domingo, 30 de outubro de 2016
Conjurados pela Causa Real
Irá realizar-se no próximo dia 30 de Novembro, no Hotel Lisbon Marriott (Avenida dos Combatentes, 45), o tradicional Jantar dos Conjurados promovido pela Causa Real. Este evento assinala a importância e o significado da Restauração da Independência de Portugal, acontecimento histórico que os monárquicos portugueses gostam de celebrar com a sua Família Real.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Da Importância da História e da Narração Identitária
CPLP |
As sociedades não morrem, não só porque têm historiadores ou analistas ou narradores oficiais, mas também porque têm línguas e porque são narradas por elas. O conteúdo simbólico das línguas corresponde ao seu poder identitário, refletem o que proporcionam como nações variadas.
Apud Claude Hagège
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Ideias para a UE
Jyrki Katainen |
In
a fast-changing world, Europe needs new ideas and new initiatives
to achieve long-term sustainable growth that will make the continent
more resilient, more competitive, and more innovative. At the
European Commission, we have been working hard to complete the
Single Market, build out a Capital Markets Union, and strengthen
growth with our flagship plans for investment. We are not
operating in a vacuum, however, and are always eager to hear new
proposals and suggestions, especially from a broad public.
In
that context, we have been pleased to support the McKinsey Global
Institute’s initiative to crowdsource ideas for growth-oriented
reforms through its “Opportunity for Europe” essay contest.
It is very encouraging for us to see that, at a time of some
public scepticism about European institutions, there is still a
tremendous amount of enthusiasm for the European project, and high
expectations for policy reforms.
The
number of submissions to the essay contest, the range of the ideas
that were aired, and the breadth of participation from people around
the globe, all are causes for hope and optimism. This shows that,
even in complicated times, there are many creative people— and not
only in Europe—with strong ideas about the future of our continent,
and its unique form of political and economic integration. It is
very timely and important that we debate a comprehensive strategy for
the European Union, together and constructively. (…)
Jyrki
Katainen, Vice Presidente da Comissão Europeia, in Mckinsey Global Institute
Poética dos Mares IV
in JEM |
Enquanto
os poetas dizem o mar que nos fala, na interlocução do homem com o
mar este torna-se um espelho que amplifica
quer a nossa sensibilidade,
quer as
nossas tragédias mais fundas. Considerando a mole imensa do mar o
homem é disposto descentradamente,
seja
por
via da sua contemplação elemental e paisagística
que nos dispersa e extasia,
seja
na produção estética dos nossos sofrimentos e tragédias. Pois o
mar tem um pulsar e uma enormidade transcendente à dimensão humana.
Acolhe ecos pessoais: salgado, amargo, queixoso, irado, bailarina.
Mas não só, outros aspetos também como sepulcral, abismal, sombra
perene, intemporal. É também lugar de maravilhoso, brilho, númen,
que referem planos de existência tocando e transbordando a condição
humana.
A
voz e o modo do mar tendem a apresentar-se poeticamente em dualidade,
nos extremos do sentimento, no êxtase estético ou na dor
sentimental ou moral (mas passando pela náusea da necessidade e pelo
constante sofrimento – imagem de nossas ânsias). É sobretudo sob
o aspeto do sofrimento constante que aqui interpretamos a voz do mar,
concentrando-nos, por ora, em Teixeira de Pascoaes.
A
voz do mar representa, no seu bramir e marulhar, o continuado
sofrimento humano e o seu derivado lamento:
Homem,
eu bem conheço o eterno sofrimento!
Em
nuvens, sobe ao céu meu constante lamento...
Teixeira
de Pascoaes (Assírio
& Alvim, 1998-1904)
Ou
representando a dor e amargura que acompanha esse sofrimento nos
dramas humanos:
Quem conhece, como eu, a tua
grande dor?
Lágrimas de tristeza e
lágrimas d'amor.
Nas minhas ondas sinto o
vosso sal amargo!
