A atividade cívica e política não visa apenas a conquista do poder, mas criar condições institucionais pelas quais se tornam possíveis a continuada conversação, a representação nacional, o debate e as decisões democráticas, a convivência plural, as diversas racionalidades, as alternativas. Não basta, porém, esta pluralidade construtiva, pois é necessária uma arbitragem neutral e prosseguir objetivos permanentes e comuns à democracia que permitam o desenvolvimento humano sustentado (literacia, empregabilidade, participação, boas práticas de saúde...).
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Reformas sustentáveis
Se tem havido alguma reorganização por via das recentes reformas (justiça; administração; finanças; economia), contudo, elas não contêm nem o ajuste institucional para que venham a ser de facto estruturais essas reformas, nem tampouco a sociedade civil tem tido oportunidade de participar numa mudança cultural para a qualidade de vida.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Da antiga solidariedade
«[Na atenção aos doentes e pobres] não foram nisto os nossos Reis e Príncipes Portugueses inferiores, como o testemunham os vários hospitais, mosteiros, casas de caridade e santos costumes que deixaram neste Reino para agasalhar peregrinos, sustentar e vestir os pobres e curar enfermos e feridos: no que foram outros, insignes os Reis D.Afonso I, D.João I e III, e o insigne Cardeal e devoto Rei D.Henrique.
Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia, Diálog VII (1618)
Onde se acaba a noite?
«(...) o isolamento é uma prova de coragem perante nós mesmos (...) porque é nele que todas as forças da nossa alma se desencadeam, as boas e as más.»
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
The European Dream Is Based On A ‘Equals Around A Table’ Metaphor
«I believe a successful European story would have three characteristics (...) :
It should be derived from the recognised history of the Union to be credible and it should draw on known mythology to be forcefull. That is, it should build a bridge between the Union’s known history and the mythology of the continent – Union and European.It should be sufficiently concrete to convey a sense of shared familiarity and vivid enough to stir emotions enough to create belonging, community and engagement. That is, it should build on local lives and let the means fit the message.It should shield the Union from its most obvious weaknesses and it should give direction to future actions. That is, it should help determine what the ‘small things’ and what the ‘big things’ are.»
It should be derived from the recognised history of the Union to be credible and it should draw on known mythology to be forcefull. That is, it should build a bridge between the Union’s known history and the mythology of the continent – Union and European.It should be sufficiently concrete to convey a sense of shared familiarity and vivid enough to stir emotions enough to create belonging, community and engagement. That is, it should build on local lives and let the means fit the message.It should shield the Union from its most obvious weaknesses and it should give direction to future actions. That is, it should help determine what the ‘small things’ and what the ‘big things’ are.»
Rune Kier Nielsen is a speechwriter in the Danish Ministry for Climate,
Energy and Building and a former advisor for Copenhagen City on issues
of integration and diversity associated with the World Forum for Democracy under the European Council.
Antigos Humanistas Portugueses
Every age has its own outlook. It is specially good at seeing certain truths and specially liable to make certain mistakes. We all, therefore, need the books that will correct the characteristic mistakes of our own period. And that means the old books.». C.S.Lewis @ JPP in abrupto
Assim a leitura dos antigos humanistas portugueses, que refletem sobre a vida que passa, se complexificando e tipificando, permite suscitar evidencias à interpretação do nosso presente. Os séculos que por esses humanistas se inteligem, lendo-os, não se decantam para nós apenas em preceitos universais de humanidade, mas funcionam também como proveitoso diálogo entre uma forma e modo passado e um hoje outro presente, deles futuro, pela sua pertinência reflexiva, pela hermenêutica humanística que proporcionam, pelo seu amor a Portugal, pelo seu serviço ao Estado, pela exigência, gosto e benefício de sua conversação e experiência. Se muitas das suas afirmações ainda são válidas para o nosso tempo assim é porque falam à natureza humana que procura interpretar-se, na sua liberdade, pesquisa e criação. Somos por eles estimulados a encontrar, no seu registo, a nossa dispeculação e as nossas próprias epocais e diferenciadoras características. A inteligência do autor está lá, o seu estilo é o seu vinco de alma, a sua temática, a sua paisagem substantiva e adjectiva é a época, mas a sua consideração humanizante e a temática de sua conversação não é apenas de ontem. A fundamentação matemática e suas aplicações técnicas e económicas não se substituem ao conhecimento da natureza humana. A técnica implica-se na nossa história vivida com conteúdos, cenários, valores, projeções, tal como as interpretações humanistas provenientes de várias fontes, antigas ou modernas, conferem-nos uma identidade linguística e histórica necessária à autoconsciência e à pertença comunitária.
