segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Haja Memória



Ainda acerca do desenvolvimento social em monarquia: Antes do Reino Unido haver criado um sistema de saúde, David Lloyd George, no início do século XX, que influenciou toda a Europa, no século XIX, na Alemanha monárquica, criou-se um seguro de saúde para os trabalhadores.

domingo, 26 de agosto de 2018

Frases


«Progress is our most important product» 
Ronald Reagan 
@ Edward Luce and video 

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Frases

Ian J. Manners


«(…) three approaches provide the EU with maxims which should shape the EU’s normative power in world politics: live by example; be reasonable; and do least harm.» 

                                                                  Resumo das ideias @ academia.edu

sábado, 18 de agosto de 2018

Haja Memória


Há uma instituição que, continuamente, ao longo dos séculos, criou os instrumentos de desenvolvimento social: As escolas obrigatórias, os liceus, as escolas superiores, os hospitais, os serviços assistenciais, as ligações modernas terrestres e marítimas, os grémios ou academias de cultura e livre pensamento (D.João V), os teatros, o parlamento, a divisão de poderes, o Banco de Portugal, a livre expressão e associação, etc etc e etc, enfim, foi a instituição real que acolheu tudo o que enforma fundamentalmente a nossa atual vida cívica, democrática, solidária e cultural, a par ou em liderança com o que havia no mundo. Hoje fala-se da criação do nosso moderno SNS com enlevo, e bem, mas não dizendo que fomos, na Europa toda, buscar inspiração para essa intervenção social de muito mérito ao seu primeiro criador, um país monárquico, o Reino Unido.

domingo, 22 de julho de 2018

Leituras



(...) Enquanto esta clarificação não ocorrer, ficaremos dependentes do entendimento do BCE acerca da extensão dos seus próprios poderes e competências – sempre sujeito, claro, às conclusões da análise jurisprudencial destas questões pelos tribunais da UE os quais, como vimos, poderão pender para adotar uma visão ampla desses poderes e competências/atribuições, conduzindo à sedimentação (por via jurisprudencial e não legislativa) do papel desta instituição europeia enquanto responsável global pela supervisão de todas as IC. Dando um passo mais adiante, somos da opinião que, para que se complete verdadeiramente a União Bancária e as entidades supervisionadas e os cidadãos europeus se revejam nela, será necessário aproveitar ainda essa futura revisão para repensar o sistema de governance do BCE (atualmente desfasado face às responsabilidades acrescidas que resultaram do seu papel central no SSM) – introduzindo alguns mecanismos adicionais de controlo das decisões tomadas (i.e. checks and balances) e fomentando um cada vez maior escrutínio público dos seus processos decisórios.

Francisco A. G. Nobre, «Principais Conclusões e um Possível Caminho» @ Fronteiras e Limites da Supervisão Prudencial do BCE, Departamento de Estabilidade Financeira, Banco de Portugal

domingo, 8 de julho de 2018

Poesia




    PODEROSO CABALLERO ES DON DINERO

Madre, yo al oro me humillo,
Él es mi amante y mi amado,

Pues de puro enamorado
Anda continuo amarillo.
Que pues doblón o sencillo
Hace todo cuanto quiero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.

Nace en las Indias honrado,
Donde el mundo le acompaña;
Viene a morir en España,
Y es en Génova enterrado.
Y pues quien le trae al lado
Es hermoso, aunque sea fiero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.

Son sus padres principales,
Y es de nobles descendiente,
Porque en las venas de Oriente
Todas las sangres son Reales.
Y pues es quien hace iguales
Al rico y al pordiosero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.

¿A quién no le maravilla
Ver en su gloria, sin tasa,
Que es lo más ruin de su casa
Doña Blanca de Castilla?
Mas pues que su fuerza humilla
Al cobarde y al guerrero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.

Es tanta su majestad,
Aunque son sus duelos hartos,
Que aun con estar hecho cuartos
No pierde su calidad.
Pero pues da autoridad
Al gañán y al jornalero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.

Más valen en cualquier tierra
(Mirad si es harto sagaz)
Sus escudos en la paz
Que rodelas en la guerra.
Pues al natural destierra
Y hace propio al forastero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.



