segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Da política como fonte permanente de frustação mas também de novos começos, de novas vias, de renovação de esperanças


   A ordem democrática do Estado, é poliárquica, tanto quanto possível equilibrada e descentralizada pela divisão de poderes. Apesar de suas difíceis equações e imperfeitos arranjos, para a florescerem as virtudes democráticas é necessário resistir firmemente ao progressismo utópico das elites revolucionárias e aos conservadorismos reacionários. 
Certo é que os atores políticos envolvidos pelo movimento das circunstâncias acabam sempre por desapontar, frustrando não somente as suas próprias e iniciais expetativas como as daqueles que são delas recipientes. Mas a política permanecerá sempre como fonte de novo começo, de novas vias, renovação de esperanças.
No caso presente, penso que se irá desbaratar para o País, em mera motivação consumista, o que nos sectores das transacionáveis tanto custou e custa a levantar, equilibrar as contas. Ainda nos meses próximos, pela fonte do BdP (1), tivemos novamente uma aproximação ao excedente comercial perante as importações. Desconfio que tal não sucederá num ainda hipotético governo multi-esquerdas-PS.
Recomenda-se a leitura de Daniel Bessa (2).

(1) No período de julho a setembro de 2015, as exportações de bens registaram um aumento de 3,2% (VHA) e as importações de bens uma diminuição de 0,3% (VHA). Houve um desagravamento do défice da Balança Comercial em 415,8 milhões de euros neste período.
(2) (...) "isto com consumo não é sustentável". "O caminho, é exportar, exportar, exportar".

sábado, 7 de novembro de 2015

A monarquia constitucional é a mais avançada forma política


    Será a relevância que atribuirmos à defesa de uma melhor democracia, de uma melhor sociedade e de uma política mais credível, que permitirá aos portugueses ultrapassar as convenções do preconceito republicano. Também o absolutismo ou o imperialismo napoleónico incorporaram ideais igualitários, assim como este regime republicano, mas com o nosso empenho a política portuguesa não haverá de converter-se ainda mais na profundíssima desigualdade social em que está instalada. A monarquia constitucional é a mais avançada forma política na política europeia, social, cultural e economicamente.
                                                                                    PFC

ExCertos


«(...) ninguém teria o menor respeito por um hipotético presidente da República: ele seria um permanente objeto de ataques. Não que o rei não seja atacado, mas é importante uma figura fora de qualquer partido, que não está manchada pela luta pelo poder, que não intervém nas decisões injustas e arbitrárias de muitos políticos
                                                                                Javier Marías

por Renato Nalini, Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, ex-Presidente da Academia Paulista de Letras, professor universitário, [https://renatonalini.wordpress.com/2015/11/06/e-viva-a-monarquia-2/]

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O Futuro tem um longo Passado