Paralelos
Nenhum pacto social pode ser fundado senão na liberdade natural do homem e em sua igualdade legal: nenhum código político pode ser bem formado se não garantir o exercício daquela e a conservação desta.
«Que Instituições Convenham a Portugal para lhe Garantir a Liberdade» in Almeida Garrett, Portugal na Balança da Europa, Secção Sexta, VI, c.1827.
Le bonheur des sociétès et la sécurité des individus reposent sur certains principes positifs et immuables. Ces principes sont vrais dans tout les climats, sous toutes les latitudes. Ils ne peuvent jamais varier, quelle que soit l'étendue du pays, ses moeurs, sa croyance, ses usages. Il est incontestable dans un hameau de cent vingt cabanes, comme dans une nation de trente millions d'hommes, que nul ne doit être arrêté arbitrairement, puni sans avoir été jugé, jugé qu'en vertu de lois antérieurs et suivant des formes prescrites, empêché enfin d'exercer ses facultés physiques, morales, intellectuelles et industrielles, d'une manière inocent et plaisible. Ces droits fundamentaux des individus ne doivent pas pouvoir être violés par tous les autorités réunis: mais la réunion de ces autorités doit même être competénce pour prononcer sur tout ce qui n'est pas contraire à ces droits inviolables et imprescriptibles.
«Principes de Politique (1815) in Benjamin Constant, Oeuvres, Bibliothèque de la Pléiade, 1957.
Antiga Constituição Portuguesa
[A] antiga constituição de Portugal era, demais a mais, livre e representativa (...), herdámos [dos conquistadores] os princípios da monarquia limitada que (...) geralmente se estabeleceram quase desde a destruição do Império Romano. (...) Seja ou não apócrifa a lei fundamental escrita, que nas Cortes de Lamego se diz feita pela concorrência da aristocracia e dos representantes da democracia portuguesa, os princípios que nela se declaram, regeram constantemente entre nós, quer fosse tradicionalmente ou não. Os actos, declarações e manifesto das Cortes de 1640 acabaram toda a questão sobre o princípio fundamental da monarquia portuguesa e predominante em sua constituição. A base representativa aí é claramente determinada, e a derivação do poder real do princípio democrático estabelecida em tão claras e positivas expressões, que não pode restar a mínima dúvida ou a mais especiosa.
«Antiga Constituição Portuguesa», in Almeida Garrett, Portugal na Balança da Europa, Secção Sexta, VIII, c.1827.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Representatividade e conflito
Nem todos os órgãos de soberania da democracia são sufragados, assim é o caso do poder judicial. Já o poder legislativo, local e o moderador são hoje sufragados. Mas, se as representações da assembleia legislativa e dos órgãos do poder local são abrangentes, já o poder moderador tem presentemente uma representatividade menor. O resultado desta situação para a democracia, sabemos, à esquerda e à direita, tem sido adicionar conflitualidade, ao governo ou à sociedade. Conflitualidade essa ou correlação de forças esta no presente, que deveriam estar, apenas e propriamente, na casa da democracia (Parlamento).
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Perspetiva na voragem do tempo
Têm
sido continuamente solicitadas à sociedade mudanças de
comportamento, mas a sociedade também conhece a necessidade de construir
uma renovação no modelo político. Defendo
um regime democrático com uma instância apartidária, que
represente as referências nacionais, que seja voz do consenso
democrático e voz da continuidade estratégica. Defendo uma
transformação positiva, que não cinda a nossa história. Defendo a
monarquia em pluralidade democrática, onde as maiorias não esmaguem
as minorias, mas com um parlamento forte, capaz de encontrar em si
mesmo as alternativas, e com uma constituição de direitos,
liberdades e garantias. Monarquia
e democracia é uma conjugação política de sucesso, de sucesso
social, de sucesso democrático, de sucesso económico. A monarquia
com assembleia democrática é um regime confirmado, é equilíbrio
na livre contenda, é perspetiva na voragem do tempo. É voz comum,
interceptando todo o tecido social português, que sem
uma visão estratégica alargada e democrática a
construção quotidiana não se revela nem eficaz nem
esclarecedora. Sem ela, a nossa cooperação, o incremento do
potencial interpretativo, a abertura de oportunidades de realização
socioeconómica, não ganham o impacte que requerem e merecem.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Ligar
Do lado monárquico entendemos que a sucessão dinástica garante a independência e isenção necessárias ao Chefe de Estado. E que é muito importante para os portugueses terem uma Família Real que ligue o presente ao passado, proporcionando a tão preciosa estabilidade e continuidade das políticas.