Teixeira
de Pascoaes (Assírio
& Alvim, 1998-1904)
Todavia,
além das desgraças humanas, das paixões salgadas e amargas, das
tristezas que pontuam o trilho da vida humana, também existem, mais
fundas, a tragédia e o mistério da vida e da morte - o humano
naufrágio:
(...)
há sepulcros também neste meu peito largo,
Insondável...
Eu tenho a ciência do Mistério
Que
há só no livro sepulcral dum cemitério ! (...)
Teixeira
de Pascoaes (Assírio
& Alvim, 1998-1904)
Para Pascoaes, essa tenção na
voz do mar é reapresentada pela figura de Prometeu, que, como o
homem, é agrilhoado constantemente ao sofrimento e à tragédia,
Ninguém
como eu conhece o sofrimento humano.
Eu,
o mártir sem nome, o ensanguentado Oceano,
Um
outro Prometeu...
Teixeira
de Pascoaes (Assírio
& Alvim, 1998-1904)
Contudo,
condenado e revoltado contra seus limites, como na tragédia de
Ésquilo – Prometeu
–, o mar lembra o homem que agrilhoado concebe perspetivas
ulteriores à sua condição, procurando ultrapassá-la, e assim vive
a expetativa quase desesperada da libertação, uma expetativa quiçá
saudosa do futuro. Pelas palavras de António Botto essa voz
acompanha os mais doces, verdadeiros e misteriosos enleios humanos:
(…) Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade! (...)
António
Botto (Presença,
1999-1941)
Mas
partilhando essa privação em vida, essa escassez de plenitude, da
qual sempre nos procuramos desprender por ilusão ou por promessa, as
sonoridades e movimentos do mar permitem semelhanças humanas, com o
choro e riso, a alegria e a tristeza, as limitações do homem,
guardando contudo a sua tragédia mortal:
Eu
hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?... (…)
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?... (…)
António
Botto (Presença,
1999-1941)
Representa
o mar poeticamente a mágoa, a rebeldia, a fúria e
a ânsia, o desejo ardente e seu desespero, contido pelas duras
fragas, e nisto constituindo para o homem imagem de seus modos
limitados, de seu fado, desventura e término:
Já
que o sol pouco a pouco se desmaia
E meu mal cada vez mais se desvela,
Enquanto a pena, a ânsia, a mágoa vela,
Quero aqui estar sozinho nesta praia.Que bravo o mar se vê! Como se ensaia
Na fúria e contra os ares se rebela!
Como se enrola! Como se encapela!
Parece quer sair da sua raia.
Mas também que inflexível, que constante
Aquela penha está à força dura
De tanto assalto e horror perseverante!
Ó empolado mar, penha segura,
Sois a imagem mais própria e semelhante
De meu fado e da minha desventura.
Francisco de Pina de Melo (Of. Joseph Antunes da Sylva, 1727)
E meu mal cada vez mais se desvela,
Enquanto a pena, a ânsia, a mágoa vela,
Quero aqui estar sozinho nesta praia.Que bravo o mar se vê! Como se ensaia
Na fúria e contra os ares se rebela!
Como se enrola! Como se encapela!
Parece quer sair da sua raia.
Mas também que inflexível, que constante
Aquela penha está à força dura
De tanto assalto e horror perseverante!
Ó empolado mar, penha segura,
Sois a imagem mais própria e semelhante
De meu fado e da minha desventura.
Francisco de Pina de Melo (Of. Joseph Antunes da Sylva, 1727)
Na
poesia de Alexandre Herculano revela-se sobretudo a acentuada
dualidade do mar, entre o sonho simples e puro ou o terror que
suscitam as águas marítimas. Uma dualidade que nos surpreende
assustando-nos, pois ainda agora era o mar manso e resplandecente, e
logo depois é furioso e intemperado. Junto ao mar folga
o poeta
e medita
numa
paz de sonhos
bendizendo seu estado:
É tão
suave ess'hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enleado!
O mar azul se encrespa
Coa vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus. (...)
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,
O trovador medita
Em sonhos enleado!
O mar azul se encrespa
Coa vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus. (...)