Francisco de Quevedo y Villegas



sexta-feira, 29 de junho de 2018

Artes - A Tempestade - Poesia Portuguesa

Foto de Fabian Stamate - Nazaré, Portugal

O sons, as imagens e as emoções provocadas pela tempestade marítima são constantes na transversalidade da poesia através das épocas. A sonoridade da tempestade, o rugido, o bramar, o ranger, o estrondo da trovoada, o crepitar e o traçado dos relâmpagos, as imagens, as torres de nuvens espessas, as montanhas e serras de ondas avassaladoras, a negrura noturna, o vento furioso, caraterizam invariavelmente a descrição poética da tenebrosa tempestade no mar. De modo geral a tempestade marítima é uma batalha entre os elementos do ar, da água e da luz, que parece intentar destruir o próprio mundo:

(…) Agora sobre as nuvens os subiam,
As ondas de Netuno furibundo;
Agora a ver parece que desciam
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Aquilo queriam

Arruinar a máquina do mundo (…)
ou:
(...) Como em fera batalha, os Elementos
A vingarem-se huns de outros se resolvem,
Que agoas contra agoas, ventos contra ventos,
O mar com o Ceo, o Ceo com o mar involvem.
Com nuvẽs, & relampagos violentos
As areas do fundo se revolvem (…)
ou ainda
(...) Levanta lá no céu furiosas ondas;
Austro bramando corre ali com fúria,(...)
Rompe-se por mil partes o céu, e arde
Em ligeiro, apressado, vivo fogo.
Um rugido espantoso vai correndo
Desde o Antárctico Pólo ao seu oposto.
Arremessam-se lanças pelos ares
De congelada pedra em água envolta;
Com espantoso ímpeto, e rasgadas
As densas negras nuvens raios cospem (...)


Neste combate das forças impessoais encontra-se inevitavelmente o homem envolvido em medo e foge toda a natureza viva sob o poder destruidor dos elementos embravecidos:
As Alcióneas aves triste canto
Junto da costa brava levantaram,
Lembrando-se do seu passado pranto,
Que as furiosas águas lhe causaram.
Os delfins enamorados entretanto
Lá nas covas marítimas entraram,
Fugindo à tempestade e ventos duros,

Que nem no fundo os deixa estar seguros.

Trata-se de um cenário terrível, transcendente às forças humanas. Passar nessa paisagem revolta em fúria é abeirar-se da morte e brevemente dá-la como certeza. A fragilidade do humano perante a morte torna-se evidente. O seu soçobrar ou a sua sobrevivência são suas questões permanentes durante a tempestade. Os elementos surgem desalinhados daquilo que é o próprio e possível do viver humano. E o seu saber, a sua perícia, não é garantia de salvação. Na tempestade marítima «nas águas tempestuosas e letais (…) perdem, engolem e matam» (J.Cândido Martins) e apenas há abrigo na suma fragilidade do navio envolto em forças que o transcendem e na arte da navegação, mas só enquanto assiste tal possibilidade sempre pronta a desfazer-se pela guerra elemental da tempestade.
O vento endoidecido, a chuva violenta, o mar encapelado, o fulgor estrondoso dos relâmpagos, suas sonoridades, em que tudo é surpreendentemente grandioso e avassalador, constituem um extremo do possível, vive-se uma exceção da existência, mais além do que a natureza tem de ser para que o homem seja possível. E, no mar, o abrigo perante os elementos é muito mais frágil, propiciando o espanto e o terror perante a realidade de que a sobrevida humana de si mesma pouco dependa – como se pode viver num cenário além da força humana? Quando

(…) os ventos que lutavam
Como touros indómitos bramando,
Mais e mais a tormenta acrescentavam (...)
Relâmpados medonhos não cessavam,
Feros trovões, que vêm representando
Cair o céu dos eixos sobre a terra,


Consigo os elementos terem guerra.(...)

ao homem cabe seguir sua arte e ciência, a navegação, porém, à vista das Parcas que tecem talvez o final abrupto da tecedura de nossos humanos dias. Eis quatro breves descrições de uma desordenada natureza antagonista da possibilidade da vida humana:

Sibila o vento: os torreões de nuvens
Pesam nos densos ares:
Ruge ao largo a procela, e encurva as ondas
Pela extensão dos mares:
A imensa vaga ao longe vem correndo
Em seu terror envolta;
E, dentre as sombras, rápidas centelhas
A tempestade solta.
(...)