Adaptado de David Garcia (Plataforma Monárquica)
Do progresso
«(...) o que pensamos adquirido está bem longe de estar seguro. A liberdade política e uma débil democracia, construída em Portugal desde as lutas liberais, pôde acabar às mãos dos próprios demónios que soltou. Os republicanos, que eram positivistas, pensavam que o progresso era inelutável. Nós sabemos, depois das guerras do século XX e do Holocausto, que não é assim.»
José Pacheco Pereira, O Discurso Republicano, Assembleia da República, 6 de Outubro de 2010.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Há mais vida além do orçamento
Interpreto
a mudança, reconhecendo que em cada período, social, económico e
político, assume-se uma herança do passado e estabelecem-se
decisões científicas e políticas. Interpreto a mudança para
Portugal no intensificar da produção de pensamento estratégico, e é também essencial para o País um reposicionamento institucional,
de modo a acolher consistência política e estratégica, de longo
prazo, em conformidade com o sistema de valores veiculado pelas
instituições basilares do Estado.
Os
nossos problemas estruturais têm raízes em várias dimensões da
realidade e, o que poderá obliterar as condições em que esses
problemas se declaram é a operacionalização ponderada de
objetivos, que só terão efeito se prolongadamente e por diversas
vias houver concerto de ações: educação, desporto e cultura -
recursos, ciência e indústria - mobilização da participação
cívica, voluntariado e juventude - prevenção, rastreios e práticas
saudáveis... Importa desenvolver uma visão geral de convergência
estratégica para os nossos objetivos, sem a qual soçobram os
conceitos, as medidas e o esforço.
As sociedades que demonstram
melhores experiências de adaptação (e organização) são as que
apresentam melhor capacidade de desenvolvimento, e os portugueses têm
revelado uma adaptação excepcional aos desafios históricos, à
democracia, às novas tecnologias. A organização, o humano concerto, é a melhor e mais poderosa tecnologia de que dispomos.
Manhattan (cena final) Have A Little Faith In People
«Tracey: Ouve, seis meses não é tanto tempo como isso. Nem toda a gente se deixa corromper. Tch.... Olha (dando uma risadinha), tens de ter um pouco de fé nas pessoas.
(Ike tem no rosto uma expressão irónica. Sorri.)»
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Imagens de Portugal
«(...) Lisbonne m'est apparue comme une sorte de paradis clair et triste;»
Antone de Saint-Exupéry, Oeuvres, «Lettre à un Otage» (1940), Paris, Gallimard, Pléiade, 1959, págs. 389
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
ExCertos
«Vivemos numa democracia na qual, como em toda a Europa, existe uma expressão pluralista dos interesses públicos, nomeadamente mediante partidos políticos e movimentos cívicos. Um regime monárquico, ou mais simplesmente uma república dotada de um rei, é uma expressão do todo nacional reconhecido pelas diversas partes que confrontam políticas alternativas. D. Duarte de Bragança tem sido denodado na promoção de uma realeza democrática deste tipo e já adquiriu um lugar na história ao preparar-se a si e à Família Real para essa transição que a sociedade portuguesa cada vez mais exige.»
Mendo Henriques (Entrevista à Plataforma Monárquica)
Imagens de Portugal
"Passeava havia meia hora pelo
bosque, subindo sempre. Estava cada vez mais frio. O vento agitava de
quando em quando os ramos mais altos das árvores, depois parava.
Tinham passado a zona dos cedros que estendiam os braços por cima do
bosque. Este tornava-se cada vez mais denso à medida que se
aproximavam do cimo. Depois, num cotovelo do caminho, avistaram a
cruz: Cruz Alta.
Avistava-se de todos os lados uma paisagem que se estendia até muito longe. Para o poente, no horizonte, das montanhas começavam a confundir os seus contornos. Mais perto distinguiam-se ainda vales e clareiras, inúmeros caminhos, campos lavrados vermelhos, castanhos, cor de casca de árvore.