 Ainda somos herdeiros das grandes polémicas de modernização ao longo do século XVIII e das alternativas dramáticas que então se puseram no século XIX, somos herdeiros do triunfo do positivismo na sua expressão política e, tal como no século XIX, ainda coexiste uma ideia mítica de Europa, a Europa de Prometeu, a Europa Cristã, a Europa centro do mundo. Necessário, pois, se torna remontar a alguns dos preconceitos políticos mais vulgares e atuais, que têm impedido até a própria discussão relativamente à representação política, que mingua sem remédio.
O primeiro preconceito é determinista e historicista. Entendem algumas ideologias que a história tem um motor independente da ação humana pessoal, e com o autoritarismo e a violência operaram rupturas visando impor uma ordem pela força e pela demagogia, apresentando-se como síntese de um processo histórico, cuja consciência a si mesma se refere como última eminência de expressão social.
O golpe Republicano de 5 de Outubro de 1910 em Potugal é disto exemplo, pois havia mais liberdade de expressão e uma democracia mais ampla em comparação com o novo regime republicano. O segundo preconceito está na relação que se estabelece entre a noção de progresso e modernização com uma ideologia ou com uma forma política. No contexto nacional se promoveu constantemente o desenvolvimento social e humano pelas monarquias, sem exceção, independentemente das inclinações ideológicas de seu contexto, humanista e empiricista, absolutista ou liberal. A finalidade política que é o desenvolvimento humano (educação, saúde, empregabilidade) não se pode confundir com uma forma de regime, mas com a participação social que o regime permite.
Os positivistas, os republicanos e todos os progressitas do século XIX pensavam que Misericórdias, os Hospitais, os Teatros, mas também o ensino obrigatório, as estradas, o telégrafo, os comboios, a luz eléctrica, a livre expressão e a circulação de ideias, são acolhimentos e promoções de uma monarquia atuante e acolhedora do sentido do desenvolvimento social, traço que sempre pode confirmar-se pelas instituições criadas no antigo como no novo regime, antes e a partir de 1822, em consonância com as inquietações de época e com as dinâmicas europeias.
Mais humanistas, as monarquias sempre perseguiram esta finalidade última política, o desenvolvimento humano. Foram desde então elaboradas a introdução de novas técnicas, produções, saberes, a alteração relativa a estilos de vida com melhor saúde, higiene e projectos de vida em aberto, mobilidade social, aumento da literacia, que são produtos da ação humana a partir das instituições políticas, estas profundas alterações não são uma inevitabilidade.
Direitos, liberdades e garantias estavam acauteladas nas várias constituições monárquicas do século XIX (de 1822, 1826 e de 1838), sobretudo na Constituição que estava em vigor no dia 5 de Outubro de 1910, como por exemplo, o princípio da igualdade perante a lei (art. 10º CMP de 1838, § 12º do art. 145º CC de 1826 e art. 9º CMP de 1822), da separação de poderes (art. 35º CMP de 1838, art. 10º CC de 1826 e art. 30º CMP de 1822), a liberdade de opinião e de imprensa, “sem dependência de censura” (art. 13º CMP de 1838, § 3º do art. 145º CC de 1826 e arts. 7º e 8º CMP de 1822), a possibilidade de eleições de 3 em 3 anos ou de 4 em 4 anos ou ainda de 2 em 2 anos, para a Câmara dos Deputados (art. 53º CMP de 1838, arts. 17º e 34º CC de 1826 e art. 41º CMP de 1822), o direito de resistência “a qualquer ordem que, manifestamente, violar as garantias individuais” (art. 25º CMP de 1838), a liberdade de associação política e de reunião (art. 14º CMP de 1838), pois existiam partidos políticos, entre os quais o próprio partido republicano, funcionando completamente as instituições democráticas. De igual modo as Constituições Monárquicas consagravam que a soberania reside na Nação, “da qual emanam todos os poderes políticos” (art. 33º CMP de 1838 e art. 26º CMP) e que “a instrução primária é gratuita” (art. 28º nº 1 CMP de 1838 e § 30 do art. 145º CC de 1826), e “o ensino público é livre a todos os cidadãos” (art. 29º CMP de 1838, art. 237º CMP de 1822).1


 As ideologias que cindiram o passado do futuro serviram de suporte a uma abordagem revolucionária ao poder. A tentação de reduzir a complexidade da nossa vivência social a uma equação simples sempre produziu mais males que benefícios. E as presentes dificuldades de representação política resultam sobretudo de um discurso que não tem conseguido ser suportado pela realidade. É verdade que tem havido nos últimos anos, desde 2008, durante a última crise financeira internacional, um ajuste entre discurso e realidades económicas, mas ainda se fica longe do ajuste necessário para com as realidades sociais. As circunstâncias presentes apelam ao retorno do político para o primeiro plano discursivo onde sempre podemos encontrar motivação, maior claridade acerca dos objetivos das várias instituições do Estado, e introduzir uma instância que por sua própria natureza representativa, e independente, melhor concita, acolhe e evidencia os consensos democráticos. Se têm sido continuamente solicitadas à sociedade mudanças de comportamento, penso também haver ficado clara a necessidade de construir uma renovação dentro do próprio sistema político. Se a iniciativa política solicita mudanças de comportamento à sociedade, a sociedade também clama por um profundo câmbio político.