Ou, vinda de uma época mais distante:


(...) Eis manso e manso as nuvens se entumecem,
Eis o líquido pêso
Rompe os enormes carregados bôjos, (...)
Rebentam furacões, flamejam raios,
O estrondoso trovão no céu rebrama,
(...) a procela [tormenta] horríssona recresce,
Tingem sombras do inferno os véus da noite
Que o relâmpago retalha:
Braveja o mar, aos astros se remontam
Serras e serras da fervente espuma;
Carrancudos tufões arrebatados
Dobrando a força, a raiva, lutam, berram
E revolvem do pélago [abismo] as entranhas; (…)


Com maior distanciação temporal também apresentamos esta versão da tempestade:
Cobre-se o céu de grossas negras nuvens,
Os ventos mais e mais cada hora crescem,
Já se escurece o céu, já com soberba
Inchadas grossas ondas se levantam.
A nau começa já passar trabalho,
Já começa gemer, e em tal afronta
O apito soa, brada o mestre, acodem
Com presteza varões no mar expertos.
Põe-se o fero Vulturno junto ao cabo,
Levanta lá no céu furiosas ondas;
Austro bramando corre ali com fúria,
Dando um balanço à nau que quase a rende,
Vem com grande furor Bóreas raivoso,
Comete por davante, o passo impide,
Encontra as grandes velas, e, por força,
Ao mastro as pega e a nau atrás empuxa:
Rompe-se por mil partes o céu, e arde
Em ligeiro, apressado, vivo fogo.
Um rugido espantoso vai correndo
Desde o Antárctico Pólo ao seu oposto.
Arremessam-se lanças pelos ares
De congelada pedra em água envolta;
Com espantoso ímpeto, e rasgadas
As densas negras nuvens raios cospem:
De um golpe as velas vêm todas abaixo.

Jerónimo Corte-Real (Typografia Rollandiana,1783-1574)

São constantes as fórmulas da descrição! Sinteticamente, é um desordenado inferno que se representa na tempestade (Brás Garcia Mascarenhas, 1699), um caos, uma desordem incontida que ultrapassa o poder de escolha humano, eventualmente sobrepondo-se à arte de navegar:
Eis o mestre, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam, despertando,
Os marinheiros dũa e doutra banda,
E, porque o vento vinha refrescando,
Os traquetes das gáveas tomar manda.
«Alerta (disse) estai, que o vento crece
Daquela nuvem negra que aparece!»

Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela.
«Amaina (disse o mestre a grandes brados),
Amaina (disse), amaina a grande vela!»
Não esperam os ventos indinados
Que amainassem, mas, juntos dando nela,
Em pedaços a fazem cum ruído

Que o Mundo pareceu ser destruído!

Podemos verificar a pregnância das noções que a tempestade marítima nos provoca, primeiro, a semelhança intemporal nas descrições, a tempestade é um combate de gigantes, entre elementos naturais: forças desumanas, segundo, o olhar que a tempestade marítima devolve sobre nós acerca de nossa fragilidade em meio tão agressivo, terceiro, as analogias que propicia relativamente à nossa vivência em subjetividade (como o mar nos embravecemos, por exemplo, ultrapassando a ordem que o homem tem de trilhar devido à sua inteligência e necessidade de profícua sociabilidade).
Se permanece bem caraterizada a fragilidade humana - e nisto a nossa dependência última do que nos é transcendente -, se permanece também entre os terrores a necessidade de segurar o medo que nessas condições desponta, querendo comandar a razão – se algum espaço para ela há – será então esta a sua mais forte garantia, mas se, contudo, para ela não há espaço nem arte que valha, contudo, então apenas a esperança poderá resistir:

(...) Fragil taboinha, que o bater das ondas
Póde num so momento
Fazer em mil pedaços!
Ai de mim! Trinta vezes no horizonte
O pae das luzes despontou radioso,
E co'a tocha brilhante
A meus cançados olhos
Nada mais amostrou que o quadro imenso
De soledade infinda, – os ceus e os máres! (...)