Alexandre
Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Mas,
de seguida, já a nuvem que nos
céus
negra flutua cresce,
e o vento varre
a fraga nua
com
hórrido clamor,
e os vagalhões nas arribas expiram furor. Ao
poeta
cobre-lhe
o
véu de tristeza,
calou-se
em seu hino à natureza e por seu sentimento voga em negruras o
pensamento,
(...)
despregou
seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se
o vasto oceano,
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor,
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Alexandre Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor,
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Alexandre Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Mas não
há motivo para queixume pelas procelas, nem pelo roubo de miríades
de estrelas que as nuvens densas apagam, nem pelo estourar dos
bramidos poderosos. Diz o mar:
«Cantor,
esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros [ventos de leste],
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso.
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros [ventos de leste],
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso.
Tipo da
vida do homêm,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Alexandre
Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Procurando
a analogia com o humano, para depois permitir-se, pela semelhança
insinuada, correlacionar o seu ser desmedido ao homem, adianta ainda
mais a voz do mar:
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar (…)
a
causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!» (...)
Alexandre Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!» (...)
Alexandre Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Mas não é
da intenção humana vogar entre os elementos, nem conceder o ser
perante o horror ou adorar a natureza em seus portentos ou idílica
mansidão. Por isto blasfema a voz que intenta que o homem se incline
a essas formas. Responde o poeta ao mar, sustentando a dignidade
humana:
(…) torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
Alexandre Herculano (Europa-América, 1986-1838)
Não
está, pois, nesses excessos propostos pelo mar, o modo em que se
proporciona a medida humana. Além e apesar de tão ríspidas
dualidades e por tão diversos pareceres, sob o peso
do espanto procura
o homem encontrar sua medida e sua pertença, todavia, sem a
grandiosa representação marítima, mas por nossa vontade,
sensibilidade e inteligência, potências capazes de nos realizar
autónomos dos elementos resplandecentes ou em fúria, e autónomos
das enormidades materiais ou morais.
Miguel
Torga também nos propicia uma exposição desta dramática dualidade
do mar, entre a dimensão do fechado e do aberto, mas que nos
distingue de sua natureza anfibológica, a ambiguidade desesperada de
um mar encerrado nos seus limites. Por um lado, referindo os
naúfragos, todos, estão estes de sombra tecidos e em sombra
soterrados no coração ciumento de um
mar fechado que os encerra, representando o bojo da morte, por outro
lado mostra um mar que pode ser aberto e descoberto «Com
bússulas e gritos de gajeiro!»,
como a vida, se subtraída às dualidades dos acessos de fúria e
desespero e aos momentâneos idílios, mas conhecendo o operativo
mar, esse modo «(…) salgado,
lírico, coberto/ De
lágrima, iodo e nevoeiro!».
Ouçamos
o poeta:
Soterrados
em verde, negro e vago,
Nenhum
sol os aquece.
Habitantes
do lago
Do
esquecimento, só a sombra os tece...
Ela
que és tu, anónimo oceano,
Coração
ciumento e namorado!
Ela
que és tu, arfar viril e plano,
Largo
como um braço descuidado!
Tu,
mar fechado, aberto e descoberto
Com
bússulas e gritos de gajeiro!
Tu,
mar salgado, lírico, coberto
De
lágrima, iodo e nevoeiro!
Miguel Torga (Tip. Gráf. de
Coimbra, 1978-1946)
domingo, 9 de outubro de 2016
Não basta apenas pensar e realizar as políticas corretas
O que
nós mais precisamos é de continuidade estratégica,
que apenas a instituição real, de ampla representação,
apartidária, e porque permanece, pode dar voz e asseverar. Não basta apenas pensar políticas corretas, é necessário nelas perseverar. Monarquia,
constituição e uma democracia parlamentar reforçada é uma
configuração politicamente bem estruturada, benéfica à eficácia
da democracia e, enfim, à afirmação portuguesa.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Anacronismo: Preconceito, Propaganda, Impertinência
As
atuais criticas à monarquia são rigorosamente as mesmas que se fizeram no século
XIX, e estas críticas resultaram mais do descrédito em que caiu oa atividade do Parlamento
de então, do que às próprias funções dos reis. Hoje, essas
críticas à monarquia, alinhadas na literatura do século XIX, estão completamente desfasadas para além de sua injustiça quando referidas ao tempo da Monarquia portuguesa. Pior, hoje, os [pre]conceitos e propaganda republicana não têm contraditório.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Imagens de Portugal
Imagem TVI24 |
«Durante quatro dias inteiros, Portugal produziu energia suficiente, limpa e sustentável, para atender às necessidades da população. Isso é graças a um grande impulso no investimento em captação da energia solar, eólica e energia hidroeléctrica e um empurrãozinho da UE – que emitiu uma directiva afirmando que um país membro precisa de ter pelo menos 31% de fontes de energia renováveis.