                                                                                             PFC

Nota 1 -  Vide Risco Contínuo, José Aníbal Marinho Gomes, 05.10.2015

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ExCertos



«(...) certeza tão grande (...) cada um aprova o que segue (...)» 

Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia, Diálogo I

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Frases

«Costa está pronto a fazer governo, baseado num acordo que ninguém viu, nem Presidente nem deputados. Nem o PS! Muito menos o povo.» in DN


Frases


http://www.esferadocaos.pt/pt/catalogo_detalhe_Novilatina184.html


(...) que sempre dês boa conta do teu ócio.

                             Diogo de Teive, Sentenças

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mendo C. Henriques - A ouver

https://www.youtube.com/watch?v=p-NrBcQuxfo

Frases



«A verdade factual, por muito que magoe as nossas convicções, não deixa de ser a única carta de marear que nos evita o naufrágio certo ao chocar contra os rochedos escondidos debaixo das nossa ilusões.»

                                            18 DE OUTUBRO DE 2015 00:01 VIRIATO SOROMENHO MARQUES

domingo, 18 de outubro de 2015

A estas gerações presentes




Antes de ser esta uma crise financeira e económica, estamos ainda mais profundamente inseridos numa crise da sociedade em que vivemos e da política que praticamos. Importa explicitar com clareza que se encontram, perante as gerações presentes, opções políticas fundamentais. Todos convergimos que o problema fundamental, que nos tem preocupado a todos, é político.

É necessária uma democracia aprofundada, eficaz e credível, no que se refere à representação da nossa unidade histórica, no que se refere à construção de mais alternativas e de mais consensos e no que se refere ao pensamento estratégico (proporcionando a constante abertura de oportunidades de realização social, ambiental e económica).

Quando a economia tem um crescimento insuficiente e não gera perspetivas de desenvolvimento económico, social e humano ou, dito de outro modo, quando as pessoas não têm oportunidade de trabalhar de modo a constituir família, quando dificilmente estão garantidos recursos necessários às políticas sociais, quando já não há motivação que mobilize vontades, quando a evidência dos factos contradiz as expetativas, quando em vez de emergirem alternativas renovadoras o fatalismo é imposto pela inevitabilidade, então instala-se uma séria crise política, mais profunda e mais grave do que todas as outras.

Requer-se, pois, uma acentuada descontinuidade. Se continuarmos a elaborar pelos mesmos modos não poderemos esperar um resultado diferente. A regressão da qualidade de vida e a depressão social, motivadas pela diferença entre as expetativas de há algum tempo e a situação presente, devem-se sobretudo a condições institucionais que asseguram tais resultados. Para exemplificar o dito leiam-se as recomendações apresentadas ao Banco de Portugal pela Comissão de Avaliação às Decisões e à Atuação do Banco de Portugal na Supervisão do BES SA difundidas no passado dia 4 de Junho.

Estamos coletivamente conscientes de que os recentes problemas se deveram à história recente não aprendida. Refiro-me ao período ainda anterior a 2008. Outros já haviam sofrido os efeitos do crédito fácil e das contas de sumir, como o leste asiático no final da década de 90. Arrumar as finanças, restringir o crédito, transparência nas contas e nos subsídios a atribuir foi então, como sempre será, o remédio para essas, digamos, euforias.

Obviamente, depois da época da dívida vem a época de contenção e, em meio de um processo de contenção não se pode prometer um futuro radioso. Caso contrário, seria ainda mais difícil travar adequadamente a despesa. Todavia, se tem havido reformas, elas não contêm ainda nem o ajuste institucional para que sejam verdadeiramente estruturais, nem tão pouco há oportunidade de participarmos na mudança para a qualidade de vida, não apenas porque o consumo - em quantidade - sofreu uma brusca retração, mas devido à necessidade efetiva e acentuada de mudança cultural.