Almeida Garrett (Sustenance e Stretch, 1829)

Ainda no seguimento do disposto por Almeida Garrett relativamente à solidão humana na sua fragilidade, de onde brota a esperança sobre todas as dificuldades, a tempestade no mar ajuda também a reconhecer outras batalhas travadas na subjetividade humana, interiormente. Esta analogia das tempestades com a subjetividade humana foram também tratadas por Francisco Pina de Mello e Fernando Rodrigues Lobo 'Soropita':

No mar em que de novo amor me guia,
O mais seguro porto e dar a costa;
Aonde todos se perdem, ai esta posta
Minha salvação, ai me salvaria.
So fe me há-de salvar nesta porfia
Do vento, que contrario vem de aposta;
E pois sua mor perda e dar a costa
Comigo, eu com costa me queria.
Que vai ja o querer, aonde a ventura
Criou tão desigual merecimento?
Valha-me pura fe, vontade pura!
Valha-me navegar meu pensamento
Com tal estrela, cuja formosura

Abranda o duro mar de meu tormento.
Fernão Rodrigues Lobo 'Soropita' (Campo das Letras, 2007)
e em Francisco Pina de Mello:
Que bravo o mar se ve! Como se ensaia
Na furia e contra os ares se rebela!
Como se enrola! Como se encapela!
Parece quer sair da sua raia.
Mas tambem que inflexivel, que constante
Aquela penha esta a forca dura
De tanto assalto e horror perseverante!
O empolado mar, penha segura,
Sois a imagem mais propria e semelhante

De meu fado e da minha desventura.
Francisco Pina de Mello (Off. de Joseph Antunes da Sylva, 1727, 2ed)
Já em António Ferreira é considerada como uma demasia os arrojos humanos pelos oceanos, numa fala que é semelhante à do Velho do Restelo, a sensatez e o acometer feitos estão na balança, ganhando a primeira:
(…) meu irmão, metade
da minha alma (...) [que] tornes vivo, e são
do fogo, e tempestade
a que se aventurou c'o esprito ousado.
Vença à dura fortuna a boa tenção.

Quem cometeu primeiro
ao bravo mar num fraco pau a vida
de duro enzinho, ou tresdobrado ferro
tinha o peito, ou ligeiro
juízo, ou sua alma lh'era aborrecida.
Dino de morte cruel no seu mesmo erro.

Esprito furioso
que não temeu o pego alto revolvido
(entregue aos ventos, posto todo em sorte)
do sempre tempestuoso
Áfrico, nem os vaus cegos, e o temido
Cila infamado já com tanta morte!

A que mal houve medo
quem os monstros no mar, que vão nadando,
com secos olhos viu? Que o céu cuberto
de triste noite, e quedo
sem defensão, c'o corpo só esperando
está a morte cruel, que tem tão perto?

Se Deus assi apartou
com suma providência o mar da terra,
que a nós, os homens, deu por natureza,
como houve homem que ousou
abrir por mar caminho mais a guerra
qu'a paz, e a morte mais, roubo e crueza?

Que cousas não cometes,
ousado esprito humano, em mar, e em fogo
contra ti só diligente, e ingenioso?

Que já te não prometes,
des qu'o medo perdeste à morte, e em jogo
tens o que de si foi sempre espantoso?

Um o céu cometeu;
outro o ar vão experimentou com penas
não dadas a homem; outro o mar reparte
que por força rompeu.
Senhor, que tudo vês, que tudo ordenas,

pera Ti só chegarmos dá-nos arte.




António Ferreira, «A ûa nau d'armada em que ia seu irmão Garcia Fróis»



Poemas Lusitanos, 1598

Todavia, não são apenas formados de ousadia temerária tais empreendimentos marítimos, pois as duras experiências e a morte iminente podem transmutar os terrores na revelação de um valor imortal para o homem, enquanto este se realiza no trabalho em meio das dificuldades, mostrando firmeza no Amor que dedica à sua função, ao seu trabalho, apesar das contrariedades com fatais perfis. Camões proporciona nas suas Rimas, pela fala do Capitão Themioscles, o ganho de uma afinação imortal para o homem que permanece na sua função ante sua iminente morte - «vendo a morte diante de mim» -, enquanto o seu objetivo ainda está longe, como se dissesse: feliz o homem que a morte o surpreende trabalhando. Só nestas extremas condições é apurado o Amor: «Ali Amor mostrando-se possante / e que por nenhum modo não fugia, / – mas quanto mais trabalho, mais constante – ». Consideremos o excerto do poema que expõe mais completamente esta ideia:

(...) As cordas, co ruído, assoviavam;
os marinheiros, já desesperados,
com gritos para o Céu o ar coalhavam.