Segundo informações, o consumo de electricidade foi “assegurado integralmente” por fontes renováveis, entre as 06:45 do dia 07 de Maio e as 17:45 da passada quarta-feira, correspondendo a um total de 107 horas seguidas, durante o qual o país não teve de olhar para o carvão ou gás natural para alimentar a rede eléctrica.»
A Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO), em colaboração com a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), analisou os dados da Rede Elétrica Nacional (REN), tendo concluído que na última semana “se atingiu um recorde muito importante neste século”.
in PPLWARENão foi preciso recorrer a nenhuma fonte de produção de eletricidade não renovável, em particular à produção em centrais térmicas a carvão ou a gás natural
Efeméride
Há 106 anos, uma pequena revolução em Lisboa instituiu a República. A maioria do País era monárquica. O pano de fundo desta viragem foi a crise financeira, agravada com a bancarrota de 1892. Pobre e sem crédito externo, Portugal viveu a última década do século XIX e a primeira do século XX numa situação política tumultuosa. Mas a Primeira República sucumbiu do mesmo mal dando lugar a uma longa ditadura. Com o Estado endividado e uma economia anémica, o fantasma da nova bancarrota é a maior ameaça ao atual regime.
apud Correio da Manhã
Todavia, tendo ganho Portugal a soberania enquanto Estado no 5 de Outubro de 1143, os Monárquicos celebram neste dia o nascimento do Reino de Portugal. Memória com maior profundidade histórica e coletiva do que assinalar a 5 de Outubro de 1910 a data de apenas um regime, que, aliás, logo provou ser menos democrático do que o anterior.
Acerca da discussão se em 5 de Outubro de 1143 se estabeleceu um tratado ou se se tratou de uma conferência apenas entre D.Afonso Henriques e Afonso VII, sem que exista texto escrito acerca do assunto, adianto que essa data foi certamente quando e onde tal reunião marca historicamente o reconhecimento internacional da dignidade régia de D.Afonso Henriques. Pelos seus já havia sido aclamado rei em 25 de Julho de 1139.
Acerca da discussão se em 5 de Outubro de 1143 se estabeleceu um tratado ou se se tratou de uma conferência apenas entre D.Afonso Henriques e Afonso VII, sem que exista texto escrito acerca do assunto, adianto que essa data foi certamente quando e onde tal reunião marca historicamente o reconhecimento internacional da dignidade régia de D.Afonso Henriques. Pelos seus já havia sido aclamado rei em 25 de Julho de 1139.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Haja Memória
«(...) [A]o contrário do que muitas vezes se diz, a opinião pública existia durante o absolutismo e tinha capacidade para dispor de formas de interferência que, sem serem eleitorais, tinham, não obstante, eficácia suficiente, tanto para se exprimir como para se impor.» Jorge Borges de Macedo, A Situação Económica No Tempo de Pombal, Gradiva, 1989, in Prefácio à Terceira Edição, pág.15, vide pág 19.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Haja Memória
Há cerca de 100 anos acreditava-se que não existia vida para lá dos 600 / 700 metros de profundidade. (...) [Os] resultados das expedições oceanográficas, nomeadamente as dos monarcas de Portugal (Carlos I) e do Mónaco (Alberto I), que, utilizando técnicas de palangre conseguiam chegar a profundidades elevadas recolhiam animais, nunca antes vistos pelo ser humano, a profundidades superiores aos 600 / 700 metros. Estas primeiras expedições oceanográficas, que incluíam registo de batimétricas e catalogação de novas espécies marinhas começaram a revelar que o mar era mais profundo do que se pensava e que essa profundidade tinha mais recursos do que apenas água.»