Estamos, pois, num período que apela a uma profunda inovação. Estamos numa época de transição, para uma sociedade e uma economia diferentes, mas ainda sem um modo político e consoante com as aprendizagens feitas. E sem uma mudança vigorosa na nossa democracia, nada mais poderemos alcançar. Ficará o futuro condenado a ser uma repetição do que tem sido.

Vivemos em sociedades abertas, interdependentes, pluralistas e complexas, onde a previsibilidade é menor. Mas, além disto, se esta variada confluência cultural contribui para diminuir a pertença comunitária, então à democracia interessa a reestruturação necessária para coincidir nesta nova realidade.

Se as instituições entram em conflitos irreparáveis, então apresenta-se-nos um vazio de onde tem emergido descontentamento, descrédito e abstenção. Assim sendo, a forma democrática requer uma alteração de modo a que a representatividade nacional, e especialmente a representação do todo nacional, se reveja numa cultura democrática pluralista e numa instituição suficientemente abrangente, independente economicamente e independente das oscilações partidárias.

Não existindo, felizmente, lugar nesta complexa sociedade contemporânea para uma hegemonia de algum grupo social, a Instituição Real é, para a maior multiplicidade social e cultural, a melhor coesão. Entendo que as grandes transformações são aquelas que operam por incorporação e não por exclusão. A estas gerações presentes no início do século XXI caber-lhes-á a importante decisão sobre o modo político que representa Portugal como um todo, que mais garantias tem dado de desenvolvimento humano e de equilíbrio de poderes, pois é uma mesa permanente de conversação, a voz do consenso democrático e dos objetivos comuns à democracia. Grandes transformações procedem por incorporação e não por exclusão.

Quando o discurso se não adapta às circunstâncias


“Each case is unique, of course. But the inability of coalitions to suppress revolutionaries in France, Russia, and now the Middle East stems from three common forces: disinterest, disunity, and discourse.”


sábado, 17 de outubro de 2015

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


UN Photo/Riccardo Gangale 
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza celebra-se a 17 de outubro. A data foi comemorada oficialmente pela primeira vez em 1992, com o objetivo de alertar a população para a necessidade de defender um direito básico do ser humano. 
Antes, a 17 de outubro de 1987,  Joseph Wresinski, o fundador do Movimento Internacional ATD Quarto Mundo, convidou as pessoas a se reunirem em honra das vítimas da fome e da pobreza em Paris, no local onde tinha sido assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao seu apelo responderam cem mil pessoas. 
A erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de desenvolvimento do milénio, definidos no ano de 2000 por 193 países membros das Nações Unidas e várias organizações internacionais.
Neste dia dá-se voz aos pobres e unem-se esforços para acabar com a pobreza.

Pobreza em Portugal

Em Portugal, o número de pobres e de pessoas que passam fome tem vindo a aumentar, em resultado da crise. As instituições de apoio e caridade social têm registado um aumento significativo do número de pedidos de apoio por parte das famílias portuguesas.
Segundo dados revelados pela Rede Europeia Anti-Pobreza, 18% dos portugueses são pobres. De acordo com esta organização, o número europeu que serve de referência para definir a pobreza equivale a um vencimento mínimo mensal de 406 euros.
Portugal surge na 141ª posição do top dos países mais pobres do mundo, com um PIB (PPC) per capita de 23,185 dólares. 

Pobreza no mundo

Dados revelados pelas UNESCO indicam que 842 milhões de pessoas continuaram a sofrer de fome crónica entre 2011 e 2013.
A pobreza está a diminuir a uma taxa sem precedentes. Em 1990, 43% da população mundial vivia em pobreza extrema, com menos de 1,25 dólares por dia. Este número reduziu para 21%, mas há ainda muito trabalho pela frente, especialmente no continente africano.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Haja Memória