- Vamos até lá cima - propôs Stefan.
Um velho, sentado sobre os degraus de pedra que levavam à cruz, afastou-se, saudando-os. Eles treparam, e lá em cima encostaram-se ao parapeito, dirigindo os olhos para Coimbra. Muito branco e sóbrio, o Convento de Santa Clara emergia, solitário, do oceano verde das colinas. O Mondego serpenteava através dos salgueiros chorões, dos choupos e dos plátanos e brilhava na distância.
Um grande pássaro voava por cima deles. Volteou por uns instantes, quase sem bater as asas, depois deixou-se deslizar na direção do vale.
- Às vezes, quando estou a sonhar - contou Ileana - parece-me que estou em qualquer parte, perto de si, sobre uma montanha muito alta e que olho para baixo. Como agora... E um sonho como este, gostaria de o sonhar para sempre."
Avistava-se de todos os lados uma paisagem que se estendia até muito longe. Para o poente, no horizonte, das montanhas começavam a confundir os seus contornos. Mais perto distinguiam-se ainda vales e clareiras, inúmeros caminhos, campos lavrados vermelhos, castanhos, cor de casca de árvore.
- Vamos até lá cima - propôs Stefan.
Um velho, sentado sobre os degraus de pedra que levavam à cruz, afastou-se, saudando-os. Eles treparam, e lá em cima encostaram-se ao parapeito, dirigindo os olhos para Coimbra. Muito branco e sóbrio, o Convento de Santa Clara emergia, solitário, do oceano verde das colinas. O Mondego serpenteava através dos salgueiros chorões, dos choupos e dos plátanos e brilhava na distância.
Um grande pássaro voava por cima deles. Volteou por uns instantes, quase sem bater as asas, depois deixou-se deslizar na direção do vale.
- Às vezes, quando estou a sonhar - contou Ileana - parece-me que estou em qualquer parte, perto de si, sobre uma montanha muito alta e que olho para baixo. Como agora... E um sonho como este, gostaria de o sonhar para sempre."
Micea Eliade, Bosque Proibido, 1963,
351 (trad. Maria Leonor Buesco)
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
ExCerto
Portugueses,
Monárquicos…, Republicanos…,
São apenas adjectivos. Portugueses é o que somos e como, agora mais
do que nunca, nos devemos sentir! Na véspera do 1º dia de Dezembro de
1640, algumas dezenas de portugueses corajosos, reuniram-se para
combinar os últimos detalhes da revolução que iria devolver a liberdade a
Portugal ou, caso falhassem, os levaria ao degredo ou à decapitação. No momento presente, Portugal encontra-se sob dependência de credores
e burocratas estrangeiros, devido à irresponsabilidade de governantes
que endividaram o País, gastando o que tínhamos em investimentos que não produziram riqueza mas que permitiram ganhos a um número reduzido de privilegiados e que lançaram
muitos para o desemprego e pobreza.
(...)
Mas quero e creio que o ano que se avizinha seja um ano de esperança,
um ano de renovada afirmação dos valores que a Família Real procura
seguir. Valores de solidariedade. Valores de honestidade. Valores de
integridade e nobreza de carácter. Valores de liberdade contra os
opressores das nossas vidas e dos nossos bens. Valores que foram
erguidos bem alto em 1640 e que hoje gritam por uma nova Aclamação.
Viva Portugal!
O Chefe da Casa Real Portuguesa, Dom Duarte, Duque de Bragança
30 de Novembro de 2013
Financial system requires a more comprehensive reform agenda
«(...) a sounder, more stable financial system requires a more comprehensive reform agenda.
Governor Daniel K. Tarullo, «Shadow Banking and Systemic Risk Regulation» @ The Americans for Financial Reform and Economic Policy Institute Conference, Washington, D.C., November 22, 2013
Artes
"Assim
como a morte não a pinta senão quem morre,
nem
pode ser pintada senão vendo quem está morrendo,
assim
o trago que passam os que navegam de Portugal para a Índia,
não o pode contar senão quem o passa
nem
o pode entender senão quem o vê passar."
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
O Facto dos Argumentos
(...) [O facto de um terço das pessoas, nas sociedades ocidentais contemporâneas, terem mais de 60 anos, isso] é uma realidade nova, que nunca existiu, na história da humanidade (...), é uma realidade que impede que os governos possam admitir inflação (...). Essas pessoas não estão no mercado, não têm salários que possam subir para acompanhar a inflação. Portanto não têm tolerância a ela. E são pessoas que votam muito.