sábado, 24 de setembro de 2016
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Memória
“O Rei só se justifica como Chefe livre de uma Nação livre. Para que ele possa ser livre, é imprescindível que a Nação o consagre em liberdade, ou por amor da liberdade, como aconteceu com El-Rei D. Afonso Henriques, El-rei D. João I e com El-Rei D. João IV.”
“Por força de uma sucessão dinástica a que me sinto completamente vinculado, achei-me perante deveres recebidos de meu Pai e dos Reis de Portugal, nossos antepassados, que a eles nunca se escusaram.”
“A Instituição Real explica-se por uma dádiva total ao País, para além da existência ou inexistência do Trono.”
Trechos da 1ª Mensagem de S.A.R. Dom Duarte Pio, em Março de 1977
por João Távora
Perspetivas políticas europeias (IV): Cenários
«For
many supporters of the European project, the EU has entered
“uncharted territory,” and for the first time in its 60-year
history, they worry that at least some aspects of EU integration may
be stopped or reversed. Others contend that there is a chance that
the multiple crises currently facing the EU could produce some
beneficial EU reforms and ultimately transform the bloc into a more
effective and cohesive entity. Possible future scenarios for the EU
include the following:
Muddling
Through. The EU would largely continue to function as it currently
does, without any significant treaty changes or decisionmaking
reforms, and find some degree of common solutions to crises such as
those posed by Greece’s economic situation and increasing migratory
pressures. The EU would continue to pursue integration and common
policies where possible, with or without the UK as a member.
Establishing
Two Speeds. The EU would become a two-speed entity, consisting of a
strongly integrated group of “core” countries and a group of
“periphery” countries more free to pick and choose those EU
policies in which they wish to participate. Some analysts suggest
that a two-speed EU already exists in practice, with varying
membership on a range of EU initiatives, such as the Eurozone,
Schengen, justice and home affairs issues, and defense policy. Others
suggest that a formal two-tier structure could undermine solidarity
and create frictions between “core” and “periphery” member
states.
A
Looser, More Intergovernmental Configuration. Further EU integration
would essentially be put on hold, and possibly reversed in some
areas, with sovereignty on certain issues reclaimed by national
capitals. This may be most likely should reform-minded euroskeptic
parties come into power in more EU countries and if the UK is
successful in its bid to carve out additional EU policy exemptions. A
looser structure may make it easier for the EU to expand ultimately
to include Turkey, the remaining aspirants in the Western Balkans,
and other countries such as Georgia and Ukraine.
A
Tighter, More Integrated Configuration. The EU would emerge from its
current challenges more united and integrated. Some suggest such an
outcome could actually be more likely in the event of “Grexit”
and/or “Brexit,” leaving a somewhat smaller EU of member states
more aligned on the need for further political and economic
integration. This configuration would likely not encourage further EU
enlargement.»
Kristin
Archick (Specialist in European Affairs), TheEuropean Union: Current Challenges and Future Prospects,
Congressional
Research Service,
June
21, 2016
domingo, 18 de setembro de 2016
CPLP com sabor a sal
Paulo Serra Lopes |
A CPLP está na sua plena maturidade e deve apontar para objectivos estratégicos mais ambiciosos e conquistar o seu justo lugar na cena geo-política mundial. Deve ser um organismo de peso internacional e não meramente uma associação dos países da lusofonia.
O posicionamento geográfico dos países da CPLP, a sua distribuição por todos os continentes, mas ainda mais relevante a sua distribuição por todos os Oceanos permite uma influência estratégica e um domínio de uma área de Mar que é das maiores do planeta.
O espaço lusófono tem vindo a consolidar presença e relevância no mundo. A criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa representou bem esta ideia de aproximação de Estados independentes com um fim em comum.