«(...) os direitos, as liberdades e as garantias que estavam acauteladas nas várias constituições monárquicas do século XIX (de 1822, 1826 e de 1838), sobretudo na Constituição que estava em vigor no dia 5 de Outubro de 1910, como por exemplo o princípio da igualdade perante a lei (art. 10º CMP de 1838, § 12º do art. 145º CC de 1826 e art. 9º CMP de 1822), da separação de poderes (art. 35º CMP de 1838, art. 10º CC de 1826 e art. 30º CMP de 1822), a liberdade de opinião e de imprensa, “sem dependência de censura” (art. 13º CMP de 1838, § 3º do art. 145º CC de 1826 e arts. 7º e 8º CMP de 1822), a possibilidade de eleições de 3 em 3 anos ou de 4 em 4 anos ou ainda de 2 em 2 anos, para a Câmara dos Deputados (art. 53º CMP de 1838, arts. 17º e 34º CC de 1826 e art. 41º CMP de 1822), o direito de resistência “a qualquer ordem que, manifestamente, violar as garantias individuais” (art. 25º CMP de 1838), a liberdade de associação política e de reunião (art. 14º CMP de 1838), pois existiam partidos políticos, entre os quais o próprio partido republicano, funcionando completamente as instituições democráticas. De igual modo as Constituições Monárquicas consagravam que a soberania reside na Nação, “da qual emanam todos os poderes políticos” (art. 33º CMP de 1838 e art. 26º CMP) e que “a instrução primária é gratuita” (art. 28º nº 1 CMP de 1838 e § 30 do art. 145º CC de 1826), e “o ensino público é livre a todos os cidadãos” (art. 29º CMP de 1838, art. 237º CMP de 1822), tendo alguns destes direitos e liberdades, sido retirados aos portugueses nas duas primeiras repúblicas (...)» @ Risco Contínuo, José Aníbal Marinho Gomes, 05.10.2015

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mais uma e outra vez fica claro a falta que nos faz a Instituição Real


Mais uma vez fica clara nesta situação política de que é necessária uma democracia aprofundada, eficaz e credível. Mais uma e outra vez fica claro a falta que nos faz a Instituição Real, no que se refere à representação da nossa unidade histórica, e como mesa independente de permanente conversação e construção de alternativas e de consensos. PFC

Bom Senso versus Sede pelo Poder

«Não se pode governar a qualquer preço e de qualquer maneira»
Foto de Alberto Frias

Em entrevista à RTP, o eurodeputado deixou clara a sua divergência com o líder socialista quanto à hipótese de um Governo à esquerda: “Pagaremos um preço muito elevado por isso”, alertou. Admitiu poder candidatar-se à liderança, mas apenas “em condições excecionais de que estamos ainda muito longe”, disse.

Democracia - Há um Quarto Poder (algo difícil de entender para alguma esquerda utópica)



«Entrei para um jornal em 1989. Não me recordo, nestes 26 anos, de ter alguma vez sentido um ar tão difícil de respirar no pluralismo informativo. Sentiu-se na campanha eleitoral, com uma vergonhosa parcialidade em quase todos os órgãos de comunicação social, e continua a sentir-se agora, com um cerco a um processo negocial legítimo, onde é quase impossível ouvir na televisão alguém a defender esta solução. Carlos Silva e Sérgio Sousa Pinto foram transformados nas mais relevantes figuras do Partido Socialista, deixando para segundo plano figuras secundárias como Carlos César, Ferro Rodrigues, João Soares ou António Arnaut.»