Paulo Moura in Público, 4 de Março 2012
(…) são os empregados
os únicos que podem pagar esse Estado, sendo também os únicos a
pagá-lo, de facto. Esta questão hoje é decisiva. (…) Celebrarei,
com confiança o dia em que o emprego subir, não o dia em que o
desemprego baixou (...) [por causa da emigração].
Daniel Bessa in Expresso,
16 de Novembro 2013 Imagens de Portugal
- «Fui admitida. Podia ir para
Roma ou para Estocolmo. Não sei porquê, escolhi Lisboa...»
- «É muito bonita, Lisboa»,
disse ele distraidamente.
(…)
Escolhera a sua habitação ao passear
uma tarde de barco na baía de Cascais. Avistara ao longe algumas
casas de pescadores construídas mesmo sobre os rochedos e
contemplara-as sonhando... Uma delas, particularmente, tentara-a,
com o seu terraço pintado de branco e azul. Uma vinha virgem,
entrelaçada de campainhas, trepava até ao telhado. Nessa mesma
noite fora vê-la. Bateu à porta com emoção. Uma mulher de idade
abriu a porta e conduziu-a até ao terraço. A umas dezenas de
metros mais abaixo estavam ancorados alguns barcos de recreio e
embarcações à vela. Ouvia-se o suave bater das vagas que
escorregavam por entre os rochedos. (…) O aluguer atingia quase
metade do seu salário. «Paciência ! Alugo!» pensou ela.
Mircea Eliade, Bosque Proibido,
338 (trad.Maria Leonor Buescu)
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Shaking up
«Real world
crises have a way of shaking up the intellectual foundations of
policy disciplines. Elements of received wisdom are undermined, while
certain heterodox or less mainstream views are seen as more valid or
important than had been widely recognized.»
Daniel K. Tarullo @ Yale Law School, Conference on Challenges in Global Financial Services, New Haven, Connecticut, September 20, 2013.
Inércias, confortos, pretextos, diferenças
"(...) os tempos não estão para inércias nem para confortos, nem para
encontrar pretextos do passado, ou diferenças no futuro, para não se
lutar, não pelas mesmas coisas, mas contra as mesmas coisas.
JPP in abrupto
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Ismos
«O
determinismo histórico é errado, pois apresenta a história como um
tempo finito cuja finalidade
é previsível, cuja essência
é determinável, cujo sentido
é exterior à consciência e cujo sujeito
é a humanidade como ente coletivo.»
Mendo
Henriques e Nazaré Barros in Olá,
Consciência!
Uma Viagem pela Filosofia, 244
Patrimónios
(...) a comunidade é coisa pública e não posse privada. Assim sucedeu com as garantias, magnas cartas, cortes, liberdades e forais que entraram no património dos povos ocidentais na idade média. Com a entrada na modernidade, os direitos individuais e sociais começaram a ser constitucionalizados e garantidos por órgãos de poder independentes nas revoluções liberais, a começar pela revolução francesa.
Mendo Henriques e Nazaré Barros in Olá, Consciência!, Uma Viagem pela Filosofia, 269
Pensamentos
(...) history is the equivalent of the scientist's laboratory.
Roger Hausheer, «Introduction» , Isaiah Berlin, The Proper Study of Mankind. An Anthology of Essays, Farras, Straus and Giroux Ed., NY, 1998, xxxiii.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Artes
Marítimas águas cavalgando |
Celeste e medonha arquitetura,
Pesada, enorme, inquieta,
Irado vento, escuras nuvens,
Encapelado o rouco mar
Em mil serras é estendido.
Vales abissais sulcando,
As marítimas águas cavalgando,
Essa massa inconstante, excessiva
A longa forte e escura onda,
Com escuma branca a barca vai cortando.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Para a explicitação do bem comum
A
legitimidade da representação do todo nacional deve situar-se
idealmente num plano mais profundo que o da facção e o da
ambição. A resposta a esta procura, atestada por muitos séculos,
comprovados os homens, é a hereditariedade. Além destes aspetos, soma-se também a preparação da pessoa do Rei para o desempenho de suas funções. Três das características fundamentais, intrínsecas e exclusivas do
regime monárquico para a explicitação do bem comum.