As duas décadas de desenvolvimento desta organização e a comemoração neste ano dos seus 20 anos reforçam a ideia da sua criação e legitimam a que se dê um passo maior no protagonismo mundial da CPLP. Está chegada a hora de reclamar nas instâncias internacionais uma competência maior que agrega os países da CPLP para além da lusofonia.
E esta competência é o domínio de uma extensíssima área marítima, porventura uma das maiores do mundo, permitindo assim estender este desígnio do Mar que Portugal tem assumido a uma nova dimensão, a dimensão da lusofonia. Este posicionamento estratégico deve ser encorajado por Portugal e tornar o universo dos países da lusofonia também o universo privilegiado da Economia Azul.
Marcando presença nos vários continentes, da Europa à África, da América à Ásia, o aprofundamento desta relação com o Mar representa ganhos para todos os participantes e uma visibilidade crescente da sua actuação em todas as organizações que têm capacidade de ajudar a talhar para o futuro da Humanidade, a sua relação com os Oceanos.
Será nos Oceanos que o Homem encontrará o seu futuro desenvolvimento e a sustentabilidade que será necessária para a crescente população mundial, que por coincidência terá no Universo da lusofonia, com destaque para o Brasil, uma das maiores taxas de crescimento populacional. Também vários países como o minúsculo Luxemburgo, têm uma crescente população de origem portuguesa, o que fará prever novas potenciais adesões ao universo lusófono da CPLP.
A língua portuguesa é já uma das mais faladas do planeta – e com presença em todos os continentes, agora tenderá a crescer também nos Oceanos.
Portugal foi fundador e é a sede da CPLP. É a única organização internacional transcontinental com sede no nosso país e que agora poderá ser a melhor forma de fazer crescer o prestígio de Portugal e da comunidade lusófona no Mundo. Devemos assim, acarinhar mais a organização e demonstrar o nosso respeito pelo papel que esta pode desempenhar na nossa afirmação na Economia Azul.
As responsabilidades que temos nesta organização é factor necessário e suficiente para que a CPLP tenha condições de dar o salto para uma dimensão maior que consolide o seu estatuto, que lhe confira o reconhecimento internacional enquanto potência de reconhecida história e potencial futuro na exploração dos Oceanos.
É este o desafio do futuro que deveria ser o mote da comemoração do seu vigésimo aniversário: a conquista do seu justo papel nos Oceanos.
Oceanos estes que nos unem, que foram responsáveis pelos descobrimentos, que foram a forma de constituição desta comunidade unida pela língua e agora também pelo Mar.
A comunidade internacional tem de olhar para a CPLP como muito mais que uma mera associação dos Estados que a compõem pela sua língua mas também pelo seu potencial desígnio comum: o Mar.
É tempo da CPLP ser reconhecida por novos valores e impor-se em outros domínios para se criar uma nova era de oportunidades para os seus Estados, para os povos que os constituem e para o futuro da Humanidade. in JEM
sábado, 17 de setembro de 2016
domingo, 11 de setembro de 2016
sábado, 10 de setembro de 2016
Da Poética dos Mares III
Boiar
o sonho nesta nação
única de memória do mar
Depois
de um prolongado fenecer das práticas económicas e sociais dos
portugueses relativamente às suas atividades marítimas, emerge
novamente no pensamento estratégico nacional o mar como desígnio de
desenvolvimento socioeconómico,
elemento fulcral da nossa geoestratégia do mar,
desde 2006, isto é, como fonte de crescimento económico, como meio
desenvolvimento social adequado ao País. Poucos anos depois, as
cidades viram-se para o mar com seus passeios marítimos, a
tecnologia desenvolve-se, começa o direcionamento do investimento
para este amplo setor, ganham-se competências de negócio e
profissionalização, aumenta a atenção dada pela governança, e a
Economia do Mar torna-se visivelmente de social importância
relativamente às suas potencialidades para o emprego, quer pela sua
dimensão quer pelas competências requeridas, transversais a todos
os tipos de qualificação profissional.