Daniel Oliveira
in Expresso Diário, 14/10/2015

domingo, 11 de outubro de 2015

Melhor Política e Melhor Representação

     Os portugueses estão mais pobres ou estão a empobrecer, ou são demasiado velhos ou são jovens que não encontram oportunidades, que querem andar para a frente e têm um País a ajustar-se no macro-económico mas sem esperança para o dia seguinte.
     Em primeiro lugar é preciso reconhecer que o contrato social é a fonte mais clara do poder político. E ele tem vindo a desfazer-se. O contrato social é o suporte de todas as comunidades políticas através dos tempos. É ele o bem-comum por excelência que se não projeta sem uma visceral ligação com o poder político. 
    A situação gerada pelas últimas eleições contém aspetos novos para a democracia portuguesa, sem comparação com o passado dos últimos quarenta anos. Há um movimento informal que está a desenvolver-se no âmbito nacional e internacional. É a crise da democracia que está à vista, um dos últimos aspetos de soberania a não perder. Se nem o euro apresenta as convergências sociais prometidas... A possibilidade de dispor o dinheiro para investimento no crescimento com as empresas, como o estão a fazer recentemente a Tailândia e a Noruega, e sem que a sua inflação sofra alterações, na zona euro tal não é possível, senão ao abrigo de programas que não são pensados para Portugal. Medidas que o último relatório do BP relativamente ao crescimento previsto para 2015-2017 a tal aconselharia. 
  PFC
                                                  vide http://estatuadesal.com/category/artigos/pacheco-pereira-artigos/

Sem comentários


Ouvir comentadores assegurando que a coisa que se prefigura é normalíssima, parece-me delicioso, que dão como exemplos perfeitos as coligações, muito elogiadas por eles na medida em que funcionam, que existem nessas paragens do Norte da Europa. Esquecem-se, contudo, duma pequena diferença: em quase todos esses Estados, vigoram monarquias; as quais, não sendo uma sombra do que foram, têm ainda nos seus reis e nas suas rainhas, apesar das limitações a que hoje estão sujeitos enquanto Chefes de Estado, as altas referências orientadoras.   
                                            adapt de João Marchante 10.10.15

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Atualidades




Os atores políticos envolvidos pelo movimento das circunstâncias acabam sempre por desapontar, frustrando não somente as suas próprias e iniciais expetativas como aqueles que foram delas recipientes. Mas a política permanecerá sempre como fonte de novo começo, novas vias, renovação de esperanças. Os ciclos políticos duram aproximadamente dez anos e nem sempre coincidem com a representações democráticas que lhes deram início. Assim, temos diferentes partidos a percorrer os mesmos princípios de governança e poucos são os partidos que possuem compromissos além de sua imaginação política (PSD/PS/CDS). 
 
Porém, é a própria representação democrática que está a ser contestada com especial veemência, e especialmente em dois vetores. Primeiro vetor, por supostamente defender outros interesses que não os do bem-comum. Segundo vetor, o facto das assembeias representativas terem o poder de se atribuirem a si mesmas privilégios, aumentos, recebimentos pelo voto arrecadado, etc. Esta reclamação está generalizada, mas é pelas margens que cresce e em todas as democracias, fazendo subir ora os níveis de abstenção ora a conflitualidade extremada. 
 
As consequências da crise financeira puseram em causa as políticas económicas que vinham sendo seguidas e criaram oportunidades para mover o centro de gravidade de forma significativa para a esquerda. Mas sem que a esquerda, contudo, tenha sido apta a convencer suficiente eleitorado de que suas políticas económicas são possíveis, por não serem claras, capazes de renovação ou mesmo viáveis. Nem tampouco geraram energia para atrair num só pólo um grande número de jovens nem encorajaram os indecisos a tomar outro caminho devido ao peso que transportava o principal partido da oposição em termos de condutas ilícitas no passado recente.

O sucesso da esquerda deveu-se mais ao protesto informal anti-políticos que se tornou a marca atual das mudanças políticas na Europa.

Entre as razões mais claras deste desvio é a tendência para o equilíbrio das políticas que têm vindo a ser seguidas e o discurso defensivo que se arraigou no centro desde há muito tempo.(cont.)
                                                                                                                                                                                                                                                                PFC