Os raios por Vulcano fabricados
vibrava o fero e áspero Tonante,
tremendo os Pólos ambos, de assombrados!

Ali Amor mostrando-se possante
e que por nenhum modo não fugia,
mas quanto mais trabalho, mais constante – ,

vendo a morte diante de mim, dizia:
«Se algûa hora, Senhora, vos lembrasse,
nada do que passei me lembraria».

Enfim, nunca houve cousa que mudasse
o firme Amor do intrínseco daquele
em cujo peito ûa vez de siso entrasse.

Ûa cousa, Senhor, por certo asssele:
que nunca Amor se afina nem se apura,

enquanto está presente a causa dele.(...)

LVCamões, «O poeta Simónides, falando», Rimas,
(excerto da fala do Capitão Themioscles) 1953-1595


publicado originalmente no Jornal da Economia do Mar

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Sem demagogia ou irritantes otimismos



  
Estamos profundamente inseridos numa crise da sociedade em que vivemos e da política que praticamos. Ainda há pouco, passámos apenas de um tipo de austeridade para outro. O futuro não é, nunca é, para ser encarado com otimismos esfuziantes. E os portugueses tampouco merecem governações sem que se saiba que apoio podem esperar no parlamento. A recente coligação, pelas palavras de um dos nossos mais interessantes analistas, formou-se pronta a suportar um governo «(...) num acordo que ninguém viu, nem Presidente nem deputados. Nem o PS! Muito menos o povo.» Esta falta de clareza eleitoral não deveria ter lugar no futuro, não oferece credibilidade nem à política nem, muito pior, à democracia.


A falta de oportunidades para os jovens, que é aliada à falta de investimento sustentável, a escassa mobilidade social– em que os filhos, mais instruídos, estão a viver pior que os pais –, o declínio demográfico – previsto há décadas – , e uma classe média pouco empreendedora, são alguns dos nossos tremendos, nossas preocupações fundamentais. Importa explicitar com clareza, sem demagogia ou irritantes otimismos, perante as gerações presentes, que nos encontramos perante opções políticas decisivas. Todos convergimos que o problema fundamental, que nos tem preocupado a todos, é político.


Defendo uma transformação de fundo, que aposte fortemente no pensamento estratégico, que não cinda a nossa história, que realize equilíbrio de poderes, que contenha órgãos de controvérsia e órgãos de acordo, ou seja, que esteja preparada institucionalmente para elaborar tanto alternativas como consensos. Defendo, portanto, a monarquia em pluralidade democrática, onde as maiorias não esmaguem as minorias, um parlamento forte e uma Constituição que além de proteger os direitos, liberdades e garantias, também se abra à mudança de regime, pois este regime republicano radical, que se fechou à alternativa, afinal, quase tão só tem vivido implantado nas instituições que a monarquia criou e dinamizou.

domingo, 24 de junho de 2018

Frases


«When a culture stops looking to the future, it loses a vital force. (...) Thomas Mann once accused his peers of cultivating a "sympathy for the abiss". Cultural pessimism is rarely a helpful state of mind. Where one stands inherently subjective.» E.Luce (2017:203)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Pelo ajuste institucional, pelo concerto devido à experiência política das últimas décadas e perante o futuro