O
mar identifica-nos como País distinto no seio de uma globalização
tendencialmente padronizadora e por
suas potencialidades socioeconómicas e culturais podemos encontrar a
dimensão, a escala e a profundidade que falta ao território.
Contudo, haverá também que gerar esse fator grandeza que não
existe na maioria da mentalidade portuguesa. Se já são ensaiados os
primeiros passos para a maritimidade da nossa economia,
regenerando social e economicamente a nossa imensa varanda oceânica
com excelência, monitorizando os produtos e os métodos, ainda falta
uma maior difusão tanto da informação das oportunidades (de que o
Jornal da Economia do Mar e a recentemente iniciada série documental
da RTP «Regresso ao Mar» são exemplo) como também carece a maior
difusão das atividades culturais (artísticas, de lazer e
desportivas) relacionadas com o mar.
A
poesia, geração após geração, não só tem elaborado a leitura
do mar nas várias dimensões em que se tem vindo a relacionar com a
vida portuguesa, mas também, no seu campo próprio de conhecimento
tem conferido e tem acentuado a maritimidade portuguesa, mesmo quando
esta teve nas recentes décadas um recuo tremendo nas áreas
económicas. A poesia, atividade reflexiva e interpretativa, nunca
deixou diretamente de descobrir o mar na identidade portuguesa pela
sua linguagem intemporal. O mar
é um nosso histórico, por várias razões, não apenas geográficas,
culturais e sociais, devido à sua proximidade, mas também,
sobretudo, pelo adquirido histórico, na medida em que assinalámos a
entrada do mundo europeu numa nova época, enquanto se passou a
apresentar o conhecimento do mundo à escala global, encetámos a
época dos avanços científicos e tecnológicos europeus que
perdurou cerca de quinhentos anos, e a terra voltou a ficar redonda.
A rememoração da nossa história permite algumas afirmações
constantes na nossa consciência. Abrimos o mar:
(…)
fomos abrindo aqueles mares,
Que
geração alguma não abriu
(...)
Camões
(Lusíadas,
V, 1572)
Ou,
numa outra versão que perdura nos atuais manuais escolares,
(...) Que
era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os
meninos tinham medo de ir.
Agora o
mar é livre e é seguro
E foi
um português que o foi abrir.
Afonso
Lopes Vieira (Guimarães Ed., 1966-1940)
Abrir
é o verbo comum a estes excertos, mas uma abertura que revela o
âmago da humana aventura no seu caminho pelo apenas provável.
Todavia, além da elevação contínua e sistemática da
sofisticação, além da inovação e domínio técnico, que não
foram de pouca monta, essa abertura não foi realizada sem
sacrifício:
(…) o
corpo morto dum herói, primeiro
Cruzado da unidade deste
mundo,
No dorso frio de uma onda
irada,
Mandou aos mortos, com a mão
na espada,
Boiar o sonho, que não fosse
ao fundo.
Miguel
Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)
E
foi esta afirmação além do individual, esta tenacidade além do
limite humano da mortalidade, incluíndo o projeto pessoal num
desígnio transgeracional, numa marca institucional ou nacional, é
ainda hoje o único sentido que nos pode orientar a realizar caminho
além das possibilidades já configuradas, insistindo em memória e
progresso.
As
possibilidades ou oportunidades abrem como fecham-se e são
contrárias por natureza aos ismos
ou à estabilização. Apenas os objetivos políticos nacionais e o
concomitante desenvolvimento de competências permanecem como pontes
ao mundo futuro. No dizer do poeta,
não há alma
mais poderosa
senão aquela que se constitui pela procura, processo cujo desfecho
é sempre representado num mundo
novo:
No
mundo dos que gritam
Há uma
alma mais poderosa
Mais
chorada pelo povo
E
saudosa.
A
sua arte é a busca do mundo novo.(...)
Miguel
Torga (Gráfica Coimbra, 1995-1952/1965)
E
esta procura do novo,
humana realização na incerteza do possível, fosse realizada no
passado ou a que realizamos diária e constantemente, é para nós
historicamente simbolizada pela viagem no Tenebroso.