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Por uma democracia melhor



   Será a relevância que atribuirmos à defesa da democracia, de uma melhor democracia, de uma melhor sociedade e de uma política mais credível, que permitirá aos portugueses ultrapassar as convenções preconceituosas do republicanismo. Também o absolutismo ou o imperialismo napoleónico incorporaram ideais igualitários, assim como esta democracia republicana, mas a convivência democrática portuguesa não haverá de converter-se ainda mais na profundíssima desigualdade em que está instalada, pois a monarquia constitucional é a mais avançada forma política e social presente na política europeia.
  A ordem democrática do Estado, poliárquica, equilibrada e descentralizada, pela divisão de poderes, apesar de suas difíceis equações e imperfeitos arranjos, proporciona mais garantias sociais, económicas e políticas do que qualquer ideário de época. Assim é que, como recentemente escreveu André Azevedo Alves, «(...) tanto no terrorismo de Estado que caracterizou boa parte da 1ª República como no caos e excessos revolucionários do PREC, a preservação da liberdade em Portugal só foi possível pelo enraizamento profundo em boa parte da população de valores, crenças e preconceitos – a favor da propriedade privada ou da fé católica, por exemplo – que a levaram a resistir firmemente ao progressismo utópico das elites revolucionárias.».
                                                                                                               PFC

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Sem Comentários



«Politics always in the end disappoints and frustrates. But it is also a perennial source of hope, imagination and new beginnings. Those of us committed to progressive politics need to begin to explore what such a new beginning might look like.» 
                                             Andrew Gam @ Social Europe 06 Out

terça-feira, 6 de outubro de 2015

World Economic Outlook - Legacies, Clouds, Uncertainties 06 October 2014


http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2014/02/http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2014/02/


 «No World Economic Outlook (WEO) divulgado hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém as previsões do WEO de abril para o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) da economia portuguesa para 2015 e 2016 (1,6% e 1,5%, respetivamente). As previsões do FMI sobre a taxa de desemprego em Portugal são de 12,3% para 2015 (valor revisto em baixa em 0,8 p.p. face às previsões do WEO de abril de 2015) e 11,3% para 2016 (valor revisto em baixa em 1,3 p.p.).  

Relativamente ao saldo da Balança Corrente em percentagem do PIB, o FMI prevê um valor de 0,7% para 2015 (valor revisto em baixa em 0,7 p.p.) e 1,6% para 2016 (valor revisto em alta em 0,6 p.p.). No que se refere à variação do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), o FMI prevê 0,6% em 2015 e 1,3% em 2016.» BP

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Permitting to them the choice


 (...) whereas it was formerly thought that the discipline necessary to form the character of youth was best given in the study of abstract branches of literature and philosophy, it is now thought that the same, or a better, discipline may be given by informing men in early years of things it cannot but be of chief practical advantage to them afterwards to know; and by permitting to them the choice of any field of study which they may feel to be best adapted to their personal dispositions.
                                              John Ruskin, Lectures on Art, 1870

domingo, 4 de outubro de 2015

Por outro lado

 







 «(...) a emigração não é um exclusivo nosso. No mesmo ano de 2014, 318 mil britânicos - três vezes mais do que os portugueses que emigraram - trocaram o seu país por outros lugares da Europa ou foram mais longe, para os Estados Unidos, por exemplo, ou para a Ásia mais florescente. Outros 427 mil deixaram a Alemanha só nos primeiros seis meses.»
                                                                                   JOANA PETIZ

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Duetos


As vias multiplicaram-se, já não existem caminhos únicos. Temos a liberdade de assumir os nossos valores e inventar novos. (...) A perplexidade surge quando descobrimos incoerências e contradições ou quando somos confrontados com um problema ao qual podem ser aplicados princípios conflituantes.

Mendo Henriques e Nazaré Barros, 2013





O que se faz hoje será o que haverá amanhã

Dantas Pereira, 1801


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Imagens de Portugal


«Gil Vicente influenced many great writersin Spain, notably Calderon and Lope de Vega, and...indirectly at least, this influence my have extended to Shakespeare ans Molière.»
                                             Aubrey F. Bell 

(...) é evidente o paralelismo entre certos passos de Gil Vicente e obras famosas de Molière, que dificilmente se explicam sem influência direta».
                                             J. Tomaz Ferreira

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Leituras ecléticas

«(...) time makes converts better than reason.»
 Thomas Paine in Commom Sense

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Finalmente... obrigações do tesouro a cinco e dez anos, destinadas a investidores particulares


«O Conselho de Ministros aprovou nesta quinta-feira a venda de obrigações do tesouro a cinco e dez anos, destinadas a investidores particulares, com um valor mínimo de aplicação de mil euros e o máximo de um milhão de euros.
 