sábado, 2 de novembro de 2013
Há política além do espaço de confronto
O
cenário de transformação económica formulado para Portugal até
ao horizonte do primeiro quartel deste século implica-se
intensamente na qualificação das equipas de gestão, na
transferência de tecnologia que está disponível nos centros de
investigação para as indústrias e serviços e, não menos
importante, numa agenda política dirigida para o incremento dos
índices da qualidade de vida, isto é, elevar os níveis de
educação, de prevenção da saúde, de empregabilidade, de
participação cívica, de realização profissional, de iniciativas
empresariais qualificadas. Contudo, tal agenda só ganha pleno sentido numa
configuração político-institucional que veicule a afirmação de
consensos democráticos, distinguindo o que é essencial e o que é
supletivo, numa visão política mais longa, mais eficaz e
abrangente. Há política além do espaço de confronto das representações.
Democracia! Sem adjetivos.
NY Times |
A
democracia apresenta-se por diferentes formas nas várias nações.
Pode ser à inglesa ou à holandesa. Mas a democracia não é
republicana ou monárquica. Todavia, o sistema político, com uma
instituição apartidária, representativa da continuidade histórica
e do Estado, com uma mesa para a conversação e consenso democrático
sem a imposição dos ciclos eleitorais, podem dar frutos as políticas, porque essa instância expressa uma
perspectiva com alcance mais largo do que a crise. E este há-de
ser, a meu ver, em Portugal, um dos principais elementos decisivos de
resolução desta crise, pois se dispõe a olhar além dela.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Tese V
Manuel Botelho
|
Temos de
dispor na sociedade portuguesa uma instituição política cuja
função de representação se não confunda com objetivos
eleitorais. Importa também intensificar o investimento na produção
de pensamento estratégico, para a qualidade e a regulação
estratégica, para monitorização das políticas e para ativar
decisões. Sem esta convergência, institucional, política e estratégica,
fica o futuro condenado a ser uma repetição, com pequenas
variantes, do que foi o passado recente.
sábado, 26 de outubro de 2013
Artes
Nós, Gregos, acreditamos no perigo da solidão.
As paixões intensas tornam-se monstros
no negrume da consciência.
Mas se as partilhamos com amigos queridos,
humanizam-se e podemos então suportá-las.
Porque não convences Medeia a sair da escuridão
para junto de nós, antes que o seu coração rebente?
Eurípedes, Medeia
Babel
«A torre de Babel não foi destruída por inimigos (...). A
obra parou por um só e magno problema: a impossibilidade de comunicar.
Tudo se dividiu e desmobilizou. Deixou de haver propósito comum.»
Mendo Henriques e Nazaré Barros in Olá, Consciência! (p.220)
Mendo Henriques e Nazaré Barros in Olá, Consciência! (p.220)
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Ortodoxias I - Se fizermos as mesmas coisas não poderemos esperar resultados diferentes
Se há algo essencial no nosso modo de vida democrático é a nossa capacidade de inventar o amanhã, nas artes, nas ciências e nas políticas. Nem tudo podemos ou devemos tudo prescrever em democracia.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Da representação do Estado
A forma
republicana da representação do Estado tem sido defendida como o
modo singular do modelo democrático. Todavia, historicamente e no
presente, tal não corresponde à realidade, a monarquia
constitucional foi mais abrangente, mais representativa, mais
tolerante. Já no século XX lembremos Wiston Churchil, monárquico,
dos que com mais clareza, valor e sacrifício defendeu a democracia.
Democracia Real Portugal Real
(...) um rei é uma expressão do todo nacional reconhecido pelas diversas partes que confrontam políticas alternativas.
Mendo Castro Henriques
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Trabalho em progresso
(...) a dar à manivela da vida (...)
Almada Negreiros, Novembro, 1939 in 'Poemas', Assírio e Alvim 2001, 182
domingo, 13 de outubro de 2013
Liberdade, soberania, identidade, continuidade, pluralidade, coesão
A função de representação do todo nacional tem uma vocação identitária, evidencia a liberdade política, a soberania, a continuidade histórica, a pluralidade cultural e a coesão social.
Fica demonstrado, com estrondo, que a história dos portugueses requer um representante que permanece no próprio tempo geracional das pessoas e neutral relativamente aos partidos e ao poder económico.
Democrático
《(...) não há tabus em Democracia. Nem deve haver tabus sobre esta matéria [a questão monárquica].》
Manuel Alegre, 2006, na apresentação do livro "D.Duarte e a Democracia"
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