Tratou-se
e trata-se ainda de unir a certeza do já dado ao mundo que nos está
em falta, o conhecido ao desconhecido, pois da certeza pela incerteza
é feito o caminho da aventura humana:
(...)
Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!)
E o agudo perfil mais se
aguçava,
E o mar jurava cada vez mais
fundo.
Sagres sagrou então a
descoberta
Por descobrir:
As duas margens da certeza
incerta
Teriam de se unir!
Miguel Torga (Gráfica
Coimbra, 1995-1952/1965)
Historicamente
e ainda hoje, para nós, não fora o mar, pouco mais haveria a
continuar:
(...)
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Fernanda
de Castro (Império,
1941)
A
série de acontecimentos históricos só toma sentido por
interpretações, ações e consequências além do seu presente
factual. O Pinhal de Leiria é aumentado por D.Dinis (1279-1325)
já com intenção marítima, depois de plantado por D.Sancho II e
D.Afonso III. Este aumento tornou possível a capacidade - pioneira -
de se adquirir gratuitamente a madeira para a construção de navios
de grande porte, de modo a fazer aumentar as trocas comerciais com o
exterior, contudo, sendo o pinhal sempre renovado na medida dos
cortes então efetuados. Nesta abertura da possibilidade marítima,
tão cedo elaborada em relação à Europa, fomos também os
primeiros seguradores marítimos do mundo, com a Bolsa
de Mercadores
(1293) com D. Dinis e depois com a associação mutualista Companhia
das Naus (1380)
no tempo de D. Fernando (1367-1383).
A inovação técnica acompanhará também a construção naval,
exemplo disto é a
Caravela Redonda, resultado da informação recolhida pelos
portugueses com objetivos de melhoramento das suas possibilidades de
marinharia face aos ventos que foram encontrando. Em
1864 D. Luís criou o Domínio Público Marítimo (DPM). Estadista e
homem de ciência, há 150 anos teve o sonho de tornar Portugal num
HUB dos transportes marítimos europeus, desenvolvendo uma rede
ferroviária desde o coração da Europa até aos portos portugueses,
e uma frota que assegurasse a distribuição de pessoas e mercadorias
para África e América do Sul.
Não
bastasse estas e outras vanguardas portuguesas relativamente aos
assuntos do mar, a
nossa relação com o mar elaborou contributos civilizacionais
singulares, socioeconómicos
e culturais, e justamente nos atribuem a primeira onda da
globalização, na expressão indiana, a era gâmica.
É, pois, nesta dimensão consciente e histórica que a poesia em
Portugal, quando se liga ao mar acontece de forma única, como seu
próprio símbolo e metáfora. A evidenciação desta pertença,
marítima e poética, adquire na expressão de Natália
Correia uma interpretação magistral:
Sou
filha de marinheiros
pelo
mar que também quis.
Pela
linha da poesia
sou
neta de D.Dinis.(...)
Natália
Correia, (Dom Quixote, 2013-1954)
Pelo
mar que também quis
não pode ser uma expressão colhida apenas literalmente como a sua
viagem voluntária efetuada de Ponta Delgada (Açores) a Lisboa, mas
de modo a procurar a plenitude metafórica da poesia terá de ser
esse mar que também
quis, o mar que é
abertura e horizonte em que se elaboram as humanas navegações por
um desconhecido a descobrir. E nisto, continua a sobressair um
símbolo inconfundivelmente de valor universal, a da alma em
constante procura de um mundo novo. Como diz Miguel Torga, essa alma
mais poderosa, que
abre as possibilidades novas.
Saibamos
ultrapassar o tempo conjuntural por determinação política,
institucional e nacional, e construir incessante e sistematicamente
uma Economia do Mar, como fizemos Boiar
o sonho, que não fosse ao fundo.
Assim, na nossa evidência
histórica, seremos como fomos, na vanguarda e na identificação
coletiva,
(...)
uma nação única de memória do mar,
que
não responde senão em nós. (…)
Fiama
Hasse Pais Brandão (Relógio
D'Água, 2000).
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