As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) terão, segundo uma explicação sumária da Ministra das Finanças, uma taxa de juro indexadas ao rendimento das Obrigações do Tesouro tradicionais, acrescida de um prémio, a definir de acordo com as condições do mercado em cada momento de emissão.
As OTRV vão ser admitidas na bolsa de Lisboa, pelo que poderão ser vendidas antes do prazo de vencimento (cinco ou 10 anos). Esta venda será feita a preços de mercado, pelo poderá potenciar ganhos ou perdas face ao valor dos títulos a cada momento.

Uma das vantagens dos outros dois produtos do Estado para investidores particulares é precisamente o de não implicar qualquer comissão no momento de subscrição e de resgate. Maria Luís Albuquerque, não se comprometeu com uma data para o lançamento do novo produto, que será colocado pelos bancos, mas garantiu que será feita a breve prazo.

A ministra garantiu ainda que o lançamento do novo produto “não tem nada a ver com a decisão de reembolso ao FMI”, nem acontece por “dificuldade de acesso de Portugal aos mercados internacionais, que não existem”. A este propósito, a ministra referiu que o financiamento do país tem sido a taxas de juro mais baixas e com “forte procura”.

O novo produto, a lançar pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), acontece numa altura em que os portugueses têm estacionados nas contas à ordem 36 mil milhões de euros. As baixas taxas de juro dos depósitos a prazo ajudam a explicar o valor recorde de dinheiro à ordem, muito dele sem qualquer rendimento ou com uma remuneração insignificante.
                                                                                                                Do Público

Web Summit reuniu 22 mil pessoas em Dublin no ano passado. Será feita em Portugal nos próximos três anos

«Lisboa venceu a candidatura para organizar as edições de 2016, 2017 e 2018 da Web Summit, uma das mais importantes conferências de tecnologia e empreendedorismo da Europa. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo Governo, numa cerimónia em Lisboa com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o fundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrave.»


Continuidade

Miguel Manso (in Público)

 A continuidade não é uma palavra fraca, a única instituição a representá-la de facto é a Instituição Real. A continuidade é uma expressão comumente usada em política, por primeiros-ministros, bispos e altos funcionários. A história diplomática portuguesa, por exemplo, tem realmente das mais impressionantes caraterísticas de continuidade. Se questionados os cidadãos acerca da continuidade, essa será uma palavra forte, das mais importantes nas referências dos assuntos políticos. Não se trata, a meu ver, de um efeito psicológico, mas da clareza de que, apesar das mudanças, pela sucessão de primeiros-ministros e outros políticos, sempre, ano após ano, em meio de crises e vendavais económicos, algo deve manter-se, os objetivos comuns sociais, comuns à democracia e ao sentido último de todas as instituições de Estado. E essa representação só poderá pertencer à Instituição Real, por independente. O Rei ou Rainha, a Instituição Real, é a rocha dessa continuidade, a mesa permanente da conversação plural, a voz da coesão.
                                                                                          PFC

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ExCertos


«Estou de acordo que Portugal deveria, em tese, ter como Chefe de Estado um Rei. A tradição do país, que tem muito mais do que os últimos cento e cinco anos, assim o ditaria. (...) A Instituição Monárquica é a única que, longe das divisões partidárias, pode fazer a ligação entre o povo, o território e a identidade nacional (...)»

Fernando Carvalho

Imagens de Portugal

sábado, 22 de agosto de 2015

Poesia - Pequena Elegia de Setembro


Não sei como vieste,
mas deve haver um caminho
para regressar da morte.

Estás sentada no jardim,
as mãos no regaço cheias de doçura,
os olhos pousados nas últimas rosas
dos grandes e calmos dias de setembro.

Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,
Dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.

Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?

Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.

Eugénio de Andrade