Assegurar a eficácia a objectivos políticos comuns à democracia requer uma discussão que considero inadiável. Usufruindo de liberdade e democracia, falta-nos ainda o ajuste institucional, o concerto devido à experiência política das últimas décadas e perante o futuro. Pois não é somente por dispositivos técnicos, económicos ou financeiros, mas também pela diferença política, cultural e institucional, que nos dinamizaremos positivamente. As políticas que por consenso democrático usufruíram de continuidade, e foram efectivamente prosseguidas, guindaram-nos aos melhores lugares na comparação internacional. Contudo, uma profunda transformação económica exige uma transformação cultural e política. Se têm sido continuamente solicitadas à sociedade mudanças de comportamento, penso haver ficado já clara a necessidade de construir uma renovação dentro do próprio sistema político. É necessário elaborar uma solução democrática, com pessoas vocacionadas para a administração do interesse público, com uma assembleia forte, capaz de soluções positivas e ampliando a representação do todo nacional pela monarquia, unidade sem divisões, completamente apartidária, universalmente aceite, que evidencia valores comuns, que evidencia a lógica da participação sobre a lógica do confronto, uma instância de unidade, de equilíbrio, de estabilidade, acolhimento e voz de sequência estratégica. Entendo ser necessário afirmar uma estrutura política que permita uma vida democrática mais completa, onde o semicírculo parlamentar se complete com uma mesa estável para os acordos estratégicos fundamentais, e geracionais, permitindo a continuidade daquelas políticas que sejam considerados objectivos comuns à democracia.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Vanguardas portuguesas

Decretum (produzido entre 1251 e 1325))

O alargamento da participação política começa muito cedo  em Portugal, com D.Afonso III (1254), quando os procuradores dos concelhos iniciam a sua presença nas reuniões das Cortes. Depois, com D.Afonso IV (1331-1340) os homens-bons dos concelhos, os seus representantes, tomam parte na discussão e na tomada de decisões e, logo depois, com D.Fernando (1372), dessa participação na reflexão e na decisão segue-se a capacidade de iniciativa política dos representantes concelhios nas Cortes gerais do Reino.

domingo, 17 de junho de 2018

CPLP: clareza, otimismo e aprumo perante o possível



«A trajectória dos países da CPLP (...) [procura] o seu lugar em novos equilíbrios regionais. Os interesses em jogo, muito guiados pela perspectiva económica, já deixaram para trás a realidade de 1996, introduzindo uma dimensão económica nunca sonhada aquando da constituição, pautada, então, pela sedutora linha de cooperação tradicional baseada no conhecimento mútuo forjado por laços históricos.
Essa perspectiva económica não deixa de ter razão de ser. Basta lembrar que as oito economias do Bloco Lusófono valeram, em 2016, 2,1 biliões de euros e têm uma população total de 271 milhões de pessoas. Se as nações que integram aquele universo constituíssem um único país, este seria a 7ª maior economia do mundo, à frente da Índia, Itália, Canadá ou Rússia. Daí que faça sentido a ideia de que todos os países lusófonos teriama lucrar com o fortalecimento da articulação entre si: cada um deles se tornaria menos dependente do bloco regional em que está inserido e ganharia um peso internacional totalmente diferente. Juntos, passariam a constituir um bloco organizado com voz activa no globo. Mas não chega efabular, é preciso ter a vontade de realizar um plano estratégico que viabilize essa visão de conjunto. Mau grado esta prevalência do mundo económico a determinar o trajecto futuro, a CPLP não deverá deixar de se assumir como uma organização global, multisectorial, pluridisciplinar e global. E, ao fazer esta referência, lembramo-nos de outro elemento que nos liga: o Mar, um domínio no qual a CPLP poderia partilhar uma visão comum para o desenvolvimento sustentável das actividades marítimas, com impacto ambiental, socialeconómico. Teremos de ser discernidos na valoração e avaliação que cada país dá à sua participação na Comunidade, devendo estimular-se a cooperação económica, social e técnico-científica, de modo a favorecer um melhor ambiente e receptividade para fomentar as convergências políticas

Alm.Rebelo Duarte, «A CPLP, uma comunidade à procura de um caminho», Roteiros, XI, 2017, Instituto D.João de Castro, Lisboa, pág.260

Efeméride

Imagem relacionada

   A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a 17 de Junho de 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea (...) o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilómetros.

Imagens de Portugal

domingo, 10 de junho de 2018

A celebração oficial do 10 de Junho começou com D.Luís I


Retrato de Camões por Fernão Gomes em cópia de Luís de Resende. 

Considerado o mais autêntico retrato do poeta.


«A primeira referência legal que declara "Dia de Festa 

Nacional e de Grande Gala" o 10 de junho data de 27 

de abril de 1880. É um decreto das Cortes Reais em  

que o rei D. Luís I acedeu a que se assinalassem os 

300 anos da data apontada pelos historiadores para a 

morte de Luís de Camões, 10 de junho de 1580.» DN