a disparidade de qualidade de vida é tão grande em
suas tantíssimas regiões autónomas que, no seu todo, não pode
servir de comparação. Se isto não é honesto intelectualmente
solicito que me digam o que é ser honesto intelectualmente, só
podemos comparar o comparável. É claro que a Espanha naqueles
relatórios que mencionei é uma exceção ao comparado... Mas
considerem-se as Regiões espanholas mais desenvolvidas socialmente
e chegamos à mesma conclusão.
A Espanha é tão grande e tão
diferente dentro de si que não podemos compará-la, naqueles moldes
dos inquéritos que dão lugar aos tais relatórios, como um todo.
Esta minha preocupação epistemológica, para usar um termo erudito,
e sem pedir desculpas por o usar, tem a haver com o rigor de nossos
argumentos monárquicos, que têm de ser completamente honestos
intelectualmente, como em todas as outras dimensões, sem golpes
baixos como vemos por aí! Continuo a apelar para uma maior elevação de nossos debates pela monarquia e, em geral, no País!
Mas também, e sobretudo,
pela aprendizagem de nossa história recente, recente repito, desde 1820... afirmo que
poderemos estabilizar a democracia com maior equilíbrio de poderes e
com uma instituição económica independente e sem fação, que
vive num prolongamento temporal igual ao do Povo, fora da
conflitualidade e do descrédito em que o conflito permanentemente
insultuoso se traduz. Enfim, poderemos renovar, ampliar e desenvolver
a democracia com uma mesa (ou carlinga, termo de navegação que
significa o lugar onde o mastro penetra) para a conversação
permanente, para atingir e afinar os objetivos comuns à sociedade e
à democracia portuguesa.
Poderíamos estabilizar a
democracia com maior equilíbrio de poderes e com uma instituição
e o dinheiro não pode comprar, sem medo, independente e sem historial de fação partidária.